O treinador do Sporting de Braga disse hoje estar mais preocupado com a segurança e bem-estar dos seus jogadores e das pessoas em geral em relação à pandemia da covid-19 do que com o futuro imediato do futebol.
Questionado sobre se o campeonato tem condições para ser retomado, Custódio Castro respondeu: "Não tenho pensado muito nisso, o importante para mim, neste momento, é que as pessoas estejam em segurança e não lhes falte nada, que possam estar em casa. Claro que estamos preocupados com os jogadores, mas o foco tem de ser o combate a esta pandemia, não tenho medo do que possa acontecer em termos futebolísticos".
O técnico, que falava à comunicação social em videoconferência a partir de casa, revelou ainda que tem aproveitado a paragem na competição para observar os adversários que os minhotos vão enfrentar nas jornadas que faltam e, também, jogadores que possam interessar para a próxima época.
"Ligo muito às rotinas. É muito importante saber o que vamos fazer a seguir. Levanto-me cedo, tomo pequeno almoço, faço o meu exercício, dedico algum tempo à família e depois à observação dos nossos comportamentos nas jornadas anteriores, às equipas que iremos defrontar quando isto recomeçar, na observação de jogadores que nos possam ou não interessar e na preparação da próxima época", disse.
O técnico considerou "natural que, com o tempo, a ansiedade vá aumentando" nos jogadores e em toda a gente ligada ao futebol, mas a mensagem que, neste momento, tenta passar é, acima de tudo, de responsabilidade social.
"Que sejam responsáveis e fiquem em casa porque não adianta ir bater palmas à janela às 22:00 e depois não acatarmos as indicações do Governo. Os jogadores têm sido excecionais, têm noção do que se está a passar e têm cumprido as normas. Tentámos que haja interação entre eles com videoconferências e vídeo treinos e, para já, com sucesso, mas sabemos que temos que estar muito atentos a essas situações porque não sabemos quando é que isto vai acabar", disse.
Segundo o técnico, "o Sporting de Braga estará preparado" para esse eventual regresso e "todas as equipas vão estar em pé de igualdade, todos vão estar prontos para disputar as jornadas que faltam, se assim acontecer".
O treinador, que assumiu o comando técnico do Sporting de Braga há pouco mais de três semanas após substituir Rúben Amorim, transferido para o Sporting, só fez um jogo na I Liga (vitória caseira por 3-1 sobre o Portimonense, na 24.ª jornada) e admitiu a dificuldade em trabalhar à distância com os jogadores.
"Não é fácil. A resposta está nesta videoconferência: novas tecnologias. Tento inteirar-me de como eles estão, costumo falar com quatro ou cinco por dia, serei sempre muito próximo dos jogadores, é a minha forma de liderar. Estou muito preocupado com eles, assim como com o bem-estar da minha família, é quase comparável", disse.
O técnico revelou que a partilha de alguns vídeos, "no fundo serviu para lhes deixar uma mensagem simples: já estamos com saudades deles. Que se continuem a preparar, que continuem fortes, que um dia eles vão regressar".
Custódio Castro disse ainda que Portugal pode ter precavido maiores problemas ao ter interrompido a competição em meados de março.
"Fala-se que o Atalanta - Valência [da Liga dos Campeões] se tornou num problema maior [da disseminação da doença] principalmente naquela zona de Itália. Não sei se parámos no tempo certo ou não, mas acho que conseguimos antecipar algo em relação a alguns países e penso que isso foi fundamental", disse.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 428 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 19.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 226.000 infetados, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 6.820 mortos em 69.176 casos registados até terça-feira.
Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
Em Portugal, há 43 mortes e 2.995 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que regista 633 novos casos em relação a terça-feira. Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.
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