O Sporting venceu o dérbi para o campeonato por 2-1, com golos a abrir e a fechar a partida, ambos marcados por Geny Catamo. Depois de alcançar a final da Taça de Portugal em casa dos encarnados, os comandados de Rúben Amorim dão nova estocada no rival, deixando-os agora a quatro pontos, valor que poderá ser aumentado caso os leões vençam o jogo que têm em atraso.

Numa partida cheia de emoção e pautada pelo equilíbrio, o Sporting acabou por sair por cima e, à semelhança do que ocorrera com o Benfica no jogo da primeira volta, alcançar uma vitória ao cair do pano, e que constitui um passo muito importante rumo à conquista do título nacional.

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O jogo: O mesmo espetáculo, mas com herói improvável

Poucos dias após a partida para a Taça de Portugal, Rúben Amorim e Roger Schmidt tiraram ilações diferentes do que se passara na Luz. O técnico alemão, aparentemente satisfeito com a prestação dos seus jogadores, resolveu repetir o mesmo onze que começara essa partida.

Já Amorim terá identificado lacunas suficientes na sua equipa para fazer cinco alterações; Diomande, Esgaio, Nuno Santos, Bragança e Paulinho começaram no banco, sendo substituídos por St.Juste, Catamo, Matheus Reis, Morita e o regressado Pedro Gonçalves.

O treinador do Sporting prometera uma entrada forte da sua equipa em jogo, os seus jogadores, não só cumpriram com o prometido, como acrescentaram algo mais. 45 segundos de jogo, e perante a forte pressão leonina, António Silva fez um passe incompleto, aproveitado por Pedro Gonçalves; o extremo leonino entrou na área pela esquerda e cruzou, com Trubin a afastar diretamente para os pés de Geny Catamo que não se fez rogado e fez o primeiro da partida. Ainda os adeptos do Sporting acabavam de cantar o célebre 'O Mundo sabe que', e já gritavam golo nas bancadas de Alvalade.

Mas aqueles que achavam que o golo madrugador iria abrir caminho para um domínio leonino viram rapidamente tal cenário ruir. Apesar de estar em desvantagem praticamente desde o apito inicial, o Benfica não vacilou animicamente e procurou de imediato responder. Os encarnados tinham mais bola e mais iniciativa de jogo, perante um Sporting compacto e que nunca descurava as rápidas transições ofensivas.

Todavia, o maior caudal ofensivo das águias não se traduzia em verdadeiras ocasiões de perigo, Di María era o principal condutor do ataque, mas era sempre muito marcado pelos jogadores adversários, que não davam grandes possibilidades ao argentino de construir lances de perigo, obrigando assim muitas vezes a remates de longe que nunca incomodaram Franco Israel.

Mas, contrariamente ao que ocorrera na Luz, o jogo não tinha sentido único, já que o Sporting esteve sempre à procura de explorar o maior pendor ofensivo do adversário para encontrar espaço nas suas costas. Tal acontecia, impreterivelmente, por Gyokeres através de lançamentos em profundidade; aos 25 minutos o sueco fugiu pela esquerda e cruzou para Trincão, mas o remate acabou desviado por Otamendi, acabando por morrer nas mãos de Trubin.

Perante a incapacidade das águias em criar verdadeiras ocasiões de perigo, o aproximar do intervalo parecia antever que os leões iriam para os balneários em vantagem; contudo, e como através de bola corrida o Benfica não teve capacidade de ameaçar, foi através de uma bola parada que os encarnados chegaram ao empate; livre batido por Di María na esquerda e Alexander Bah a surgir ao segundo poste, cabeceando para o fundo das redes do desamparado Israel. 

Balanceado e motivado pelo golo em cima do intervalo, o Benfica começou a segunda parte em toada ofensiva, procurando explorar um eventual golpe anímico do adversário. Todavia os leões não terão acusado o golo sofrido de sobremaneira, tendo beneficiado da primeira grande oportunidade da segunda parte quando Gyokeres aproveitou um ressalto para desferir um míssil que apenas foi travado pela barra que, segundo dizem, ainda treme nesta altura.

Para tentar refrescar o meio-campo e quebrar as intensas linhas de pressão benfiquistas, Rúben Amorim fez entrar Daniel Bragança para o lugar do desinspirado Morita. Contudo os encarnados mostraram uma intensidade em tudo idêntica à demonstrada na Luz, criando muitas dificuldades para o Sporting conseguir sair a jogar; Amorim afirmara que a equipa tinha sido capaz de identificar lacunas do jogo da Taça, mas a capacidade de ultrapassar as linhas de pressão do rival não terá certamente sido uma delas.

