Caso vença no domingo no Estádio da Luz, em Lisboa, o FC Porto assegura a conquista do seu 25.º título de campeão português de futebol e fá-lo pela segunda vez na história no terreno do Benfica.

Na remota época de 1939/40, os “Dragões” selaram o seu terceiro triunfo no campeonato, segundo consecutivo, com a vitória sobre o Benfica por 3-2 na última jornada, no campo das Amoreiras, antes da sua demolição para a construção do viaduto Duarte Pacheco.

À entrada para a 18.ª ronda, as “Águias” já estavam fora da luta pelo título, mas os “Dragões” tinham apenas um ponto de vantagem sobre o Sporting, que ia visitar o Barreirense.

Os adeptos do Sporting mobilizaram-se para apoiar os “rivais” lisboetas no “clássico” de 19 de Maio de 1940, mas de nada lhes valeu porque, além da vitória “azul e branca”, os “Leões” não foram além de um nulo no Barreiro.

No “clássico”, Sousa e Kordnya deram vantagem ao FC Porto logo na primeira parte. Teixeira reduziu para os “encarnados” depois do reatamento, mas Sousa assinaria o terceiro golo dos “Dragões”, antes de Teixeira “bisar”.

Para os “Leões”, comandados pelo húngaro Josef Szabo, ficou o prémio de consolação de terem sido os únicos a roubar pontos ao campeão, ao imporem a única derrota na prova ao FC Porto, orientado pelo também húngaro Mihaly Siska, no campo do Lumiar (4-3).

Mas a defesa do título de 1938/39 chegou a estar em risco para o FC Porto, porque nessa altura apenas os dois primeiros classificados do Campeonato do Porto tinham acesso ao Campeonato Nacional.

Na competição portuense, os “Dragões” foram punidos com uma derrota administrativa no jogo frente ao Académico, por ter ficado reduzidos a cinco elementos.

Além das expulsões, o encontro, que durou apenas 43 minutos, ficou marcado por uma agressão ao árbitro da partida, que saiu do terreno de jogo a sangrar e foi substituído por um juiz de linha.

«Dentro do rectângulo os jogadores esmurraram-se de todas as formas e feitios, com o mais solene desprezo pelas leis que regem o futebol», referia a revista Stadium na crónica do encontro, acrescentando: «Não há que acarretar culpas ao juiz da partida. Durante o tempo que dirigiu o jogo, foi sempre enérgico, reprimindo a tempo os destemperos».

Os regulamentos na altura não previam a penalização com derrota com esta inferioridade numérica, dando azo ao protesto do FC Porto por «erro técnico». Então, a Associação de Futebol do Porto ordenou a repetição do encontro, que os “Dragões” viriam a ganhar por 1-0.

No entanto, o Académico recorreu para a Federação Portuguesa de Futebol, que retirou a vitória aos “azuis e brancos”. Como estes entretanto já tinham perdido com o Leixões (2-1), caíram do primeiro para o terceiro lugar.

Os matosinhenses recusaram este título e, para resolver o imbróglio, a Federação Portuguesa de Futebol decidiu alargar o Campeonato Nacional para dez equipas, de forma a garantir a participação dos “Dragões”.

O FC Porto pode reconquistar o título na “casa” do Benfica sete décadas depois, fazendo a festa pela quarta vez nos estádios dos “grandes” de Lisboa, pois recentemente foi duas vezes campeão no terreno do Sporting, nas épocas de 1994/95, a quatro jornadas do fim, e 1998/99, à 33.ª e penúltima ronda.