Numa altura em que os clubes se preparam para se jogar as dez jornadas que faltam da Primeira Liga, é hora de recordar o que aconteceu nas 24 rondas anteriores. Antes do reinício da prova, interrompida no início de março devido a pandemia de COVID-19, o FC Porto lidera com 60 pontos, mais um que o Benfica. Os 'dragões' começaram mal, com uma derrota, foram vencer à Luz mas depois voltaram a escorregar até ficar a sete pontos do Benfica no final da Primeira Volta. Depois aconteceu a queda abrupta da 'água', em 'voo' picado para fora do trono.

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A prova também tem sido marcado pela luta acesa entre o Sporting e e o SC Braga pelo terceiro posto. Os minhotos estão muito fortes esta época e, apesar de terem mudado de treinador em três ocasiões, já venceram no Dragão e na Luz e já bateram o Sporting na Pedreira.

'Furacão' Benfica para a história

Ao final da primeira volta, tudo indicava que o Benfica ia continuar a passear classe rumo ao bicampeonato. Os 'encarnados' até nem começaram bem, ao perderem com o FC Porto em casa na 3.ª jornada mas depois partiram para um vendaval de 16 vitórias seguidas até terminara a primeira volta com sete pontos de vantagem sobre o FC Porto, o segundo colocado. Era melhor primeira volta de sempre num campeonato a 18 equipas.

A equipa de Bruno Lage bateu mesmo a recorde de vitórias fora de casa na liga portuguesa, ao somar 17 consecutivas (entre a época passada e esta), quebrando o recorde que pertencia a Rui Vitória e que vinha desde 2016/2017. Além disso, o Benfica bateu o recorde de pontos na primeira volta, desde que a vitória vale três pontos, superando o registo máximo fixado pelo FC Porto (47) de António Oliveira em 1996/97: foram 48 pontos em 51 possíveis para os 'encarnados'.

Um registo um pouco na linha do que aconteceu na segunda volta da época passada, quando Bruno Lage tomou conta da equipa. Apesar de ter perdido um pouco a vertigem atacante e de não golear com tanta frequência como fez na segunda metade da época 2018/2019, os 'encarnados' foram somando vitórias, como as alcançadas em Alvalade no final da primeira volta, e ainda o triunfo em casa do SC Braga.

Clássicos com sotaque do Norte

O FC Porto, que arrancou com uma derrota forasteira frente ao Gil Vicente, foi à Luz vencer na 3.ª jornada, mas os empates com Marítimo (1-1) e Belenenses SAD (1-1) deixou a equipa de Conceição mais longe do primeiro posto. A derrota caseira frente ao SC Braga no fecho da primeira volta, levantou sérias dúvidas sobre a capacidade da equipa em reagir, uma vez que estava a sete pontos do líder Benfica.

Mas, nos jogos grandes, a equipa de Sérgio Conceição tem emergido, mostrando que é preciso contar com ela. Para já, soma por vitórias os três jogos com os rivais Benfica e Sporting, depois de ter vencido o Sporting em Alvalade e o Benfica também no Dragão. A estes triunfos, soma-se a vitória na Pedreira frente ao SC Braga.

E 2020 tudo mudou

Quando parecia que o Benfica ia embalado rumo ao bicampeonato, 2020 colocou um travão nas aspirações das 'águias'. Os sete pontos de vantagem 'esfumaram-se' num instante: de uma liderança confortável, a equipa de Bruno Lage passou a correr atrás.

Tudo começou com nova derrota frente ao FC Porto no Dragão, na 20.ª jornada da prova. Os 'encarnados' continuavam na frente mas ficavam em desvantagem para o rival no confronto direto e viam a liderança presa por quatro pontos. A derrota na ronda seguinte, em casa, na receção ao SC Braga, fez soar os alarmes na Luz, mesmo com a equipa na frente da Liga, por um ponto.

A equipa de Bruno Lage sofreu para manter o primeiro lugar na ronda seguinte, frente ao Gil Vicente e viu-se afastada da Liga Europa frente ao Shakhtar Donetsk no mesmo período. Nas duas jornadas seguintes da Liga, os empates com o Moreirense em casa e Vitória de Setúbal fora deixavam o Benfica a depender de terceiros para ser campeão. O FC Porto saltara para a liderança na 23.ª jornada com um ponto de vantagem mas também viria a escorregar na ronda seguinte, ao empatar com o Rio Ave em casa, na mesma jornada em que o Benfica empatou frente aos sadinos.

Famalicão a surpreender, Sporting a 'patinar' e Aves em 'maus lençóis'

O Famalicão foi, durante muito tempo, a grande sensação da Primeira Liga. A equipa de João Pedro Sousa esteve em lugares de pódio durante várias jornadas, até perder o fôlego a partir de novembro. Nas últimas oito rondas, antes de a prova ser interrompida pela COVID-19, o Famalicão somou apenas um triunfo. Caiu para o 7.º posto com 37 pontos, os mesmos do Vitória Sport Clube.

Na luta pelo último lugar do pódio, o Sporting está a perder para o SC Braga. Os 'leões' voltaram a ter uma temporada atípica, já vão em seis treinadores esta época e isso reflete-se na classificação e nas vitórias. A formação de Alvalade conquistou menos de metade dos pontos que disputou.

Neste momento, o Sporting é 4.º com 42 pontos, menos dois que o SC Braga e já com 18 de atraso em relação ao FC Porto. A SAD liderada por Frederico Varandas deu 10 milhões de euros para contratar o jovem técnico Rúben Amorim ao SC Braga, numa tentativa de terminar com a melhor classificação possível.

A luta pelos lugares europeus está renhida. O Rio Ave é 5.º com 38 pontos, mais um que Vitória de Guimarães e Famalicão, os outros emblemas que parecem estar nessa luta, a par de 'leões' e 'guerreiros'.

Na cauda da tabela, o Desportivo das Aves parece condenado à descida, já que ocupa o último lugar com 13 pontos, menos três que o Portimonense, outra das desilusões da época. A formação algarvia apenas venceu dois dos 24 jogos que disputou na prova.

A nível individual, destaque para Pizzi, do Benfica, autor de 14 golos e oito assistências em 24 jornadas. Carlos Vinícius, do Benfica, lidera a lista dos melhores marcadores com 15 golos, seguido de Pizzi. Paulinho (SC Braga), Fábio Abreu (Moreirense) e Sandro Lima (Gil Vicente) somam dez tentos cada.

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