Pinto da Costa está de visita à Madeira, onde jantou com cerca de 300 portistas do arquipélago, num convívio que serviu para assinalar os seus 40 anos de presidência no FC Porto. O líder portista deu uma entrevista ao PortoCanal na noite deste sábado, onde abordou a atualidade portista mas também do futebol nacional.
Um dos temas abordados foi a relação institucional com os rivais Benfica e Sporting. Pinto da Costa garante que tem "ótimas relações com gente dos dois clubes" e deu o exemplo de Rui Coata.
"Tenho ótimas relações com gente dos dois clubes. Ainda agora o Benfica veio jogar a final do hóquei em patins ao nosso pavilhão e antes estivemos a confraternizar, convidei os diretores para vierem para o camarote e eles é que preferiram ficar lá em baixo. Dou-lhe o caso do Rui Costa. Sempre tive uma boa relação com ele, mesmo quando havia as guerras com Luís Filipe Vieira. Sempre nos cumprimentámos, fosse na Luz ou no Dragão. Sempre. O Rui Costa veio ao Porto, já estava sentado e veio ao meu lugar cumprimentar-me. No segundo jogo, na altura em que houve dois jogos seguidos no Dragão com o Benfica, quando eu entrei ele já estava sentado e eu fui ao lugar dele cumprimentá-lo. Isso gerou muitas críticas ao Rui Costa", recordou Pinto da Costa, criticando depois quem não aceite que dois presidentes de clubes rivais possam cumprimentar.
"Os paladinos dos clubes não aceitam que dois presidentes que se conhecem há muitos anos e fizeram uma guerra que levou a que, quando nós fomos jogar à Luz, o Rui Costa não me cumprimentou nem para mim olhou. Tenho a certeza de que ele não tem nada contra mim, mas sabe que se me cumprimentasse ia levar pancada porque me cumprimentou. Depois, há outros casos, que chegam a ponto de insultar, mas isso não me ofende nada. É uma questão de educação, que uns têm e outros não têm. Isso não me afeta nada. Entre os três clubes, há grupos de trabalho, de quadros de alto nível, que têm um perfeito entendimento e colaboram em coisas para a Liga. Isso é que conta. O resto não me faz diferença nenhuma. Eu ficava triste é se chegasse a casa e a minha cadela não me cumprimentasse", frisou.
Questionado sobre o momento dos rivais Benfica e Sporting, que já apresentaram muitos reforços, o presidente do FC Porto socorreu-se da ironia para responder.
"Fico muito preocupado. Até ando a tomar uns calmantes por cada nome que sai. Quando saiu o do Goetze, tive de tomar uma caixa de comprimidos para me acalmar. Depois deixei de tomar porque ele afinal não veio. É evidente que estou a brincar. Não fico nada preocupado", comentou.
Ainda sobre o mercado, Pinto da Costa garantiu que os clubes portugueses são obrigados a vender os melhores jogadores todos os anos e depois é difícil contratar devido ao elevado investimento que tem de ser feito. O líder portista criticou a carga fiscal que é aplicada e que coloca os clubes nacionais numa posição delicada.
"É evidente que todos os clubes portugueses, não é só o FC Porto, têm necessidade de vender. Nós estamos em grande desvantagem porque pagamos de impostos muitíssimo mais do que nos outros países. Se eu oferecer um milhão a um jogador, isso custa-me 2,2 milhões. Se um clube italiano oferecer um milhão a um jogador, custa-lhe menos de 1,5 milhões. Isso é uma desvantagem brutal e o nosso Governo, que se está a marimbar para os clubes, não altera isto, por muito que os clubes lhe façam ver que a qualidade do futebol português cada vez vai baixar mais. No ano passado, pagámos 50 milhões de impostos ao Estado. Bem sei que a TAP precisa de muito dinheiro, mas não o levem todo de nós", disse o líder portista, em jeito de crica ao Governo, recordando que os rivais Sporting e Benfica também foram obrigados a vender.
"Tivemos de vender o Vitinha? Tivemos. E o Benfica, quem teve de vender? O melhor marcador do campeonato, considerado o melhor jogador da prova. E o Sporting? Um internacional A, por 20 milhões. E não conseguiu manter o Sarabia, que foi um jogador influentíssimo. Portanto, em termos de saídas, isso não vai influenciar o equilíbrio das equipas porque todas perderam jogadores importantes. Talvez o Benfica tenha perdido o mais influente de todos, ou então [Darwin] foi mal escolhido como o melhor jogador do campeonato", completou.
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