
Um grupo de sócios do FC Porto lançou esta quarta-feira duras críticas à direção do clube, um ano após as eleições que elegeram André Villas-Boas como presidente.
Os signatários, onde se incluem Luís Barradas, Heleno Roseira e João Proença, membros da lista candidata encabeçada por Nuno Lobo, fazem um balanço extremamente negativo da época que está prestes a terminar.
Segundo a carta aberta enviada aos associados, o fracasso da temporada vai para além dos resultados, incluindo perda de identidade, ambição e união.
O grupo de signatários critica o modelo de gestão utilizado, apontando também à falta de liderança e estratégia, a nível desportivo e financeiro.
As escolhas de Vítor Bruno e Martín Anselmi são também alvo de crítica, assim como a postura na divulgação dos resultados da auditoria forense.
O grupo termina afirmando que se sente refém do FC Porto, ressalvando o respeito por aqueles que fizeram e fazem parte da história do clube.
Leia a carta na íntegra:
"CARTA ABERTA AOS SÓCIOS DO FUTEBOL CLUBE DO PORTO
Pelo nosso Porto, de alma cheia e cabeça erguida
Portistas,
Há um ano, a nossa massa associativa, com orgulho e paixão, decidiu mudar de rumo. Fê-lo com esperança no olhar e com a firme convicção de que era tempo de renovar, de construir um futuro à altura da nossa história gloriosa.
Mas um ano depois… olhamos para o campo, para as bancadas, para os rostos dos adeptos – e sentimos um vazio. Esta não é a mudança que sonhámos. Esta não é a alma do nosso Porto.
A época desportiva foi, sem rodeios, um fracasso. Falhámos em toda a linha: no campeonato, na Europa, nas taças. E mais do que os resultados, falhámos na identidade. Falhámos na garra. Falhámos na ambição, e na UNIÃO.
O nosso clube não se esgota no legado passado, como não se esgota na liderança presente.
O nosso clube, que tantas vezes desafiou o impossível, apresenta-se hoje desorientado, sem liderança firme, sem chama no balneário e no campo, sem norte nas decisões. A gestão revelou-se errática. A comunicação desastrada. O espírito, perdido.
Na situação financeira, as consequências da restruturação do passivo ainda não se mostram suficientemente esclarecidas.
Apesar da política de transparência, continua sem ser publicado integralmente o relatório da auditoria forense, nem se conhece qualquer reação do nosso Clube perante as atuações danosas apuradas.
Uma boa liderança deve aportar e chamar a si os melhores e não se fechar, manifestando-se apenas em situações limite, pontuais, deixando à adivinhação de todos o futuro.
É fundamental o equilíbrio entre a gestão financeira e gestão desportiva, o que não está a ser conseguido.
Ser Porto é resistir, é lutar, é vencer. Mas, acima de tudo, é nunca baixar os braços. E é por isso que não nos calamos. Porque amamos este clube com uma intensidade que não cabe em palavras.
Não aceitamos desculpas. Não aceitamos comparações com épocas piores. O Porto não é clube de "menos mal". O Porto é clube de tudo ou nada. E queremos tudo. Outra vez.
O clube não é de direções, nem de figuras. É dos sócios. Dos que choram, gritam, vibram, sofrem e vivem este emblema dia após dia. E são esses sócios que hoje levantam a voz e dizem: este não é o caminho.
Queremos um clube com alma, com raça, com ambição. Um Porto que nos faça voltar a sonhar. Um Porto que se reconheça em campo, nas decisões, nos triunfos.
É com este espírito que afirmamos a nossa disponibilidade para construir, juntos, soluções de vitórias.
Subscritores:
- Luís Barradas- sócio nº 6186.
- Heleno Roseira- sócio nº 10063.
- João Proença – sócio nº 14460.
- Paulo Vasconcelos – sócio nº 1730.
- Tânia Barroso – sócia nº 146755.
- Filipe Neto – sócio nº 150325.
- Fernando Emílio – sócio nº 832.
- António Quintas – sócio nº 57131"
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