Os leões cometiam muitos erros na saída de jogo e num deles estiveram muito perto de sofrer; 65 minutos e, após recuperação em zona adiantada, David Neres foi isolado por Di María; o brasileiro contornou Israel mas eis que surgiu Coates a cortar um golo certo em cima da linha.

Apesar do equilíbrio, as melhores oportunidades iam pertencendo ás águias, agora sim mais ameaçadoras; aos 81 minutos Franco Israel brilhou ao negar o golo a Di María após remate forte à entrada da área. Mas engane-se quem pense que os últimos minutos foram de sentido único. Apesar da maior urgência encarnada em chegar ao golo, os leões nunca tiraram os olhos da baliza de Trubin, chegando lá em menos ocasiões, mas com igual perigo.

Nos últimos minutos Daniel Bragança teve o golo nos pés em duas ocasiões quase consecutivas; primeiro viu o seu remate desviado por João Neves, e pouco depois falhou um desvio que parecia fácil à boca da baliza. Vendo o seu companheiro de equipa com dificuldades em finalizar, Geny Catamo resolveu mostrar como se faz.

No primeiro de seis minutos de compensação, o moçambicano aproveitou uma bola perdida após canto da esquerda do recém-entrado Edwards para fazer o golo da vitória verde e branca, e que fez o vulcão de Alvalade entrar em erupção.

Mesmo com este murro no estômago o Benfica não baixou os braços e lutou até ao fim, tendo beneficiado de uma oportunidade flagrante por Marcos Leonardo, que acabou desviada, mais uma vez, pelo incansável Coates, um dos melhores em campo.

Com muito esforço, dedicação e inspiração, o Sporting alcança um triunfo que se pode revelar fundamental na conquista do título. Já o Benfica, à semelhança do que ocorrera há quatro dias atrás, mostrou-se em muito bom plano, destoando as exibições um tanto cinzentas que fizera no passado recente, mas mais uma vez tal não foi suficiente para levar de vencida os leões, que assim têm quatro pontos de vantagem no primeiro lugar, e ainda com um jogo por disputar.

O momento: Um tiro e tudo explodiu

O jogo entrava em período de compensação, com Artur Soares Dias a dar mais seis minutos. Após um falhanço clamoroso de Daniel Bragança, o Sporting teve direito a um canto na esquerda; Edwards bateu na direção de Coates, mas a bola sobrou para Geny Catamo que, descaído na direita, rematou forte e cruzado, deixando Trubin pregado ao chão e cerca de 50 mil adeptos leoninos em verdadeiro delírio.

O melhor: Um Geny(o) do Catamo

Depois de ter começado no banco no jogo de terça-feira, Geny Catamo voltou à titularidade e justificou em pleno a aposta de Amorim; o ala moçambicano marcou os dois golos do triunfo dos leões, um logo no primeiro minuto, outro já em período de descontos.

Para além dos golos, Catamo foi sempre dos principais aceleradores da equipa da casa, especialmente na primeira parte, travando um duelo muito interessante com Frederik Aursnes, tendo-lhe arrancado um cartão amarelo. Muito voluntarioso a defender, Catamo nunca descurou uma oportunidade de explorar o um-contra-um, uma das suas principais armas, para causar desequilíbrios, sendo sempre um agitador do ataque verde e branco.

Depois de vários inconsequentes empréstimos, o internacional moçambicano parece ter encontrado o seu lugar na equipa de Rúben Amorim.

O pior: O nórdico sem norte

Casper Tengstedt foi o escolhido por Roger Schmidt para liderar o ataque do Benfica, tal como ocorrera no jogo de terça-feira para a Taça de Portugal. Todavia, e ao contrário do que acontecera nessa partida, o avançado dinamarquês não dispôs de qualquer oportunidade para marcar. O '19' encarnado procurou frequentemente descair para os corredores, por forma a abrir espaço para os colegas no centro, mas nunca foi capaz de ser a referência ofensiva encarnada e acabou facilmente anulado pela defesa do Sporting.

Sem surpresa, Tengstedt acabou por ser substituído por Arthur Cabral aos 71 minutos.

O que disseram os treinadores

Rúben Amorim, treinador do Sporting

Roger Schmidt, treinador do Benfica

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