O selecionador de futebol do Uruguai, Óscar Tabárez, entrou hoje em defesa de Luis Suárez, afirmando que o avançado cometeu uma falta, não cometeu um crime, por ter mordido um adversário no Mundial2014, no Brasil.
"Foi uma falta, uma transgressão à regra, não um crime", disse Tabárez, no estádio Maracanã, no Rio de Janeiro, comentando a dentada de Suárez no italiano Chiellini, que lhe valeu uma suspensão por quatro meses de toda a atividade ligada ao futebol e nove jogos da seleção, o primeiro dos quais no sábado, nos oitavos de final do Mundial, com a Colômbia.
Na opinião do selecionador, Suárez está a ser um "bode-expiatório", vítima de "assédio" e de uma campanha da imprensa.
"Eu não justifico nada, eu não digo que ele não devia ser sancionado, mas temos sempre, sempre - é assim entre ser humanos - de dar a possibilidade de falar àquele que comete uma falta", afirmou.
O técnico começou por avisar que ia dedicar a conferência de imprensa a falar sobre o tema. "É o assunto principal, aquele que ocupa os nossos espíritos, que nos atingiu", afirmou Tabárez, que esteve um quarto de hora a discursar e desapareceu sem responder a qualquer pergunta.
"Pensávamos que os dois [Suárez e Chiellini] seriam punidos", disse o selecionador, acrescentando que a delegação uruguaia "jamais acreditou" que o avançado do Liverpool pudesse ser julgado "com uma severidade tão excessiva".
Tabárez defendeu depois que a punição da FIFA foi muito influenciada pela comunicação social, sobretudo britânica, voltando a insinuar a existência de uma conspiração anglo-brasileira contra a seleção "celeste".
O selecionador falou de "assédio" contra Suárez e evocou "a teoria do bode-expiatório". "Se leram obras de psicologia sabem do que estou a falar".
"É perigoso proceder assim", acrescentou Tabárez, dirigindo-se à comissão disciplinar da FIFA e acrescentando que todo aquele que comete um erro tem direitos. "Após o episódio Chiellini-Suárez, vimos no Mundial coisas que não foram julgadas com a mesma medida", sublinhou, sem especificar.
Tabárez anunciou também que vai pedir a sua demissão dos cargos que ocupa na FIFA, nomeadamente na comissão estratégica.
Por fim, defendeu o homem Suárez, apesar do "erro que cometeu" e garantiu que o avançado não estará sozinho a enfrentar o que está prestes a atravessar.
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