O presidente demissionário da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, Jaime Marta Soares, afirmou na quinta-feira que vai analisar a decisão da direção em manter-se em funções e assumiu que vai ter que “dar a palavra aos sócios”.
"A Mesa da Assembleia Geral mantém os mesmos poderes. Não conseguindo que Bruno de Carvalho saia, é isso que temos de fazer: uma Assembleia Geral com nota de culpa para a destituição. Não disse que ia marcar, mas tenho de analisar. A Mesa da Assembleia Geral não molda a bel-prazer as regras estatutárias. Tenho legitimidade de marcar uma AG em que se diga que a nota de culpa para destituição é esta", afirmou Marta Soares em declarações à TVI24.
O presidente da Mesa da Assembleia Geral, que pediu hoje a demissão do cargo juntamente com os restantes membros, reagia assim às palavras de Bruno de Carvalho, que minutos antes tinha descartado o afastamento do cargo de presidente do Sporting. "Não nos vamos demitir", afirmou Bruno de Carvalho.
“A direção entende que tem condições para continuar. Essa não é a nossa linha de pensamento. Tenho que analisar esta situação com os restantes membros da Assembleia Geral, mas teremos que dar o mais cedo possível a palavra aos sócios para decidir”, afirmou Marta Soares .
Marta Soares lembrou que os “estatutos do clube têm sempre que ser respeitados” e negou que os membros da Mesa da Assembleia Geral tenham rejeitado na quarta-feira uma reunião com Bruno de Carvalho e restantes direção.
“Não houve qualquer convite atempado para uma reunião. A Mesa estava reunida e subitamente ouve um telefone a perguntar se podíamos passar por uma reunião da direção. Isso não lembra nem ao diabo. Até houve alguns membros que ficaram ofendidos”, contou.
O dirigente ‘leonino’ voltou a lembrar que nos acontecimentos de Alcochete os jogadores recusaram falar com Bruno de Carvalho e que a sua continuidade pode ter um efeito "muito negativo" no clube.
“Não há condições para ele continuar. Há muito que vai necessário reparar e com Bruno de Carvalho não vai ser possível”, frisou.
A polémica que envolve o Sporting agravou-se nos últimos dias, depois da derrota da equipa de futebol no domingo, no último jogo da I Liga de futebol, frente ao Marítimo, que fez o clube de Alvalade perder o segundo lugar para o Benfica.
Antes do primeiro treino para a final da Taça de Portugal, em que o Sporting defronta o Desportivo das Aves, a equipa de futebol foi atacada na Academia de Alcochete, na terça-feira, por um grupo de cerca de 50 alegados adeptos encapuzados, que agrediram técnicos e jogadores.
A GNR deteve 23 dos atacantes e as reações de condenação do ataque foram generalizadas e abrangeram o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa.
Face às críticas, Bruno de Carvalho negou, em comunicado enviado à Lusa, qualquer responsabilidade pelo ataque na academia, rejeitou demitir-se da presidência do Sporting e anunciou que vai processar Ferro Rodrigues, bem como comentadores e jornalistas por o terem “difamado e caluniado” após os atos de violência em Alcochete.
Entretanto, a Mesa da Assembleia-Geral demitiu-se em bloco, vários membros do Conselho Fiscal e Disciplinar renunciaram aos cargos e parte do Conselho Diretivo também se afastou, enquanto o empresário Álvaro Sobrinho, patrão da Holdimo, detentora de 30% das ações da SAD do Sporting, pediu a demissão da direção.
Paralelamente, a Polícia Judiciária deteve na quarta-feira quatro pessoas ligadas ao Sporting na quarta-feira, incluindo o diretor desportivo do futebol, André Geraldes, na sequência de denúncias de alegada corrupção em jogos de andebol e de futebol.
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