Em mais uma noite de pesadelo no reino do dragão, o FC Porto somou a segunda derrota consecutiva no campeonato e complicou ainda mais a chegada à Liga dos Campeões. Não aproveitou os deslizes do Benfica e do SC Braga e viu o Vitória, adversário desta noite, ficar apenas a 2 pontos. Pepe foi expulso por protestos, com um vermelho direto, e apesar do espírito de entrega, os azuis e brancos terminaram a partida sob um coro de assobios. Estão a 13 pontos de distância para o Sporting (com menos um jogo dos leões) e somam menos 9 pontos do que o Benfica. A 6 jornadas do fim, isto não está fácil, FC Porto. Nada fácil.

Surpresas no onze: Namaso e Fábio Cardoso nos dragões, Kaio César no Vitória SC

Se lhe dissessem no início da época que a sete jornadas do fim do campeonato o FC Porto estaria a 13 pontos do primeiro lugar, provavelmente não acreditaria. Se para além disso lhe dissessem que seria o Sporting a estar nesse lugar, o nível de dúvida aumentaria. Afinal, nos últimos vinte anos o Sporting conquistou apenas um campeonato. A acrescentar a tudo isto, se lhe dissessem, ainda por cima, que na vice-liderança estaria o Benfica, a 9 pontos (mais um jogo, antes deste começar), a imaginação teria de ser cada vez mais fértil. Pois bem, o cenário era real. E como se não bastasse, a situação piorava com o facto dos dragões viajarem mais preocupados em olhar pelo retrovisor do que em tentar ultrapassar os que estão à frente, apesar de saberem que um triunfo os aproximava das águias, que tinham aterrado a pique em Alvalade.

E era precisamente com esse foco, não só, mas sobretudo esse, que os azuis e brancos entraram para a 28.ª jornada. Por outras palavras, pedia-se um verdadeiro discurso motivacional por parte de Sérgio Conceição, que na conferência de imprensa não podia ter sido mais claro: "A equipa ia disputar uma final das sete que faltam no campeonato", disse o técnico portista.

E tudo porque no outro campeonato, aquele que os portistas raramente jogam, o SC Braga perdeu com o Arouca. Havia por isso a possibilidade de dilatar a vantagem para o 4.º lugar dos arsenalistas, perante um Vitória SC tranquilo e motivadíssimo, que também podia beneficiar do deslize do SC Braga. Vencendo no Dragão, os homens liderados por Álvaro Pacheco sabiam que encostavam aos rivais minhotos e, pasme-se, podendo ficar a dois pontos do adversário desta noite, e da passada quarta-feira, para a Taça, em Guimarães. E não é que aconteceu mesmo?

1.ª parte: Galeno marcou duas vezes, mas só festejou uma. Jota continua a mostrar-se a Martínez

Para o jogo da 28.ª jornada, Sérgio Conceição lançou Fábio Cardoso e Namaso no onze inicial face às ausências dos castigados Otávio e Evanilson. Diogo Costa e Francisco Conceição regressaram à titularidade depois de terem cumprido um jogo de castigo a meio da semana no D. Afonso Henriques. Mas as surpresas não ficavam por aqui - talvez até a maior - o regresso de Taremi. O avançado iraniano começou no banco de suplentes, mas regressou aos convocados. Por opção, João Mário voltou a começar no banco em detrimento de Jorge Sánchez.

No Vitória SC, em relação ao jogo da Prova Rainha, Álvaro Pacheco mudou três peças. Entraram Jorge Fernandes, Afonso Freitas e Kaio César. Saltaram para o banco Tomás Ribeiro, Ricardo Mangas e Nélson Oliveira. Kaio César foi titular pela primeira vez, ao fim de sete jogos pelos conquistadores.

De trás para a frente, é assim que olhamos para a primeira parte do encontro. Já perto dos 45 minutos, Sérgio Conceição preparava-se para fazer entrar três jogadores. Dá para imaginar como estava a correr o jogo para os azuis e brancos, não dá? Pois bem, dou-lhe uma ajuda, por essa altura o FC Porto perdia por 2-0. Sim, o Vitória SC vencia por 2-0 no Dragão, algo que não acontecia desde a década de 70.

O FC Porto até nem entrou mal, mas sem nunca conseguiu criar grandes situações de perigo. Tinha mais bola, mas pouco fazia com ela. Pelo contrário, o Vitória SC tinha menos bola (acabou a 1.ª parte com 30% de posse), mas quando a tinha conseguia sair disparado para a baliza de Diogo Costa. Sem muito para contar nos primeiros minutos, foi aos 12 que os minhotos se adiantaram, num tremendo lance de azar para Galeno. Livre de Händel na direita e o extremo, ao tentar o corte, penteou a bola para a própria baliza, sem hipótese para o guardião portista. O golo gelava o Dragão, que aqui e ali deixava escapar os primeiros assobios.

