Jorge Jesus revelou esta sexta-feira numa palestra promovida pelo International Club of Portugal a existência de uma cláusula de confidencialidade que o impede de falar sobre o Sporting.

"O que posso dizer é que neste momento tenho uma cláusula de confidencialidade na minha rescisão, sendo penalizado se fugir a esta cláusula. Portanto, não me quero alongar nem posso falar diretamente sobre o tema presidente do Sporting ou sobre aquilo que aconteceu no Sporting, nomeadamente nos últimos três meses", disse o treinador português durante o debate `A Liderança na Multiculturalidade´.

Apesar deste impedimento, Jorge Jesus falou sobre os motivos que o levaram a aceitar a proposta do Al-Hilal, da Arábia Saudita.

"Eu hoje vou partir para um país completamente diferente, para a Arábia Saudita. Vou trabalhar com árabes, com vários jogadores de que ainda não conheço as nacionalidades. Normalmente as pessoas olham para o treinador e para os jogadores, mas eu antes de ser treinador sou um ser humano, os meus jogadores a mesma coisa Ensinaram-me a olhar para as pessoas antes de olhar para os jogadores", começou por dizer o técnico.

"Os meus objetivos não passam por gerir um clube, isso está fora de questão. O que me move é o jogo, é a paixão. Por isso, é que dei o salto para a Arábia Saudita, um clube que não conheço, mas com o qual me identifiquei com a minha paixão. Queria continuar a trabalhar", acrescentou.

O treinador de 63 anos lembrou que são os jogadores que levam os clubes a "apresentar resultados desportivos e financeiros" e utilizou Islam Slimani, seu antigo jogador no Sporting, para dar um exemplo.

"Agora vou trabalhar com muitos jogadores muçulmanos, mas no Sporting trabalhei com Slimani e tive de tirar rendimento de um jogador que reza cinco vezes por dia e só se alimenta à noite durante o Ramadão. Comigo, Slimani desmaiou três vezes nos treinos e tivemos de perceber uma forma de tirar rendimento. Conseguimos e ele fez uma época espetacular", referiu."O líder tem de saber adaptar-se às situações que lhe aparecem diariamente. Mandar é fácil, saber mandar é que é difícil. O líder tem de ter ADN", disse ainda.

Jorge Jesus rejeitou ainda a ideia de poder vir a ser presidente de um clube de futebol.

"Nem no Sporting nem em clube nenhum, a minha pretensão não é algum dia gerir ou ser presidente. A minha grande paixão é o jogo, é o futebol, por isso dei o salto para a Arábia Saudita, porque queria continuar a trabalhar. Ser presidente não passa pelos meus objetivos, pelos meus sonhos", terminou.