Estádio do Bessa, 1 de março de 2008, 21ª jornada do campeonato português. Para alguns, parece que pouco tempo passou. Outros, os mais jovens, nem recordarão a experiência de assistir a um dérbi portuense, carregado de orgulhoso sotaque e coração "tripeiro".

Nos bancos estavam dois treinadores históricos. Do lado axadrezado, Jaime Pacheco, o timoneiro do histórico título de campeão nacional das "panteras" em 2001. Jesualdo Ferreira comandava as tropas azuis-e-brancas, que viriam a conquistar o terceiro título consecutivo.

Mais de seis anos se passaram desde o último dérbi da cidade do Porto para o campeonato e muita coisa mudou. O som do "Apito Dourado" gelou os corredores do Bessa e afastou das luzes da ribalta as "panteras", lançadas para as profundezas do futebol português por tempo indefinido.

Aquele que em tempos chegou a ser o primeiro clube da Invicta, o clube das boas famílias "fozeiras" e que gritava de peito cheio que o Porto tinha "mais encanto vestido de preto e branco" entrava num dos períodos mais sombrios da sua história centenária.

Depois de uma maratona de papéis e tribunais, a "pantera" reconquistou finalmente o direito de rugir entre os grandes. Com o tão ansiado regresso ao primeiro escalão, a cidade do Porto recuperou um dos seus eventos desportivos mais emblemáticos.

O FC Porto assume total favoritismo para a partida do Estádio do Dragão, marcada para as 20h15. Impulsionados por um forte arranque de temporada e por uma renovada fé dos adeptos, os comandados de Julen Lopetegui vão entrar em campo sabendo que apenas uma vitória faz sentido. Qualquer outro resultado será um choque, até porque, convém lembrar, o FC Porto vem de uma impressionante goleada no arranque da Liga dos Campeões.

Já os axadrezados fazem a curta viagem até ao Dragão sem o peso das expectativas mas com vontade de "surpreender", como garantiu Petit. Embalado por uma vitória na receção à Académica, o Boavista vai encarar a tarefa hercúlea de pontuar no reduto do FC Porto tendo em mente o sonho, para muitos utópico, do regresso de um "Boavistão".