Dérbi que é dérbi é sempre um incógnita ao nível do resultado. Que o diga Álvaro Magalhães que marcou presença em vários desses sempre emocionantes encontros, tanto como jogador, como treinador.

O antigo defesa representou o Benfica durante nove temporadas enquanto jogador. Em 2004/05, como adjunto de Giovanni Trapattoni conquistou o campeonato nacional no primeiro título de Luís Filipe Vieira enquanto presidente das águias.

"Um dérbi é sempre um dérbi. Não há favoritismo, se bem que quem joga em casa tem sempre maior favoritismo, está em primeiro lugar, está moralizado, é líder sem contestação. Com o apoio dos adeptos que são realmente fantásticos e vão ser o 12.º jogador. O Benfica precisa de ganhar para manter a distância para os perseguidores."

"Um dérbi é sempre um dérbi. Não há favoritismo"

"Já o Sporting está já a uma grande distância do Benfica, e vai tentar dar o máximo para garantir o único resultado que lhes interessa: A Vitória. Mas normalmente não é nestes jogos que se ganham os campeonatos. Ganhando ajuda sempre. Mas as equipas costumam perder pontos com as equipa que não lutam pelo título. É um jogo em que o favorito acaba por não ganhar, acaba por acontecer isso", começa por nos dizer, antes de analisar a equipa de Rúben Amorim e recomendar cautelas à equipa de Roger Schmidt.

"O Sporting tem uma boa equipa, vem de um resultado menos conseguido e vai tentar dar o máximo para vencer o encontro. O Benfica tem que ter cautelas porque os leões a nível ofensivo são muito perigosos. O Sporting não tem vencido muitas vezes por culpa própria, mas há que dar mérito aos adversários, e também tem sido prejudicado. Mas este jogo é um jogo diferente. Os jogadores gostam destes jogos. No ano passado, o Sporting venceu o Benfica e os encarnados têm que estar precavidos para esta situação", disse, prosseguindo.

"O Benfica já esteve muito melhor [no início da temporada], mas está melhor porque está na frente e está confiante, sabe que vai ter um adversário que vai tentar complicar vida a Benfica. No ano passado, o Sporting taticamente demonstrou muita qualidade. Estou convicto de que o Roger Schmidt já está a preparar a equipa para se precaver a nível defensivo, porque o ponto forte do Sporting é mesmo a parte ofensiva. Defensivamente tem limitações, dá muito espaço e os adversários também aproveitam."

"O Sporting não tem vencido muitas vezes por culpa própria"

Questionado sobre quem está mais pressionado para ganhar, o antigo defesa considera que é o Sporting até pela distância que tem para o rival (12 pontos). No entanto, acredita que é a nível tático que uma equipa pode levar a melhor sobre a outra.

 "Penso que as duas equipas [estão pressionadas para ganhar], mais o Sporting porque não pode perder. O título está muito distante, o Benfica tinha que perder muitos pontos. Os leões sabem que têm que atingir um segundo ou um terceiro lugar. A equipa encarnada sabe que vai ter um jogo difícil, mas os jogadores vão voltar aos níveis de confiança porque esta paragem não foi benéfica, mas é sempre um dérbi. Pode não ser muito bem jogado, mas vai ter muita luta, dedicação, muito espírito de sacrifício. A equipa que for mais esperta taticamente é quem vai conseguir ganhar o jogo", referiu.

Muito tem sido elogiado este início de temporada do Benfica, apesar da equipa se encontrar agora num período menos fulgurante após a pausa para a realização do Mundial. O técnico considera que foi no meio-campo e no ataque que a equipa deu o salto em relação às épocas anteriores e daí também a superioridade demonstrada até ao momento no campeonato.

"Defensivamente tem estado muito bem, mas ofensivamente no contra-ataque com espaço, tem jogadores que têm feito a diferença. É o caso do Rafa, não sei como é que ele vai estar, vem de uma lesão. O [David] Neres também vem de uma lesão. Jogadores que antes do Campeonato do Mundo estavam realmente numa forma fantástica são jogadores que se desequilibram."

"Depois têm um meio campo que dá estabilidade à parte defensiva. Mas se o Sporting der espaço ao Rafa e ao Neres, depois o Gonçalo [Ramos] está com o pé quente, o próprio João Mário que aparece muito bem neste tipo de jogos. O Benfica pode aproveitar os espaços criados pela zona defensiva do Sporting e o Sporting vai tentar no contra-ataque criar problemas ao Benfica, que terá também que ter muitas cautelas defensivas para não ser surpreendido pela velocidade dos atacantes do Sporting."

"O Benfica pode aproveitar os espaços criados pela zona defensiva do Sporting"

Álvaro Magalhães também recordou os tempos em que disputou dérbis eternos, foram vários, nas nove épocas ao serviço do Benfica, entre 1981/82 e 1989/90. "É uma atmosfera muito emotiva. Nessa semana até nem falávamos muito do jogo. Os jogadores sabiam que era um jogo que tinha grande responsabilidade. Todos os jogos têm essa responsabilidade, mas esse jogo é diferente, com o estádio cheio, e essa pressão é saudável. A pressão de ganhar."

"Vão estar pela frente dois adversários de grande nível e por vezes a equipa que está em primeiro lugar é surpreendida. Eu cheguei a ser surpreendido na penúltima jornada do campeonato, com o Sporting a ir à Luz e a vencer (1-2), em 1985/86 e acabámos por perder o campeonato", recorda, antes de relembrar alguns dérbis que lhe ficaram na memória.

"Esse que nós perdemos o campeonato [85/86], um ano depois vencemos por 2-1 e ganhámos o campeonato (86/87). A minha estreia foi também num dérbi também a jogar a lateral esquerdo, com grandes jogadores em campo como o Manuel Fernandes, Nené, Manuel Fernandes. É mais fácil jogar contra grandes jogadores, do que jogar contra uma equipa que não tem objetivos. É nestes jogos é onde se demonstra quem tem capacidade para representar um clube grande como o Sporting, o Benfica ou o FC Porto", finalizou.