As conclusões não são surpreendentes, mas não deixam de ser preocupantes: a I Liga portuguesa é a quarta em que mais faltas são cometidas entre 30 primeiras divisões de diferentes países europeus e, entre elas, é a segunda em que mais tempo de jogo é perdido devido a faltas. Quem o aponta é o CIES Football Observatory numa análise à fluidez dos jogos de futebol em 37 competições disputadas na Europa.
O relatório apresentado por aquele organismo analisou diferentes indicadores no que toca a esta matéria através dos dados recolhidos pela InStat a partir da observação de jogos disputados em 37 competições de futebol disputadas no continente europeu: 30 primeiras divisões, as cinco segundas divisões dos cinco primeiros países do ranking da UEFA (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França) e ainda a Champions League e a Europa League.
O estudo olha para aspetos como o tempo de jogo efetivo, ou seja, o tempo em que a bola está efetivamente em jogo, o tempo de descontos concedido pelos árbitros ou o número de faltas cometidas pelos jogadores.
A quarta Liga mais faltosa da Europa
Olhando para o número médio de faltas cometidas por jogo, vemos que na I Liga portuguesa são cometidas, em média, 31,7 faltas por jogo. Só nas primeiras divisões da Sérvia (35,6), Grécia (33,8) e Bulgária (32,1) são cometidas mais faltas. No polo oposto, é na Premier League inglesa (21,5 faltas por jogo) que essa média é mais baixa. Há, portanto, uma diferença de mais de dez faltas por jogo, em média, entre a I Liga e a Premier League.
Mas o panorama é ainda mais negro se olharmos para se olharmos para a influência que essas faltas têm no tempo de paragem dos jogos. Entre os escalões principais analisados, só na Superliga grega a percentagem do tempo de jogo perdido devido a faltas é superior à da I Liga portuguesa, onde 17,4% do tempo em que a bola não está em jogo se deve a faltas. Por comparação, na Premier League inglesa apenas 12,5% das paragens se devem a faltas e na Eredivisie holandesa essa percentagem é ainda mais baixo: apenas 11,5%.
Ainda assim, no meio destes dados há um que não deixa a primeira divisão lusa tão mal vista: os segundos perdidos por cada falta. Aqui, a I Liga surge mais ou menos a meio da 'tabela', com 32,2 segundos perdidos por falta. O décimo pior registo entre as 37 competições analisadas, mas ainda assim melhor do que o apresentado por quatro das Ligas denominadas de 'big-5': La Liga espanhola (34,9 segundos perdidos por falta), Premier League (33,9), Ligue 1 (33,3) e Serie A (32,4). Só na Bundesliga o jogo é retomado mais depressa: 30,2 segundos depois da falta ser assinalada.
O terceiro pior tempo útil de jogo
Em média, o tempo útil de jogo nas 37 competições analisadas foi de 61,3%. E a I Liga portuguesa volta a ficar bem abaixo dessa média. É mesmo, excluindo os escalões secundários que entraram na análise, o terceiro escalão principal em com menor tempo útil de jogo (58,3%). Apenas a Liga checa e a Superliga grega apresentam piores registos.
O melhor registo, neste campo, não deixa de ser surpreendente: pertence à I Liga israelita, com 66,9% de tempo útil de jogo. O melhor registo entre as cinco principais Ligas europeias vai para a Bundesliga alemã, com 63,9%, mas os números são ainda melhores se olharmos para a Liga dos Campeões, onde há um tempo útil de jogo de 64,7%.
Curiosamente, o estudo do CIES conclui que não há, ao contrário do que seria de esperar, uma relação correlação entre a percentagem de tempo de útil de jogo e a duração dos jogos. Os resultados mostram que a fluidez do jogo nem sempre é levada em linha de conta pelos árbitros na definição do tempo de descontos que concedem o que, aponta o CIES, pode encorajar os jogadores das equipas em dificuldades a interromperem o ritmo dos jogos, cientees de que tal não será tido totalmente em linha de conta nos minutos de compensação acrescentados.
Em média, um jogo nas competições analisadas dura 96'14'' minutos. É na Liga turca que mais descontos são concedidos: nove minutos. Em Portugal, são em média concedidos 7'51'' minutos de descontos (juntando as primeiras e segundas partes). A I Liga é, assim, entre os escalões principais analisados, a terceira onde é concedido maior tempo de compensação. No pólo oposto está a I Liga eslovaca, onde o tempo extra é apenas de, em média, 4'25''. Nas 'big-5' os valores variam entre os 7'2'' minutos da Premier League e os 6'22'' minutos da Ligue 1. Na Champions League o tempo médio de descontos é de 6'12'' minutos e na Liga Europa é ainda mais baixo: 6'00'' minutos.
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