O ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, foi envolvido no ataque à Academia do Sporting, em Alcochete, por Mathieu e Battaglia, escreve a edição desta terça-feira do jornal Correio da Manhã.
Segundo revela o referido diário, Mathieu e Battaglia foram ouvidos pelo Ministério Público no âmbito das investigações das autoridades ao ataque à Academia do Sporting em que contam uma conversa que revela promiscuidade entre o ex-dirigente do Sporting e o chefe da claque Juventude Leonina.
Escreve o jornal Correio da Manhã que Mathieu e Battaglia foram ouvidos nos últimos dias pelo Ministério Público e apontaram o dedo a Bruno de Carvalho recordando algumas conversas que tiveram com o então presidente do Sporting dias antes do ataque à Academia de Alcochete.
Os dois atletas do Sporting recordaram a relação de proximidade de Bruno de Carvalho com o líder da claque Juventude Leonina e relataram um episódio em que o ex-presidente do Sporting telefonou a Mustafá à frente de todo o plantel para negar qualquer relação com as ameaças que os jogadores estavam a sofrer na sequência da derrota em Madrid.
Bruno de Carvalho questionou então Mustafá se tinha dado alguma ordem às claques para ameaçar os jogadores e o líder da claque leonina desmentiu qualquer indicação nesse sentido dada pelo ex-presidente do Sporting.
Battaglia disse então às autoridades que achou estranho essa conversa pois mostrava uma relação demasiado próxima entre Bruno de Carvalho e Mustafá.
O referido diário escreve também que Mustafá é apontado pelo juiz por suspeitas de envolvimento no ataque a Alcochete embora ainda não tenha sido constituído arguido.
Já Mathieu disse às autoridades que achou estranha a escolha de palavras de Bruno de Carvalho para o plantel nas vésperas do ataque ao ter afirmado que, "independentemente do que acontecesse no dia seguinta" estaria com os jogadores.
O defesa central francês assume que tudo pode ser uma coincidência, mas lembra também que o ataque à Academia aconteceu logo depois.
A 15 de maio, antes do primeiro treino para a final da Taça de Portugal, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na Academia do clube, em Alcochete, por um grupo de cerca de 50 alegados adeptos encapuzados, que agrediram técnicos e jogadores, tendo a GNR detido 23 dos atacantes.
Em comunicado, o Sporting confirmou os acontecimentos registado na Academia de Alcochete, atitudes que “configuram a prática de crime e que em nada honram e enobrecem” o nome do clube.
Já Bruno de Carvalho reagiu de forma inesperada ao ataque considerando que foi uma situação 'chata' e que os jogadores têm de aprender a conviver com o crime.
"Os jogadores querem sentir-se seguros e queremos é que eles estejam bem para ganharmos o troféu [da Taça de Portugal]. Tenho de repudiar todas estas situações. Isto não é frustração, é crime público. E quero pedir, sobretudo, calma ao universo sportinguista. Isto foi chato e temos de nos habituar que o crime faz parte do dia a dia. Já ouvi uma série de teorias mirabolantes, uma delas sendo que este é o meu "modus operandi", porque nas Assembleias Gerais não deixo quem quer falar mal, falar. É falso. O meu "modus operandi" não é gostar de ver atletas e staff, que são a família que escolhi, serem agredidos", afirmou Bruno de Carvalho no dia do ataque.
Recorde-se que o juiz de instrução criminal do Tribunal do Barreiro decretou a medida de coação de prisão preventiva a todos os 23 arguidos detidos na sequência das agressões de terça-feira na Academia do Sporting, em Alcochete.
No comunicado divulgado a 21 de maio, a medida é justificada no facto de se manterem os pressupostos, "objetivos e subjetivos", dos tipos de crimes imputados aos arguidos.
O tribunal refere que a medida foi tomada "tendo em conta que se verificam os pressupostos, objetivos e subjetivos, dos tipos de crimes que lhes são imputados e que se verificam ainda os perigos referidos nas alíneas a) a c) do artigo 204 do processo penal, perigo de fuga, perigo de perturbação do decurso do inquérito, nomeadamente para aquisição e conservação e veracidade da prova, de continuação da atividade criminosa, bem como de grave perturbação da ordem e tranquilidade públicas".
A nota acrescenta: "Atendendo à natureza dos ilícitos em causa e à visibilidade social que a prática dos mesmos implica, considerando, principalmente, o aumento do número e da gravidade dos crimes e dos comportamentos associados ao fenómeno desportivo, foi aplicada, para além do Termo de Identidade e Residência, a medida de coação de prisão preventiva."
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