O diretor-geral da DAZN Portugal diz, em entrevista à Lusa, que tem como objetivo estar no patamar entre 270 e 290 mil subscritores e ter uma estratégia de "identificar oportunidades de entrar no futebol nacional" nos próximos anos.
"Temos um parque médio nos últimos 12 meses de cerca de 270 a 280 mil subscritores pagantes, incluindo a nossa plataforma 'Over-the- top', ou seja, entre os operadores de distribuição [telecomunicações] e o nosso OTT", afirma Jorge Pavão de Sousa.
Quanto a objetivos de subscritores, "o objetivo é dentro deste patamar, entre os 270, 285, 290 mil", acrescenta.
Até porque "tenho consciência que para passar o patamar dos 300 mil subscritores" é preciso "ter futebol nacional" e "sem futebol nacional é muito difícil porque a relação de emocional" está dentro deste desporto, prossegue o diretor-geral da DAZN, grupo que comprou a Eleven.
"A minha preocupação é que eu e a minha concorrência, a SportTV, a BTV e os operadores consigamos trabalhar do ponto de vista de 'pricing' e 'packaging' produtos que sejam suficientemente atrativos para o subscritor em casa achar que há valor económico para pagar por esse pacote", defende Jorge Pavão de Sousa.
Um valor económico "que seja sensato e que não leve os clientes a irem para a pirataria, que acho que esse é outro dilema", salienta.
Quanto à estratégia de negócio, o gestor aponta dois eixos: um é "continuar a ter presença nos canais lineares dos operadores para uma estratégia mais de 'Over-the-top' (...), que é um desígnio do grupo da DAZN".
A outra é "uma estratégia de tentar ao longo dos próximos anos identificar oportunidades de entrar no futebol nacional, seja pelo tema centralização dos direitos [televisivos], seja pelo tema de algumas competições desportivas portuguesas de futebol e de outras competições em que podemos entrar e agregar valor do ponto de vista de enriquecer o portfólio e ter uma estratégia de monetização mais sustentável no nosso futuro", salienta Jorge Pavão de Sousa.
E aqui "há várias oportunidades", diz, admitindo que "claramente o futebol feminino é um eixo mais fácil de ser prosseguido".
Até porque a DAZN tem "direitos de futebol feminino globais" e os "direitos da Champions League feminina", argumenta o diretor-geral, que já teve conversas com a federação sobre os direitos interacionais da Liga Feminina de futebol.
"Temos talvez interesse em discutir de um ponto de vista um bocadinho mais sustentável", ou seja, sobre as maturidades dos contratos, já que em Portugal estas são mais curtas.
"O grupo DAZN quando entra numa perspetiva de trabalhar um produto quer trabalhar a longo prazo, ou seja, temos mais uma perspetiva de mercados americanos, onde os contratos são muitas vezes a 10 e 12 anos", um contrato de maior extensão que permite "ter um controlo maior sobre a capacidade de monetização desse conteúdo".
Questionado sobre se a Liga feminina de futebol pode ser uma oportunidade para a plataforma de 'streaming' de desporto, Jorge Pavão de Sousa admite que sim: "Pode ser um dos caminhos, [mas também] pode ser uma das taças", que teria "interesse em avaliar".
A plataforma tem como estratégia "consolidar o portfólio de conteúdos" que tem, "criar mais formatos e oportunidades" dos seus anunciantes "de uma forma mais integrada" de desenvolver a componente da área digital "de uma forma mais transversal", integrando a 'app' [aplicação] nos operadores, explica o diretor-geral da DAZN Portugal.
"Vamos ver ao longo desta época desportiva a minha 'app' integrada no ecossistema dos operadores, vai haver benefícios de parte a parte porque eu tenho mais conteúdo que só vai ficar disponibilizado na 'app'. Não quero fazer uma diferenciação pela negativa com os meus parceiros de distribuição", refere.
Além disso, a DAZN quer consultar e analisar as audiências de futebol até para ter "capacidade de fazer uma proposta de valor mais 'taylor made' [à medida] para clientes" com interesses mais específicos de desporto.
"É por aqui que queremos trabalhar nos próximos dois anos", afirma.
Relativamente a investimento da DAZN em Portugal, "do ponto de vista de estrutura de direitos é um valor sempre superior nos últimos anos a cerca de 45 milhões de euros".
O diretor-geral da plataforma em Portugal sublinha que tem um "acionista diferente" da sua concorrente, Sport TV.
"O meu acionista obriga-me a entregar rentabilidade. Ou seja, o meu compromisso é estabelecer o meu plano de negócios, executar o plano de negócios, ele não ter que entrar com suprimentos, ser autónomo nessa geração do plano de negócios", explica.
E enquanto isso acontecer "vou ter um acionista satisfeito", enquanto "a SporTV pode-se dar ao luxo, com os acionistas que tem, de entrar em modelos de negócio ou entrar na aquisição de direitos a um preço indeterminado porque os suprimentos surgem naturalmente, ou seja, alguém injeta capital para pagar o delta da monetização", prossegue.
"A minha grande dúvida é com estrutura acionista [da Sport TV] que existe atualmente com uma série de mudanças em curso: uma entrada de novo concorrente com a Digi, uma Altice aparentemente no mercado para entrada de um novo acionista, uma Vodafone que em Portugal é um castelo de Astérix porque ainda é dos poucos mercados" onde a operadora "tem presença nos conteúdos 'premium' de desporto direta via estrutura acionista", ilustra, admitindo que "nos próximos dois a três anos isto vai mudar".
O diretor-geral da DAZN Portugal admite que provavelmente será encontrada uma solução sobre este tema "no mesmo tempo da centralização" dos direitos audiovisuais das competições profissionais.
Jorge Pavão de Sousa trabalhou vários anos nas telecomunicações e recorda que antes de sair para o estrangeiro, ainda dentro do setor, a penetração de 'premium' desporto era de 22%.
"Quando regressei para lançar a Eleven, em 2018/2019", esse valor tinha recuado e "hoje em dia, "está volta dos 11%, 11,2% de penetração", conta.
Ou seja, em 10 anos "quebrou-se em metade a penetração do 'premium' desporto na base de 'pay TV'" e uma das razões é a pirataria.
"Tem vindo a aumentar e, provavelmente, não há uma concertação estratégica associada ao combate à pirataria", é preciso "criminalizar o acesso pirata aos conteúdos e educar", defende.
Porque a pirataria "vai danificar o valor do negócio futuro e, no limite, coloca em risco a indústria", adverte.
Quanto à proliferação de plataformas de 'streaming', o gestor considera que "as melhores vão sobreviver" e vai haver consolidação.
E poderá surgir maior flexibilidade de modelos de subscrição: "Eu gostava de ter modelos mais flexíveis de acesso ao conteúdo", admite.
Com a compra da Eleven, "ficamos integrados num grupo que tem presença global, tem uma operação de 'streaming' e uma 'app' que neste momento faz a distribuição de alguns conteúdos globais para cerca de 220 territórios", diz.
"Somos claramente um dos países do grupo DAZN que tem um portfólio de conteúdos mais rico", salienta, citando, entre outros, os direitos da Liga dos Campeões, da Liga Europa e a Conference League, apontando ainda a renovação da La Liga por cinco anos, a Premier League por mais três. "E agora a renovação da Bundesliga por mais quatro anos", acrescenta.
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