O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) disse hoje que «um conjunto de circunstâncias agravantes» tem deixado os dirigentes da modalidade com «um sentimento de grande impotência e de grande dificuldade para o sustentar e viabilizar».

A afirmação foi feita à agência Lusa por Fernando Gomes, presidente da FPF, que aponta quatro casos: o Totonegócio, o aumento do IVA dos bilhetes para 23 por cento e das taxas de policiamento e a proibição de a casa de apostas bwin fazer publicidade e desenvolver atividade em Portugal.

«Ultimamente, com este conjunto de circunstâncias agravantes que o futebol tem sofrido, naturalmente que o sentimento das pessoas do futebol é um sentimento de grande impotência e de grande dificuldade para sustentar e viabilizar o futebol em Portugal», disse.

O líder da FPF, que foi eleito em 10 de dezembro, transitando da presidência da Liga de clubes, afirma, no entanto, ter a consciência de que «o futebol não é uma ilha» e, como tal, «tem de sofrer aquilo que a crise económica e financeira acarreta para a economia no seu todo».

«Nós temos a consciência de que a crise económico-financeira, que está aí, é para todos, ou deveria ser para todos. Infelizmente assistimos que, em algumas circunstâncias, há sectores que, eventualmente por outras razões, que até não compreendemos bem, tendencialmente são favorecidos», acusou.

Fernando Gomes não entende, por exemplo, a razão pela qual um jogo dos distritais «tenha de pagar um IVA de 23 por cento quando está a ser desenvolvida uma atividade praticamente amadora», enquanto «um concerto da Madonna ou de outra estrela musical internacional» tenha os bilhetes «tributados a 13 por cento».

«Há aqui grande incoerência relativamente às decisões e aquilo que nós dizemos relativamente à defesa do futebol é que há um conjunto de decisões muito recentes todas no sentido de agravar as condições de exploração do futebol», defendeu.

Fernando Gomes prestou estas declarações três dias depois de as Finanças terem citado a FPF e a Liga para, enquanto gestoras de negócios dos clubes, pagarem solidariamente 13 milhões de euros relativos a uma segunda execução do chamado Totonegócio.

Da inicial dívida fiscal de 54 milhões de euros, os clubes pagaram 21 milhões, através da cativação das receitas do Totobola e dos jogos sociais, ficando a faltar 33 milhões – destes, houve uma execução de 20 milhões em 2005, ainda por resolver nos tribunais, e outra de 13 milhões em maio de 2011, agora reclamada.

«Não nos foi permitido concretizar um plano para regularizar em mais tempo esta dívida resultante da ineficiência e da ineficácia de quem deveria promover e potenciar o jogo», disse Fernando Gomes, numa acusação ao Estado de não ter promovido o Totobola, como se comprometera.

Na sequência destes casos, o presidente do Vitória de Setúbal, Fernando Oliveira, já sugeriu que os clubes parassem os campeonatos, o que levou o líder da FPF a justificar o «estado de espírito das pessoas do futebol» com «um conjunto muito grande de situações recentes».

Segundo Fernando Gomes, essas pessoas «fazem um esforço tremendo para manterem de pé» a atividade do futebol, «procurando cumprir integralmente as suas responsabilidades fiscais».

«Em termos anuais, os clubes de futebol pagam para cima de 100 milhões de euros de impostos ao Estado. Portanto, há alguma dificuldade em aceitar esse conjunto de circunstâncias que ultimamente têm ocorrido e que tornam extremamente difícil a sustentabilidade e a viabilidade do futebol em Portugal», afirmou.

O presidente da FPF revelou que «estas questões têm sido sistematicamente colocadas junto do Governo», adiantando que na quarta-feira houve uma reunião com o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, e na sexta-feira outra com o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo.

Com Miguel Relvas foi abordada, segundo o presidente da FPF, «a necessidade de regulação da atividade das apostas desportivas, aliás em linha com aquilo que a própria ‘Troika’ preconiza no seu relatório», porque os clubes não estão a ter retorno da utilização dos seus nomes e símbolos.

O encontro com Miguel Macedo serviu para o ministro comunicar a alteração da taxa horária dos serviços do policiamento, que, de acordo com Fernando Gomes, «vai provocar um agravamento das condições» económicas dos clubes.

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