O negócio da venda de Garay ao Zenit seria feito por 13 milhões de euros e não seis como aconteceu, revelam os novos e-mails do Benfica. De acordo com dados que constam dos e-mails roubados ao Benfica, há uma troca de correspondência eletrónica entre Paulo Gonçalves (recém-demitido assessor jurídico da SAD) e Luís Filipe Vieira, a 9 de junho de 2014, pouco tempo antes da concretização do negócio.
Nesse mesmo e-mail, Paulo Gonçalves explica a LF Vieira a proposta dos russos para contratar Ezequiel Garay: aceitavam pagar os tais seis milhões de euros pelo defesa argentino mas isso implicaria anular um ponto no contrato da venda de Witsel aos russos. Na altura tinha ficado estabelecido que o Benfica receberia 10 por cento de uma futura venda do belga, desde que tal fosse feita acima dos 50 milhões de euros. Mas para anular essa cláusula, o Benfica fez uma contra-proposta: pediu quatro milhões de euros para anular essa cláusula na venda de Witsel, os responsáveis do Zenit queriam dar três, de acordo com o tal e-mail.
Ainda de acordo com o mesmo e-mail, o Zenit propunha pagar quatro milhões de euros para ter opção de compra, até 31 de agosto de 2015, de 'Toto' Salvio, por 40 milhões de euros, e Nico Gaitán, por 30 milhões de euros.
Ou seja, aos seis milhões da venda de Garay, seria preciso somar os três pela anulação da mais-valia por Witsel e ainda quatro milhões por uma opção de compra sobre dois extremos argentinos, num total de 13 milhões de euros.
No mesmo e-mail é revelado que o Zenit queria uma resposta urgente sobre a proposta, tal como o empresário Jorge Mendes. Ainda no mesmo e-mail, Paulo Gonçalves terá garantido que o clube russo não iria "exercer a opção de compra de nenhum deles [Salvio e Gaitán]". Essa parte do contrato da venda de Garay era "apenas uma forma de conseguir de forma realista completar a operação. Caso contrário, a auditoria do clube [Zenit] coloca-lhes reserva", terá insistido o antigo assessor jurídico das 'águias', de acordo com dados divulgados pelo Record, citando o tal e-mail. Paulo Gonçalves terá mesmo garantido a Vieira que "Jorge Mendes disse que o Zenit estaria disposto a fazer um documento à parte" exatamente a informar o Benfica de que não iria exercer a dita opção de compra sobre Gaitán e Salvio.
O presidente do Benfica respondeu ao e-mail com um simples 'OK', ou seja, que concordava com os moldes do negócio.
De recordar que em junho de 2014, o Benfica comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários a transferência do defesa Garay ao Zenit por seis milhões de euros. Metade desse valor foi para o Real Madrid, que detinha metade do passe do argentino.
Um negócio considerado ruinoso pelos merengues, que, na altura, fizeram uma queixa no Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), por entenderem que o central foi vendido por valor muito baixo, até porque na altura, ofertas melhores pelo jogador, como o Bayern Munique que oferecia 15 milhões de euros. Mas o TAS deu razão ao Benfica, numa decisão conhecida em dezembro de 2016.
NA altura em que foi vendido ao Zenit, Garay só tinha um ano de contrato com o Benfica e já tinha dado mostras que não queria renovar.
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