
O FC Porto voltou a sentir o sabor da vitória ao fim de dois jogos sem vencer, após triunfarem por 2-0 frente ao Arouca na 24.ª jornada da I Liga. Com este resultado, a equipa do Dragão está a três pontos - à condição - do Benfica e Sporting e vai somando argumentos pontuais para permanecer na luta pelo título.
Aquilo que os dragões mostraram dentro de campo não foi um futebol bonito, mas foi prático no que ao resultado diz respeito. A equipa de Martín Anselmi não foi particularmente feliz na construção, mas as qualidades individuais fizeram a diferença. Já o Arouca esteve sempre de cabeça erguida e foi, sem receios, em busca de uma esperança numa reviravolta. Contudo, a equipa da casa chegou a cometer alguns erros, que podiam ter sido ainda mais aproveitados pelos dragões, e pecou no capítulo da finalização.
O Jogo: Vencer sem convencer
A primeira grande surpresa do jogo foi revelada ainda antes do apito inicial. Para o espanto de todos, Anselmi apostou no regresso à titularidade de Marcano que já não jogava há 17 meses. Em contrapartida, os dragões sofreram um revés com a retirada forçada de Rodrigo Mora do onze titular, fruto das queixas físicas apresentadas durante o aquecimento.
A estrutura tática dos azuis e brancos manteve-se semelhante ao que Anselmi já nos tem habituado e o Arouca aproveitou tamanha incapacidade em sair a jogar. A equipa da casa foi à procura da bola, não se inibindo de mostrar as garras para fazer frente a um dragão que se acanhou após o golo. A aparente inicial vontade de se chegar à frente por parte do FC Porto desapareceu depois de Samu ter feito o 1-0, através de uma grande penalidade assinalada após um pisão de Fontán.
O FC Porto limitou-se a defender e preocupou-se a sair em profundidade, apostando em pontapés para as costas dos defesas do Arouca - que defendiam numa linha subida - que não chegaram a incomodar muito João Valido. Era notório que a equipa estava desconfortável, sem conseguir tirar frutos da criatividade de Fábio Vieira, que viria a ser o maestro do 2.º tempo assim que ganhou mais liberdade.
No lado arouquense, Jason foi um dos mais inconformados e tomou a iniciativa de mostrar toda a sua qualidade técnica, incomodando Diogo Costa com um remate à figura (26 minutos) e um chuto cruzado com pouca intensidade (31 minutos). No lado portista, um dos exemplos da exploração em profundidade aconteceu ainda antes dos 30' com Samu a 'bloquear' isolado na cara do guardião do Arouca, deitando por terra a possibilidade de alagar a vantagem. O Arouca ainda viu um golo ser anulado antes do apito para o intervalo.
No segundo tempo, o Arouca entrou em campo no modo 'tudo ou nada' e decidiu subir ainda mais o bloco para que o golo ficasse mais perto. Contudo, existiram também mais espaços para os dragões explorarem e procurarem chegar ao 2-0. O golo viria a surgir no momento em que a defesa arouquense estava em desequilíbrio com Fábio Vieira a avançar individualmente no lado direito. O médio fez o que mais gosta: puxar para dentro e rematar no ângulo para o fundo das redes.
O golo determinou uma diminuição no ritmo da formação da casa, ainda que tenham feito os dragões tremer aos 87 minutos. O Arouca avançou em contra ataque e um cruzamento para a cabeça de Mansilla colocou o esférico no fundo da baliza, mas mais uma vez o VAR estava atento e detectou uma falta no início da jogada. Assim, o FC Porto conquistou três pontos e colocou um ponto final no ciclo de oito partidas sem perder para Arouca.
Momento: Segundo golo do FC Porto
O segundo golo dos dragões sentenciou o encontro e deu uma machadada final nas esperanças arouquenses de que o resultado ainda podia ser favorável. Aos 77 minutos, o médio fez o 2-0 e a equipa só precisou de gerir o resultado até ao apito final. A partir daí, a moral do Arouca tremeu, tal como as pernas, e mesmo que a equipa da casa diminuísse a desvantagem, seria pouco provável que a vitória fugisse ao FC Porto.
Melhores:
A magia de Fábio Vieira
A maior diferença na qualidade dos forasteiros deveu-se essencialmente à mudança para o 5-3-2 com Eustáquio mais recuado no terreno, deixando Fábio Vieira com maior liberdade para avançar e chegar mais perto da área. A batuta estava nos pés do número 10, que mostrou que quando é ajudado pode ser o elemento diferenciador.
Jason, o motor do Arouca na 1.ª parte
Jason foi um dos melhores elementos em campo durante o primeiro tempo e sempre que o Arouca chegava com perigo à área azul e branca, ele estava lá. O espanhol é dotado de uma excelente técnica e mostrou-a nas várias situações que criou na primeira parte, ainda que tenha pecado na finalização.
Pior: Gonçalo Borges
Apesar de ter estado bem no lance do golo, Gonçalo Borges teve uma exibição para esquecer com decisões erradas e pouco inteligentes, perdendo a bola de forma imprudente em diversas situações. A continuar a jogar desta forma, é difícil que Martín Anselmi continue a apostar na sua titularidade.
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