Num jogo que esteve quase para não acontecer, o Benfica venceu por 1-0 uma União de Leiria fragilizada e construída com um misto de juniores e jogadores cedidos pelo clube da Luz. Num ambiente triste e com apenas 31070 espectadores nas bancads, uma vitória pálida não disfarçou o clima de tensão que começa a fazer-se sentir na Luz.

Com efeito, o jogo ficou marcado pelos diversos cânticos de uma franja de adeptos onde normalmente se senta a claque No Name Boys, que não perdoam Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus pelo fracasso no campeonato. Presidente e treinador foram duramente visados e recordados até do sucesso do FC Porto, apesar do resto do estádio ter respondido com assobios a estas manifestações. Ainda assim, é evidente que a contestação parece ter vindo para ficar na Luz.

Se a diferença de valores entre Benfica e esta União de Leiria poderia dar azo a ideias de goleadas construídas por Cardozo, puro engano. Apesar de disputar o título de melhor marcador com o bracarense Lima, o paraguaio esteve desinspirado e desperdiçou diversas ocasiões de golo.

Jorge Jesus ainda surpreendeu com a titularidade de Djaló, Luís Martins e Saviola. Porém, as alterações não deram grande ânimo ou fulgor a uma equipa já à espera da nova época. O domínio inequívoco no relvado não se fazia por uma atuação fulgurante dos encarnados, mas sim por uma quase ‘falta de comparência’ dos leirienses, demasiado debilitados e perturbados com a crise em torno do clube para importunar o Benfica.

Dominguez conseguiu escalar uma equipa com 11 jogadores, mais três do que aqueles que figuraram contra o Feirense. Um feito conseguido apenas com o contributo de juniores e do ‘regressado’ Keita, que assim permitiram até ter três suplentes no banco.

Assim, o golo de Bruno César foi a única nota de relevo a quebrar a monotonia do encontro. À passagem dos 21’, o brasileiro fez jus ao epíteto de ‘Chuta-chuta’ e apontou de forma exemplar um livre direto que Oblak não foi capaz de segurar. Estava feito o 1-0 e a vitória que se adivinhava desde o primeiro minuto.

Depois, assistiu-se até ao intervalo de uma série de ocasiões falhadas do Benfica, nomeadamente por Cardozo, mas onde também Aimar não soube desfeitear o guardião leiriense.

No segundo tempo, nada de novo. O Benfica a atacar, a União de Leiria a defender como podia e um grupo de adeptos a manifestar em tom crescente o seu descontentamento. O jogo arrastou-se assim até ao apito final, sem que as entradas de Rodrigo ou Nélson Oliveira tivessem mudado o rumo dos acontecimentos.

O apito final surgiu quase como um alívio para os jogadores das duas equipas. No final, o vencedor Benfica saiu assobiado e os derrotados jogadores da União de Leiria receberam uma enorme ovação do público da Luz.