O FC Porto despediu-se da Liga 2016/2017 com uma derrota por 3-1 contra o Moreirense. Um triunfo que garantiu a permanência aos comandados de Petit. Com a derrota, os ´dragões` caíram no capítulo ofensivo e defensivo já que terminaram a época com o segundo melhor ataque e a segunda melhor defesa. Os melhores registos foram do Benfica.

O jogo: Moreirense mereceu ser feliz e ficar na I Liga

"Agora é o momento de nos sentarmos, de olharmo-nos nos olhos e ver o projeto". Foi dessa forma que Nuno respondeu à questão sobre a sua continuidade no FC Porto. E tem razões para tal. Numa época que era crucial para o FC Porto, os ´dragões` voltaram a falhar e terminam 2016/2017 sem qualquer troféu. A Liga, objetivo número um dos azuis-e-brancos, voltou a ficar nas mãos do Benfica numa temporada em que a formação orientada por Nuno Espírito Santo teve várias oportunidades de passar para a frente da Liga. Mas na hora da verdade, a equipa teima em falhar.

O jogo com o Moreirense foi também, em parte, um resumo daquilo que foi a época do FC Porto na Primeira Liga. Entrada morna, primeira parte sonolenta e reação no segundo tempo. Só que quando o FC Porto reage, já é tarde. Frente a uma equipa que lutava para não descer e que jogava a época toda neste encontro, Nuno apresentou a melhor versão do FC Porto, com exceção a José Sá que foi titular na baliza azul-e-branca, por troca com Casillas.

À entrada sonolenta do FC Porto respondeu o Moreirense com eficácia. Petit montou um onze para o contra-ataque, na tentativa de tirar partido de uma possível falta de rigor defensivo de uma equipa desmotivada. O primeiro tempo terminou com os de Moreira de Cónegos na frente, num jogo em que o FC Porto falhou pelo sector que tem sido mais eficaz ao longo da época: a defesa. No primeiro golo, é Reboucho quem centra para Boateng ganhar as costas a Alex Telles e cabecear certeiro. No segundo é Felipe que aborda mal a jogada e deixa Boateng isolar Frederic Maciel para fazer o 2-0.

Num FC Porto que foi mais reativo que ativo durante a época, Nuno tentou agitar as águas e evitar males maiores, apostando mais no ataque, com as saídas dos apagados Otávio e Herrera para as entradas de André Silva e Corona, estendo assim a equipa num 4-4-2. Passou a ter mais bola, a jogar mais perto da área contrária, mas sempre com pouco discernimento. Brahimi agarrava-se muito a bola, Otávio passou ao lado do jogo nos 45 minutos que jogou e no meio-campo só Herrera tentava levar a equipa para a frente. Soares, longe do que mostrou quando chegou ao Dragão, era uma presa fácil e perdia bolas de forma infantil.

Foi preciso o lateral Maxi Pereira ir a área para mostrar como marcar. Um golo de belo efeito, o terceiro da época. Por esta altura o Moreirense tremeu até porque o Tondela estava a vencer o Braga e, um empate em Moreira de Cónegos atirava a equipa de Petit para a segunda Liga. E como a tarde era de erros na zona defensiva do FC Porto, Boateng aproveitou uma má abordagem de Felipe num lance para entrar na área e servir Alex para o 3-1, numa altura em que os jogadores de Petit já estavam em inferioridade física. Aguentaram o 3-1, a manutenção, a primeira vitória sobre o FC Porto e a primeira sobre um ´grande` do futebol português, 14 anos depois.

No FC Porto a questão que se põe é se Nuno tem condições para continuar. Se ficar, não pode continuar a jogar um futebol de bolas longas diretamente dos defesas para os avançados. É preciso crescer e muito nas ideias de jogo, ter uma equipa mais sólida e mais eficaz no capítulo da finalização. No capítulo dos reforços, é aproveitar a prata da casa e apostar num avançado que faça a diferença. Se na Liga dos Campeões a equipa cumpriu, passando para os oitavos-de-final, na Taça de Portugal e Taça da Liga fracassou, tal como no campeonato onde era sua obrigação fazer mais e melhor.

Momento chave: Alex faz o 3-1 e ´mata` o jogo

Numa altura em que o FC Porto procurava o empate e já com vários jogadores do Moreirense em inferioridade física, Boateng ganhou a Felipe e deu em Alex que sentenciou o jogo, aos 82 jogos. Permanência fechada e segunda derrota do FC Porto na Liga.

Os melhores: Boateng marcou e assistiu, Maxi nunca desistiu

Boateng terminou o jogo com um golo e duas assistências. Na missão de levar a equipa para a frente, ´comendo` metros, foi eficaz. Muito da permanência do Moreirense saiu dos pés do avançado na noite deste domingo.

Maxi fez o único golo do FC Porto, num gesto bonito. O lateral foi dos poucos que se aplicou a fundo na tentativa de evitar a derrota. Não teve o devido acompanhamento dos colegas

Os piores: Otávio andou 45 minutos a passear, Felipe ´borrou` a pintura

Otávio esteve em campo 45 minutos, mas ninguém deu por ele. O jogo não contava muito para o FC Porto mas o brasileiro foi muito displicente e não teve qualquer ação de relevo no encontro. Andou em fintas inconsequentes, em passes difíceis que não deram em nada.

Felipe: errou no segundo golo do Moreirense ao não travar a jogada de Boateng. E voltou a errar no terceiro golo, ao falhar o corte e deixar a bola para Boateng assistir Alex. Os olheiros que estiveram a tomar notas sobre o central brasileiro não devem ter gostado do que viram. Nem eles nem os adeptos do FC Porto.

Reações

Nuno não sabe se fica: "Vamos sentar-nos e olhar olhos nos olhos"

Maxi: "Não podíamos desaproveitar contra Setúbal e Feirense"

FC Porto vaiado pelos adeptos no final do encontro

Curiosidades (by playmakerstats)

FC Porto termina a época com 55,1% de vitórias (27 vitórias em 49 jogos), o pior registo desde 2004/05, e o 2.º pior desde 1988/89.

O FC Porto sofreu a maior derrota da temporada. Foi a 1.ª vez que sofreu três golos num jogo frente ao Moreirense.

Segundo golo de Maxi esta época, ultrapassando o seu registo da época passada. Os seus três pelo FC Porto foram todos marcados fora de casa.

O Moreirense vence o FC Porto pela 1.ª vez em jogos do campeonato (14 jogos). Não ganhava a um dos chamados ´três grandes` do futebol português na Liga há quase 14 anos (Moreirense-Sporting, 2003).

Moreirense garante a permanência e faz história: pela 1.ª vez vai disputar a Liga em quatro épocas consecutivas.