Pinto da Costa pronunciou-se pela primeira vez sobre a saída de Otávio, que no último mercado transferiu-se do FC Porto para o Al Nassr por 60 milhões de euros (valor da cláusula de rescisão).

"Ofereceram 40 milhões de euros e recusei. Veio outra proposta, de 60 milhões de euros, e recusei, mas, num dia em que o nosso treinador não estava, veio falar comigo a chorar e a dizer que não lhe podia estragar a vida, que ia ganhar em três anos muito dinheiro. Perante o que me disse e perante o que prometi, que não cortaria as pernas, decidi deixá-lo sair", esclareceu, à margem do Thinking Football Summit, que decorre na cidade do Porto."Disse que era a oportunidade da vida dele, aos 28 anos, e que iria ganhar qualquer coisa como 45 milhões em três anos, sem impostos, acrescentou,

Perante as suspeitas, que, segundo Pinto da Costa, foram 'plantadas' "por alguma comunicação social", relativas à concretização do negócio e à percentagem do passe que estaria na posse do banco brasileiro BMG, o presidente explicou os moldes em que a transferência ocorreu.

"Obviamente que tínhamos parceiros, nomeadamente um banco brasileiro com uma grande percentagem do passe, e falei com o presidente e disse que não aceitava. Que eles não tinham feito nada pela renovação e que iam receber uma pipa de massa, portanto não. E eles iriam perder tudo. Foi bom para todas as partes, tentámos receber o mais possível, não tínhamos condições para manter o jogador naquele estado psicológico e o banco, perante a escolha entre receber zero ou 12,5 milhões, optou. Eu não sei se a Polícia Judiciária já está no Brasil, mas se sim, que voltem para trás", ironizou o dirigente.

Quanto ao estado do futebol português e, quando questionado sobre as declarações como aquelas que foram proferidas por Cristiano Ronaldo, que recentemente comparou o futebol português a um espetáculo circense, Pinto da Costa defendeu todos os vários agentes que intervém diretamente no futebol, desde futebolistas, treinadores e dirigentes, apontando culpas à comunicação social.

"O futebol português tem os melhores dirigentes, veja-se o caso da Liga, presidida por Pedro Proença e a Federação, por Fernando Gomes, dos melhores treinadores, dos melhores jogadores. A nível de organização, gente requisitada para o estrangeiro como Antero Henrique e agora Domingo Soares de Oliveira, tem tudo para ser bom. [...] Quando falo com pessoas do futebol diretamente todas acham que eu tenho razão. O que nós temos que os outros não têm? A comunicação social, doa a quem doer. Porque nós vemos televisões a encher horas e horas a falar pretensamente de futebol", acusou.

Quanto à perda de competitividade no panorama europeu, ao nível de clubes, que já levou Portugal a perder uma vaga na Liga dos Campeões na próxima temporada, culpa o sistema pontual da UEFA e afirmou que as prestações na Liga Conferência Europa do Arouca e Vitória de Guimarães prejudicaram o país.

"Os clubes que vão à Liga dos Campeões, em geral, têm uma boa prestação, os pontos para manter. Esta liga nova ‘confidencial’ ou lá como se chama, onde esteve o Arouca… Liga Conferência, é ridículo que uma liga que só uma ou duas pessoas sabem o nome valha tanto como uma vitória na final da Champions, é inconcebível. Foi a UEFA que decidiu, não em benefício de Portugal. Os pontos que o Porto, o Benfica ou o Braga façam na Liga dos Campeões têm de ser divididos com o Vitória do Guimarães e o Arouca, que não foram lá fazer nada", expressou.

Pinto da Costa pronunciou-se ainda sobre o polémico comentário do ex-futebolista Carlos Xavier em relação ao avançado Taremi, deixando críticas.

"Houve um antigo jogador que num canal desportivo referiu-se ao nosso Taremi como ‘o muçulmano’, ‘o muçulmano que não sabia nadar e agora só sabe mergulhar’, como um canal permite isto? Não sei se o SOS Racismo ou outras entidades vão reagir, ou a ERC, eu não sei. Se ele tivesse dado um beijo a uma mulher era um escândalo, mas o resto vale tudo", contestou.

A segunda edição do Thinking Football Summit decorre até dia 9 de setembro no Pavilhão Rosa Mota.