12' Golo do Vitória SC

Os dragões tentavam pegar no jogo, mas a equipa orientada por Álvaro Pacheco foi-se mostrando segura e capaz de se aproximar, ainda que a espaços, da baliza portista. Do outro lado, os dragões já se tinham queixado de duas grandes penalidades por assinalar. Fábio Veríssimo nada marcou, Cláudio Pereira, no VAR, também não.

5' FC Porto pede penálti, Fábio Veríssimo manda seguir

19' Caso na área do Vitória FC. Dragões pedem penálti

Sem conseguir concretizar, aproveitou o Vitória. Aos 33 minutos, Jota Silva, após receber um passe de Tiago Silva, correu para a área, superou Pepe e, perante a saída de Diogo Costa, rematou com frieza para o fundo da baliza. Os assobios do primeiro golo ouviam-se agora a dobrar.

33' Jota faz o 2-0 para o Vitória SC

E no meio do desagrado esteve muito perto de acontecer o 3-0. O lance começou num passe longo de Jorge Fernandes para Kaio César na direita. O brasileiro choca com Fábio Cardoso e fica por terra, mas a bola sobra para Jota Silva. O extremo do Vitória serviu Kaio César, que viu Diogo Costa fechar o ângulo com mestria após um bom remate.

41' Diogo Costa nega o 3-0

Quando já pouco se acreditava na alteração do marcador antes do intervalo, Galeno apareceu para marcar, agora na baliza certa. Num lance bem desenhado da equipa do FC Porto por Pepê, Namaso, com um toque subtil, deixa a bola para o extremo, que arrancou até à área e bateu Bruno Varela. Alívio no Dragão, com um golo importantíssimo que fazia a equipa portista acreditar numa recuperação no 2.º tempo. Em vão.

44´ FC Porto: Galeno

2.ª parte: Muito apito e pouco futebol. Pepe é expulso com vermelho direto... por protestos

Os treinadores mexeram ao intervalo, Álvaro Pacheco tirou Tomás Händel e Afonso de Freitas. Entraram Tomás Ribeiro e Ricardo Mangas. Do lado do FC Porto, depois de ameaçar com uma mudança tripla ainda na primeira parte, Sérgio Conceição trocou apenas Fábio Cardoso por Zé Pedro.

Os azuis e brancos entraram melhor, mas o primeiro lance de verdadeiro perigo só apareceu aos 69 minutos, já com João Mário (56'), Iván Jaime (56') e Taremi (68´) em campo. Francisco Conceição, com uma tremenda maldade a Bruno Gaspar, colocou a bola por entre as pernas do lateral, sobre a direita, antes de cruzar para o remate de Iván Jaime. Bruno Varela defendeu em esforço.

O público animava-se com um lance de real perigo, mas um minuto depois tudo mudaria. Após protestos de Pepe, Fábio Veríssimo puxou do vermelho direto e expulsou o capitão portista, sob um coro de assobios monumental. O banco portista nem queria acreditar e fez-se ouvir como pôde.

70' Pepe é expulso com vermelho direto por protestos

Logo depois, novas razões de queixa para o FC Porto. Lance confuso entre Taremi e Bruno Varela na pequena área vitoriana, Veríssimo marcou falta ofensiva do iraniano. O Dragão estava em chamas e a partida ficava cada vez mais feia, com muitas interrupções.

74, Caso Taremi na área do Vitória SC. Muitos protestos

Sem desistir, e quase sempre às costas de Francisco Conceição, os dragões continuavam a pressionar, apesar da desvantagem numérica, mas iam correndo alguns riscos. Aliás, o remate surpresa de Manu desde o meio-campo, apercebendo-se a posição subida de Diogo Costa, quase resultava no terceiro golo do Vitória SC.

Já em total desespero e com demasiado coração e pouca cabeça, os dragões bem tentaram, mas até ao final o marcador não se alterou. Perto do apito final, destaque apenas para novas queixas na área vitoriana. Taremi queixou-se de uma falta dentro de área, Fábio Veríssimo esperou para ouvir Cláudio Pereira, mas o lance seguiu.

94' Caso Taremi na área de Bruno Varela

No final, enorme festa vitoriana, com os cerca de 2000 mil adeptos a fazerem-se ouvir. Um contraste absoluto com o desalento dos jogadores portistas e do público, que saiu rapidamente do estádio num silêncio absoluto, apenas interrompido para a saída (muito rápida) da equipa de arbitragem em direção ao túnel.

Veja o resumo do jogo