Otávio concedeu um extensa entrevista à revista Dragões onde abordou vários temas sobre a realidade do FC Porto.

Sobre o comportamento em campo, que é muito vezes criticado, Otávio assume que faz parte do seu ADN.

"Sempre fui assim. Fui criado a jogar no bairro, na terra, e tive sempre aquele lado provocador que faz parte do futebol. Hoje, o pessoal leva isso para o lado errado. Quanto ligo a televisão, está toda a gente a falar do Otávio, que não leva amarelos e não sei quê. Se é assim, preparem-se, porque ainda vão ter de falar muito mais", disse.

"Não vou mudar por falarem mal de mim e de algo que me fez chegar até aqui. Não vou parar. Falarem de mim é bom. É melhor do que não falarem. Transformo-me dentro do campo, fora sou outra pessoa", atirou o internacional português.

"Quem me conhece sabe como sou e qual a minha índole. Às vezes, lá dentro reagimos a uma coisa ou outra e isso é normal para quem quer ganhar. Há coisas em que preciso de evoluir, é verdade, mas não é nada de agressivo como tanto falam", acrescentou.

Com o FC Porto a oito pontos do primeiro lugar, o jogador considera que os azuis e brancos têm todas as condições para terminarem no primeiro lugar da classificação.

"Já queríamos ser campeões antes e continua a ser possível. Temos de ganhar os nossos jogos, não podemos falhar e têm de acabar todos em vitória, se não nem adianta sonhar. Ganhando os nossos jogos, acredito que, até ao final, eles ainda percam pontos", disse, prosseguindo.

."O campeonato vai sempre o objetivo número um do clube, ano após ano. Já ganhámos a Taça da Liga e a Supertaça, agora teremos o Famalicão pela frente e também queremos conquistar a Taça de Portugal, mas o principal objetivo é a Liga. Enquanto for matematicamente possível vamos atrás do sonho", atirou.

Sobre o facto de ter optado por se naturalizar português e representado a seleção portuguesa, Otávio sublinha que não se arrepende desse decisão: "Não, não me arrependo nem um bocadinho. Tudo o que fiz foi de acordo com a minha própria vontade, ciente de tudo e mesmo sabendo que em Portugal muita gente seria contra, como acontece em Lisboa. Não é isso que me vai abalar nem fazer com que deixe de representar Portugal. Com o passar dos anos, percebi que conseguiria a nacionalidade. Não vim para cá com a intenção de jogar na seleção portuguesa, achava que era muito difícil, porque tinham vários craques. Na altura olhava para a seleção de Portugal, comparava-a com a do Brasil e achava Portugal mais forte do que o Brasil na minha posição. Quando surgiu a oportunidade de representar um país que me recebeu tão bem, não poderia dizer que não", referiu, abordando ainda a participação portuguesa no último Mundial no Qatar.

"Faltou ganhar a Marrocos. Se tivéssemos ganho, acho que teríamos grande probabilidade de chegar à final. Passando, apanharíamos a França e seria um jogo diferente, de igual para igual, com duas equipas a quererem atacar. Defrontar a equipa marroquina tão fechada e só a sair em contra-ataque foi difícil, tanto que eles fizeram um campeonato muito bom. Se tivéssemos ganho, acho que havia grandes chances de chegarmos à final e, até, de conquistarmos o Mundial", finalizou.