O míssil que saiu das botas de Jovane Cabral, corria o minuto 64´, foi o grito do ipiranga de um jogo de que podia ser arrumado indefinidamente numa estante.

As estatísticas não o desmentem, dois remates enquadrados para o Sporting Sporting contra a seis do Paços de Ferreira, um sinal de desinpiração coletiva.

Veja o resumo do encontro

A equipa de Pepa, em posição delicada na tabela (16.ª posição), veio a Alvalade com ambições, rejeitando o papel de mero espectador. Começou por dar iniciativa ao Sporting, mas aos poucos foi soltando das amarras e acabou o encontro em cima dos donos da casa.

Já os 'leõezinhos' de Rúben Amorim continuam a assimilar os processos do novo treinador, numa equipa de matiz cada vez mais jovem: Que o diga Jeremy Mathieu relegado para o banco, por opção técnica, sendo substituído por Eduardo Quaresma.

Matheus Nunes continua de pedra e cal no miolo leonino, e teve pormenores de encher o olho com vários passes para finalização. Quase no final da partida, deu ainda tempo para a estreia de Nuno Mendes de apenas 17 anos.

Na primeira parte, os verdes e brancos só por uma vez criaram real perigo, num lance de Sporar lançado por um passe adocicado de Vietto, mas que culminou em finalização desastrada. O argentino acabou por sair já perto do intervalo, tocado. Mais uma dor de cabeça para Rúben Amorim, que perde um dos baluartes da equipa.

Assente num bloco consistente lá atrás, a equipa de Pepa quando podia, não se envergonhava para sair na frente com a bola controlada. Aos 32´, podia mesmo ter inaugurado o marcador, mas Murilo fez o mais difícil.

A primeira parte terminava, depois de 45 minutos lúgubres...um reflexo das bancadas vazias e do silêncio sepulcral que contagiou o território leonino e quem o percorreu.

No segundo tempo, o encontro ganhou um novo ímpeto, com as duas equipas a querem imprimir uma maior dinâmica, através de uma circulação mais veloz. Jovane começou por abrir o livro, com jogada de craque depois de passar por um adversário, mas Sporar não soube aproveitar a oferta.

O inconformado caboverdiano haveria de ver o esforço recompensado. No lance que antecedeu o único golo da partida, a velocidade e o transporte de bola de Wendel só foi travado em falta. Na conversão, Jovane fez um golaço com a bola ainda a bater nos ferros antes de entrar.

O Paços ainda sonhou com o empate depois de uma grande penalidade assinalada. Pouco depois, com recurso ao VAR, Rui Costa acabou por reverter a decisão.

Os 'castores' não viraram a cara à luta e foram à procura da felicidade, mas tiverem em Luís Maximiliano uma barreira intransponível. Com o jogo completamente partido, Jovane ainda podia ter bisado, mas as suas intenções embateram no ferro da baliza de Ricardo Ribeiro.

Momento

Voilá! Quem mais...o livre de Jovane. Quebrou a monotonia de um jogo sem sal. Trouxe o espectáculo a Alvalade e valeu os três pontos ao Sporting.

Melhores

 Jovane

Mostrou-se em Guimarães, confirmou em Alvalade. Está num bom momento e com excelentes índices físicos nesta fase, depois de paragem prolongada devido à COVID-19. Deu velocidade à equipa, arrancou jogadas de encher o olho e foi premiado pelo golo. Homenageou George Floyd, ajoelhando-se pela memória do norte-americano.

Luís Maximiano

Fechou os caminhos da baliza na parte final do encontro, com um punhado de boas defesas. Demonstrou porque quer continuar a ser o número 1 das redes leoninas.

Douglas Tanque

Um poço de força, um autêntico furação que deu muito trabalho a quem lhe apareceu pela frente. Sempre virado para o jogo e de cabeça levantada. Podia ter sido feliz, já perto do final, valendo a defesa de Luís Maximiano, depois de um livre do jogador do Paços.

Reações

Amorim sobre a ausência de Mathieu: "Como eu disse, isto é uma linha, não interessa a idade"

Pepa: "O empate não era justo, era sim a vitória do Paços de Ferreira"