Do Marão, chegou um aflito Chaves sem nada a perder. No Dragão, um FC Porto ferido da derrota em Alvalade desejava ansiosamente por regressar aos triunfos sob pena de comprometer as sempre inegociáveis aspirações de voltar a conquistar o campeonato.

Sérgio Conceição parecia adivinhar o resultado final quando na antevisão da partida cedo respondeu que 1-0 já seria um bom resultado. E terá sido. Mas certamente que o técnico portista preferia sofrer um pouco menos na conquista, sem dúvida muito importante, dos três pontos.

Perante a lamentação do treinador dos azuis e brancos face à ausência de 'superstars' no plantel, houve duas estrelas cintilantes que brilharam - e de que maneira - no adeus a 2023. Uma, de seu nome João Mário, que se vestiu de Taremi, Evanilson e Toni Martínez para mostrar com arte e mestria como se faz abanar as redes. Lá atrás, já começam a faltar palavras, Diogo Costa voltou a dar razão aos que defendem que os guarda-redes também dão campeonatos.

A resposta a isso, já se sabe, só chegará em Maio. Mas que o guardião portista tem sido um autêntico balão de oxigénio para a desinspiração azul e branca, disso não haja dúvidas.

Quanto ao Chaves, batalhou, foi acutilante quando podia e conseguia ser, mas não marcou. Não se pode dizer que merecia ganhar, mas há algo de que ninguém pode acusar a equipa transmontana: que esteve no Dragão o último classificado da Liga, na verdadeira aceção da palavra. Enorme réplica da equipa flaviense que colocou em sentido o mesmo FC Porto que está nos oitavos da Liga dos Campeões. Mas é futebol, e como se diz na gíria o futebol tem destas coisas. Fazendo jus ao célebre dizer popular transmontano: para lá do Dragão, quase mandaram os que lá não estão.

O(s) momento(s): O remate certeiro, a defesa monumental

Porque garantiu efetivamente três pontos, a escolha recai sobre a defesa de Diogo Costa ao remate de Jô Baptista. Houve outras, mas o facto de ter acontecido já no final e por se tratar, de facto, de uma defesa muito apertada, este acaba por ser um dos momentos mais decisivos da partida.

Por razões óbvias, destaque também para o golo de João Mário, que com um remate colocadíssimo ajudou a desemaranhar um jogo que se tornava cada vez mais difícil à medida que o tempo ia passando.

O(s) melhor(es): João Mário e Diogo Costa

Os melhores, para estabelecer alguma justiça ao que se passou dentro das quatro linhas. Evidentemente, João Mário. Pela forma como sacudiu a névoa de ansiedade que já se abatia sobre o Dragão ao atirar para o fundo das redes um remate colocadíssimo e cheio de intenção. Depois, ou antes, conforme queira o leitor, Diogo Costa. A defesa mais vistosa, e talvez a mais difícil, aconteceu já nos descontos. Jô Batista apareceu em boa posição, atirou sem mácula, mas estava lá, como tantas vezes esta época, um muro intransponível.

O pior: A desinspiração portista e um anúncio de uma saída inesperada

O FC Porto venceu, mas não convenceu. Sérgio Conceição tem razão quando lembra que o que conta são as vitórias, e são, mas também é sabido que qualquer equipa está mais perto de vencer quando joga bem. E verdade seja dita, este FC Porto está longe, muito longe, do nível exibicional de outras épocas - incluindo aquelas em que não foi campeão. As lesões, as saídas fulcrais como a de Otávio e Uribe ou a dificuldade de integração dos novos elementos podem servir de justificação, mas não apagavam o óbvio. A jogar assim, nem sempre haverá um Super(star) João Mário e dificilmente aparecerá a todo e qualquer instante um Super(star) Diogo Costa.

A fechar, uma nota para a saída de Fran Navarro, já em janeiro, confirmada em primeira mão pelo técnico portista no final do jogo. Taremi estará fora, na pior das hipóteses, até fevereiro. É certo que há outras opções no ataque, mas o que terá acontecido ao ex-avançado do Gil Vicente depois de duas épocas brilhantes ao serviço dos gilistas? Dá que pensar.

Vamos às contas?

Com este resultado, o FC Porto passa a somar 34 pontos, volta a estar a dois pontos do Benfica e iguala provisoriamente o Sporting, que só joga este sábado.

Já os transmontanos permanecem no último lugar (18.º) com os mesmos 10 pontos, a apenas 2 pontos do 15.º classificado, o Vizela.

Reações dos treinadores:

Sérgio Conceição: "Com futebol espetáculo e com um empate ninguém sairia contente"

Moreno: "Fica a sensação de que podíamos ter levado algo mais daqui. Criámos duas oportunidades na ponta final que podiam ter dado outro resultado"

Veja o resumo da partida