O Manchester United está a realizar o seu pior arranque de temporada dos últimos 30 anos. Uma tendência que se vem acentuando desde que Alex Ferguson deixou o comando técnico do clube, em 2013. Com a derrota no passado domingo frente ao Newcastle, os 'red devils' caíram para o 12.º posto e tem apenas dois pontos acima da zona de despromoção. A equipa não vence fora de portas desde março de 2019.
Sob as ordens do treinador escocês Alex Ferguson, o clube de Old Trafford sagrou-se campeão inglês por 13 vezes e, entre 1992 e 2013, nunca falhou um lugar no pódio. Nas seis temporadas desde a sua saída os "Red Devils" apenas por duas vezes conseguiram terminar nos quatro primeiros lugares.
A passagem de José Mourinho pelo comando técnico do clube disfarçou, de certa forma, esta quebra, com a turma de Manchester a conquistar a Liga Europa, a Taça de Inglaterra e a Supertaça Inglesa, terminando por uma vez no segundo lugar da Premier League, registo que o treinador português catalogou recentemente como um dos grandes feitos da sua carreira. Mas a crise instalou-se definitivamente sob as ordens de Ole Gunnar Solskjaer.
A derrota de domingo do United no terreno do Newcastle, por 1-0, deixou a equipa no 12.º lugar da Premier League, a 15 pontos do líder Liverpool. Uma distância inimaginável para um clube daquela dimensão ao fim de apenas oito jornadas.
A má série de resultados levou mesmo o guarda-redes David de Gea a pedir publicamente desculpas aos adeptos, reconhecendo estar a viver o período mais difícil desde que chegou a Old Trafford, em 2011.
"É complicado falar. Temos de pedir desculpa aos adeptos e prometer que vamos continuar a lutar. Sei que vamos dar a volta, mas neste momento estamos numa situação muito complicada," afirmou em declarações à 'Sky Sports'.
Solskjaer dispensou Lukaku e Alexis Sanchez e ficou... sem golos
De Gea talvez seja um dos menos culpados, visto que é no ataque que o United tem evidenciado maiores dificuldades. Falta criatividade ao meio-campo e eficácia na frente, como o comprovam os números. Os pupilos de Solskjaer apontaram apenas dois golos nos últimos cinco jogos e, recuando um pouco mais, só em três dos seus últimos 23 encontros conseguiram marcar mais do que um golo.
A decisão de deixar sair Romelu Lukaku e Alexis Sanchez para o Inter Milão de Itália sem contratar um substituto à altura está a ter consequências graves, com Marcus Rashford a acusar a pressão de ter de liderar a frente de ataque praticamente sozinho, dada a ausência do lesionado Anthony Martial.
Solskjaer lembrou, após o desaire ante o Newcastle, que o United se debate com uma considerável onda de lesões, mas sublinhou que tal não serve de justificação para as más exibições que a sua equipa vem realizando.
A formação de Manchester gastou várias centenas de milhões de euros em reforços desde a saída de Ferguson e tem a maior folha salarial entre todas as equipas da Premier League, mas nenhum dos quatro treinadores que desde então passaram pelo leme do clube foi capaz de impedir que a distância para os rivais Liverpool e Manchester City se fosse acentuando.
Notáveis criticam direção
Gary Neville, um dos jogadores que mais títulos conquistou pelo clube, afirmou que os dirigentes tinham de assumir responsabilidades, frisando que o United está a pagar caro as inúmeras más decisões tomadas no que toca à contratação de jogadores e à escolha de treinadores.
"Foram eles que levaram a que chegássemos a este ponto. São eles os responsáveis", lamentou Neville à 'Sky Sports'.
No passado mês de setembro, o vice-presidente executivo Ed Woodward, um dos mais contestados pelos adeptos, deu um voto de confiança a Solskjaer, mostrando-se renitente em relação a uma possível nova mudança de treinador.
O facto, porém, é que desde que o treinador noruguês assumiu as rédeas da equipa, em finais de março, o United totalizou apenas 17 pontos em 16 jogos na Premier League. O quarto pior registo entre as equipas que estiveram nas duas últimas épocas no escalão principal do futebol inglês.
O United continua a ser um dos maiores e mais ricos clubes do mundo, mas corre agora o risco de seguir as pisadas do Liverpool, que demorou largos anos a reerguer-se e a voltar ao topo depois de ter dominado o futebol inglês nas décadas de 1970 e 1980.
Comentários