De sorriso rasgado no rosto, olhar vivo e cativante, e uma camisola com o Liverpool já vestida, Jurgen Klopp deixa a sua primeira mensagem aos adeptos: “Temos de parar de ser descrentes e passar a ter fé. Agora!” Uma curta pausa e começa a rir-se sozinho. Pouco convencional, mas a transbordar carisma, o treinador alemão, de 48 anos, chega a Anfield Road sob a esperança de devolver o sonho a um clube histórico que se desviou do seu caminho nos últimos anos.

Uma massa associativa fiel, que semana após semana enche o seu estádio, vê agora no técnico com pinta de ‘rockstar’ a sua maior esperança de mudar a música destes 25 anos sem vencer a Premier League. O lema ‘You’ll never walk alone’ terá agora uma pronúncia germânica e uma promessa de futebol de intensidade máxima. Acima de tudo, com a paixão que faltava.

Na apresentação à imprensa esta sexta-feira, Klopp definiu-se como um “homem normal”, mas também reconheceu a expectativa que a sua chegada representa em Anfield Road: “Isto pode ser muito especial, se estivermos preparados para trabalhar por isso.” Na mente de todos está a identidade que o treinador conseguiu criar em Dortmund, onde reergueu o Borussia das cinzas desportivas para o tornar bicampeão e finalista da Champions.

De tudo o que se disse e escreveu sobre Jurgen Klopp, há apenas uma verdade: é um homem invulgar. Aliás, a sua carreira como jogador e treinador reflete bem isso. Foi jogador de um clube só, o Mainz, que representou entre 1989 e 2001. Se esta realidade é cada vez mais uma raridade, ainda mais insólito é ver um avançado de raiz tornar-se defesa a meio da carreira. Despediu-se com 52 golos em 337 jogos para logo assumir o papel de treinador. Não vestiu o fato por completo, pois é comum surgir ainda de fato de treino e boné em campo.

No Mainz ficou sete anos até se despedir em 2008, com a promoção do clube à Bundesliga. O próximo desafio chamava-se Borussia Dortmund, um emblema de elite que procurava superar uma grave crise desportiva e financeira. No Signal Iduna Park, construiu uma equipa de excelência e fez despontar estrelas na Alemanha. Hummels, Gotze, Gundogan, Lewandowski e Reus cresceram sob a sua liderança.

Foram outros sete anos em Dortmund. Sete anos marcados pelo sucesso da conquista de duas Bundesligas (2011 e 2012), uma Taça da Alemanha (2012) e três Supertaça alemãs (2008, 2013 e 2014), a juntar à presença na final da Liga dos Campeões de 2013, que deixou escapar no último minuto para o rival Bayern Munique, fruto do golo de Robben, que assinou o 2-1 aos 89 minutos. Sobre a dureza da derrota, Klopp foi transparente, como sempre: “Só posso dizer que foi fantástico. Londres é a cidade dos Jogos Olímpicos. O tempo estava bom, tudo estava OK. Só o resultado é uma merda.”

Disse adeus ao Borussia em lágrimas no final da época 2014/15 para uma anunciada pausa sabática. Tudo estava a correr nesse sentido até surgir o telefonema do Liverpool. Para um treinador com tanta energia, estar parado deixava de fazer sentido. Era tempo de voltar ao campo, de soltar o seu tão apreciado ‘heavy-metal’ sob a forma de uma equipa de futebol na cidade dos Beatles. Um futebol selvagem e em estado puro. Tal como Jurgen Klopp.

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