O Benfica partiu para a época 2023/24 como favorito à revalidação do título português de futebol, mas teve de contentar-se com o segundo lugar, vítima de uma política de contratações falhada e da regularidade do Sporting.

Os ‘encarnados’ entraram com o pé esquerdo, ao perderem por 3-2 no Bessa, e, apesar de breves passagem pela liderança, resumiram-se a um papel secundário, o qual, ainda assim, abre caminho à nunca negligenciável Liga dos Campeões.

Num grupo repleto de jogadores consagrados e com dois campeões mundiais – os argentinos Otamendi e Di María -, coube ao médio João Neves desempenhar, com maturidade invulgar para os seus 19 anos, o papel principal da equipa treinada por Roger Schmidt, que terminou a época ao som dos assobios dos adeptos benfiquistas.

Um ano depois de se ter sagrado campeão nacional, mas já em perda evidente, por comparação ao início fulgurante da carreira em Lisboa, o técnico alemão foi penalizado pelos seus equívocos, tanto na escolha de um ‘onze’, como na construção do plantel.

Se houve posição em que o Benfica mais andou à deriva foi a de ponta de lança, consequência da saída de Gonçalo Ramos, que Musa, Tengstedt, Arthur Cabral e o reforço de inverno Marcos Leonardo não colmataram, mas a ausência do espanhol Grimaldo no lado esquerdo da defesa também foi muito sentida.

As atribulações começaram logo pela baliza e a forma como o guarda-redes grego Vlachodimos foi ‘trocado’, após o desaire no Bessa, por Trubin, ainda que ao ucraniano caibam responsabilidades menores no inêxito.

Otamenti e António Silva mantiveram-se no centro da defesa, mas o setor revelou-se menos sólido, pois o checo Jurásek e os espanhóis Bernat e Carreras não fizeram equecer Grimaldo.

Schmidt viu-se obrigado a adaptar o central brasileiro Morato e a desviar o multifacetado norueguês Aursnes do meio campo, que recebeu a contratação mais cara do futebol português, o turco Kökçü, que nunca justificou os 25 milhões de euros (ME) pagos aos neerlandeses do Feyenoord.

O regresso de Di María trouxe alguma da magia anunciada, mas foi Rafa que emergiu da mediania do ataque benfiquista, como o comprovam as 12 assistências e 14 golos no campeonato.

Depois da entrada em falso frente ao Boavista, o Benfica ganhou nove dos 10 jogos seguintes, incluindo as receções ao FC Porto (1-0) e ao Sporting (2-1), com dois golos nos descontos, de João Neves e Tengstedt.

O ‘onze’ de Schmidt subiu à liderança, em igualdade pontual com o rival lisboeta, mas rapidamente caiu, após empates seguidos com Moreirense e Farense, antes de nova série de sete triunfos ter selado o regresso ao comando, mas com o Sporting com um jogo em atraso.

Essa vantagem ‘artificial’ durou pouco tempo e a goleada sofrida no Dragão, por 5-0, quatro jornadas mais tarde, à 24.º, devolveu os ‘leões’ à liderança.

Os ‘encarnados’ ainda mantiveram a pressão possível sobre o comandante durante algumas semanas, mas hipotecaram em definitivo a revalidação do título ao perderem em Alvalade por 2-1, à 28.ª ronda.