O Ministério Público anexou ao processo dos e-mails uma nova investigação, relacionada com a possível existência de uma fonte "paga" que o Benfica terá junto do sistema de justiça, noticia a revista Sábado na sua edição desta semana.
Segundo a Sábado, um dos sites que tem vindo a difundir os e-mails do clube "encarnado" divulgou um documento interno da Polícia Judiciária no qual o coordenador da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ alerta para essa suspeita. Nesse documento, datado de 29 de Setembro de 2017, é referido que um funcionário terá cometido atos que indiciam violação do segredo de justiça, violação do segredo por funcionário e corrupção passiva por ato ilício ao ter permitido que responsáveis do Benfica acedessem a partes do processo do caso dos emails.
Essas informações “terão sido transmitidas a várias sociedades de advogados com os quais o clube em apreço manterá uma relação contratual atinente à prestação de serviços jurídicos”, pode ler-se no documento.
A Sábado explica que a denúncia da existência desse “informador” foi recebida por via telefónica e efetuada por alguém que não se quis identificar por temer represálias e riscos para a sua carreira profissional. “Na tentativa de credibilizar esta denúncia, foram colocadas algumas questões sobre a documentação referida, tendo o signatário recebido indicações precisas e uma descrição pormenorizada sobre o conteúdo de alguns dos exemplares que compõem o acervo documental acedido ilicitamente”, refere o documento.
A suspeita deu origem a novo inquérito, o qual se junta ao processo dos emails, dos vouchers e da viciação de resultados. Ainda de acordo com a Sábado, os investigadores olham para estas fugas de informação como uma ameaça constante aos diferentes processos, sobretudo tendo em conta as diferentes origens, que vão desde o sistema informático do Ministério Público e Tribunal e Tribunal de Instrução Criminal até ao suposto “informador”.
Em outubro de 2017, a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL) confirmou a investigação a um suspeito pelos crimes de corrupção passiva e ativa, por parte da nona secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, no referido caso dos emails do Benfica.
Esta investigação levou, em 19 de outubro último, a buscas nas instalações do Benfica, na sequência de denuncias do diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, que acusou os ‘encarnados’ de influenciarem o setor da arbitragem e apresentou alegadas mensagens de correio eletrónico de responsáveis ‘encarnados’, nomeadamente de Paulo Gonçalves e Luís Filipe Vieira.
Entre outras situações, o responsável dos ‘dragões’ revelou também a alegada partilha de mensagens de telemóvel do atual presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, na altura em que presidiu à Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), entre o diretor de conteúdos da BTV, Pedro Guerra, e o ex-presidente da Assembleia-Geral da LPFP Carlos Deus Pereira.
Já o caso dos ‘vouchers’ decorre de declarações do presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, em 05 de outubro de 2015, num programa televisivo da TVI, sobre ofertas do Benfica a equipas de arbitragem em todos os jogos que poderiam atingir um valor global por época a rondar os 250 mil euros.
Posteriormente, em 27 de janeiro de 2017, no âmbito da justiça desportiva, a Comissão de Instrutores (CI) da LPFP decidiu arquivar este processo.
Mais uma vez de acordo com a revista Sábado, a Unidade Nacional contra a Corrupção da Polícia Judiciária (UNCC) já entregou o relatório final da investigação ao caso dos ‘vouchers’ ao MP.
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