Continua a dar que falar o caso da criança que foi obrigada a despir uma camisola do Benfica para que pudesse assistir ao encontro entre o Famalicão e os Encarnados (1-0 para o Benfica) numa bancada destinada aos sócios da equipa da casa, em jogo da 6.ª jornada da I Liga.
Rapidamente o caso tornou-se viral, com muitas críticas aos ARD (assistente de recinto desportivo), por terem obrigado a criança a tirar a camisola Encarnada e a assistir ao encontro em tronco nu. O presidente da Liga, Pedro Proença, e o secretário de Estado do Desporto e Juventude, João Paulo Correia, foram algumas das personalidades que criticaram o incidente.
"Se queremos que o futebol seja uma festa para as famílias, temos de refletir quanto ao significado de uma criança ser obrigada a despir a camisola do seu emblema pelo simples facto de estar numa bancada onde a maioria dos adeptos torce por outro clube. Não é este o futebol que queremos", insurgiu-se Pedro Proença, nas redes sociais.
Já o Secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Correia, diz que o que se passou exige "o maior protesto", pelo que entende que "as entidades envolvidas têm de prestar esclarecimentos pelo sucedido".
"Esta criança foi vítima de intolerância implacável num estádio de futebol por parte de representantes do promotor do jogo. Foi ainda submetida à indignidade de ficar semidespida para que pudesse continuar a assistir ao jogo", justificou.
No seu sítio oficial, o Benfica também lamentou o sucedido, em comunicado.
“O Sport Lisboa e Benfica lamenta que num futebol que se quer cada vez mais inclusivo, capaz de trazer cada vez mais famílias para os jogos, adeptos com camisolas do Benfica, incluindo crianças, tenham sido obrigados a despi-las para poderem assistir ao jogo”, escreveu o Benfica, rematando: “Queremos um futebol diferente e todos temos de contribuir para isso”.
Mas opinião contrária tem Vitor Ramos, diretor de comunicação do Rio Ave. O dirigente dos rio-avistas utilizou a sua conta pessoal na rede social Facebook para recordar que um jogo de futebol é um evento privado, com regras próprias.
Vitor Ramos atira a responsabilidade para o pai da criança que, mesmo sabendo que era proibido adereços do clube visitante naquela bancada, levou o filho vestido com uma camisola do Benfica e não respeitou as recomendações feitas pelo Famalicão.
Eis a publicação de Vitor Ramos, diretor de comunicação do Rio Ave
"O caso da criança de Famalicão e um pai irresponsável!
Depois de já tanto vomitar ao ler tudo o que é notícia sobre isto, e de ouvir os abutres que gostam muito de aparecer nestas alturas popularuxas porque afinal o futebol até lhes dá jeito, vamos a factos:
1- Grande parte dos clubes adoptou a regra de proibição de entrada de adereços do visitante por duas grandes razões: a) segurança. Sim, segurança! Aquela palavra tão cara que exigem sempre aos clubes de futebol. Imaginem o que é termos uma bancada destinada ao visitado e de repente termos gente no meio com outras cores. Só quem nunca foi ao futebol duvida das escaramuças que isto gera. b) garantir ou pelo menos tentar que uma bancada destinada ao visitado seja mesmo para o visitado, lutando contra a invasão que estes visitantes costumam sempre tentar.
2- Ninguém obrigou aquele pai a ir para uma bancada de Sócios do Famalicão. Foi, porque quis.
3- Forçou a entrada no estádio, com um filho vestido com uma camisola do visitante. Não satisfeito com a indicação profissional do ARD (assistente de recinto desportivo), e como pai extremoso e responsável que é, tentou desafiar a autoridade e chamou um polícia. Polícia que fez o seu trabalho e alertou o pai de que tinha de cumprir as regras do promotor do evento.
4- É importante lembrar que um jogo de futebol não é um evento público. É um evento PRIVADO, sujeito a regras.
5- Como pai super responsável, tirou a camisola ao filho. Sim, foi ele que meteu a criança nessas condições, e fê-lo entrar assim no estádio à sua responsabilidade. Já lá dentro, desafiou a autoridade de ARD e Polícia, tentando vestir novamente a camisola ao filho.
Posto isto, está meio mundo a discutir um problema que não é problema, em vez de se discutir a qualidade da formação cívica em Portugal, a responsabilidade de certos pais (percebem agora porque não se pode deixar entrar certa gente, para certos locais? São capazes de tudo pelo "seu" Benfica, Porto, Sporting), e o constante desafio à autoridade e às regras que o português mesquinho tanto gosta.
Além de falta de cultura desportiva, falta imensa cidadania a este nosso povo.
E o que dizer do Governo e da Comunicação Social sobre isto? Vivemos mesmo tempos de hipocrisia e de populismo histérico.
Salve-se quem puder."
O desafio da sexta jornada da Liga foi vencido pelo Benfica, por 1-0, com um golo de Rafa, que permitiu que os ‘encarnados’ continuassem a lidera o campeonato em solitário, com o pleno de 18 pontos.
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