Os britânicos decidiram: 51,9% disseram ´sim` ao Brexit, ou seja, saída da União Europeia. Este caminho vai ter certamente implicações políticas, sociais, financeiras e desportivas...
Numa altura em que se sentem as 'réplicas' de um ´terramoto` que chocou a Europa esta manhã, ainda se calculam as consequências de tal decisão poderá ter na mais rica liga do mundo: A Premier League.
No passado mês de Janeiro, Karren Brady, vice-presidente do West Ham, numa carta dirigida aos presidentes dos clubes profissionais britânicos chamou a atenção de que uma saída da Uniao poderia "ter consequências devastadoras".
A livre circulação - Esse princípio basilar da UE - permitiu aos atletas levar a vida no Reino Unido sem precisarem de grandes complicações burocráticas. Para os futebolistas que não pertenciam à 'Europa inclusiva' tinham que ser alvo de escrutinio de uma forma particular. Estavam obrigados a ter realizado alguns jogos pela sua seleção nacional.
Uma regra que é de leitura fácil refere que jogadores abaixo dos 18 anos estão proíbidos de se transferir para a Premier League, de acordo com o artigo 19 do Estatuto dos Regulamentos. Existem contudo três excepções: Se a mudança para Inglaterra não tiver a ver com razões futebolísticas, como por exemplo, caso os país arranjem emprego em Inglaterra, se os jovens viveram perto da fronteira do Reino Unido, ou se os menores tiveram idades compreendidas entre os 16 e os 18. De acordo com o ESPN, como é lógico, estas excepções já não valem com o Brexit, o que significaria que jogadores como Januzaj (Bélgica), ou Timothy Fosu-Mensah ou Cesc Fabregas nunca se poderiam ter transferido para uma Inglaterra fora da Europa.
O jornal inglês 'Independent' adianta que Martial, que custou uma verdadeira fortuna ao United no defeso passado, teria sido impedido de jogar na Premier League, caso fosse um extracomunitário.
A mesma publicação refere, que o governo britânico 'pode soltar as amarras', aliviando um pouco as regras, concedendo um estatuto especial aos jogadores que tenham origem na União Europeia. Contudo, os clubes britânicos vão ser obrigados a contratar jogadores internacionais que já estão de pedra e cal nas equipas nacionais e que em resultado desse estatuto vão custar muitos mais milhões aos clubes britânicos.
O jornal AS fez uma análise interessante dessa realidade. Apenas seis dos 31 jogadores espanhóis que atuam na Premier League poderiam jogar na Liga Inglesa, se o Reino Unido não estivesse incluído na União Europeia.
As regras ditam que os jogadores fora da UE têm que ter várias presenças internacionais nos últimos dois anos ao serviço da sua equipa nacional. Por exemplo, se a seleção do atleta em causa estiver entre os 10 primeiros colocados do Ranking da FIFA, este tem que ter disputado 30% dos jogos realizados pela equipa nacional nos últimos dois anos. Caso a seleção esteja entre a posição 31ª e 50ª do Ranking, os jogos a realizar sobem para os 75%.
Há quem defenda, no entanto, que o Brexit pode ajudar o futebol britânico. Gordon Taylor, presidente da Associação de Futebolistas Profissionais no Reino Unido, defende que a saída da União Europeia pode favorecer o florescimento de talentos ingleses nos principais emblemas e assim aumentar a qualidade da seleção.
Em relação aos direitos televisivos, considerado o 'poço de petróleo' da Liga Inglesa, a saída do UE pode ter implicações na futura legislação para venda dos direitos televisivos.
As consequências do referendo britânico também vão provocar mudanças nos clubes europeus. Os jornais espanhóis, AS e Marca já fazem contas à vida, uma vez que Gareth Bale, jogador galês do Real Madrid, vai passar no futuro a ocupar uma vaga de extracomunitário no plantel merengue, quando esses lugares já estão ocupados por James Rodríguez, Casemiro e Danilo.
Para já permanece a incógnita e as consequências reais do Brexit no futebol britânico e europeu só serão conhecidas nos próximos tempos.
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