Era uma das bandeiras eleitorais de Villas-Boas e acaba de ser cumprida. Depois de se inteirar de um conjunto de assuntos prementes para a vida desportiva e financeira do clube, o líder dos dragões vê realizada uma das suas mais valiosas promessas. E provavelmente uma das que lhe valeram mais votos.

De olhos postos na relação com os adeptos, que se pretende de proximidade e transparência, acaba de ser lançada uma plataforma para tornar expostos todos os detalhes das transferências de jogadores operadas no clube, bem como outras movimentações financeiras de relevo.

Desde logo, querem Villas-Boas e a sua equipa detalhar junto dos sócios e adeptos as condições contratuais estabelecidas nas compras e vendas de ativos, nomeadamente dando conta das comissões envolvidas em cada negócio. Como é sabido, uma das críticas mais sonantes à anterior administração, acusada não raras vezes pelos sócios de permitir a atribuição de valores elevados a vários intermediários, muitas vezes sem o conhecimento efetivo dos respetivos montantes.

A propósito, e através do denominado 'Portal da Transparência', confirma-se desde já a preocupação em divulgar detalhadamente as comissões de intermediação nos negócios. Apenas 9 dos 24 negócios implicaram custos de intermediação, cujo total é estimado em 2,88 milhões de euros. Um valor que pode subir até aos 3,38 milhões de euros, consoante o cumprimento de variáveis. Samu foi o reforço mais caro e o que obrigou a uma comissão mais alta. No que diz respeito às chegadas, só o avançado ex-Atlético de Madrid e Fábio Vieira exigiram o pagamento de comissões. Para o espanhol, um milhões de euros. Para o jogador formado nos dragões, 290 mil euros. Ambos à Gestifute, do empresário Jorge Mendes. Quanto a comissões de gestão, verba destinada, por exemplo, a prémios de assinatura dos, o FC Porto paga 1,05 milhões de euros.

Para Villas-Boas, o novo portal é um marco de mudança na vida do clube e dos sócios.

"Acima de tudo é um passo significativo em termos de transparência para o FC Porto e na relação do clube com os associados. O Portal da Transparência era uma das grandes bandeiras da campanha eleitoral que felizmente resultou na nossa eleição e lá encontraremos todas as políticas relacionadas com a SAD, com os negócios estruturantes do clube, os protocolos com os Grupos Organizados de adeptos e toda a informação relevante que deve estar disponível aos sócios de forma aberta e clara. Este é um passo significativo do qual nos honramos muito, fica acessível aos associados do FC Porto e, à medida que o clube for avançando rumo ao futuro, os sócios serão sempre os primeiros a ser informados."

Também esta terça-feira ficou a saber-se que os custos com os salários da administração portista caem 75% face à administração liderada por Pinto da Costa. Villas-Boas, por exemplo, abdica de qualquer vencimento como presidente do FC Porto.

Quanto à restante administração, as despesas em salários podem chegar aos 486 mil euros. Para efeitos de comparação, a anterior administração recebia 2 milhões de euros.

Da atual equipa, destaque para Pereira da Costa, detentor do vencimento mais elevado. O administrador executivo do FC Porto receberá 308 mil euros anuais acrescidos de 42 mil euros para despesas e alojamento. Sabe-se também que as remunerações variáveis ficam limitadas a 60% do valor do ordenado fixo. Carlos Gomes da Silva, vice-presidente, receberá 80 500 euros anuais, enquanto Ana Tavares Lehmann e Maria do Rosário Alves Moreira, administradoras não executivas, ganharão 28 mil euros anuais.

Em simultâneo, o portal esclarece também o número de associados do clube. O valor disparou face ao mesmo período do ano passado, com mais 7 mil sócios. São agora 131 037 mil. O registo diz respeito à ultima atualização, realizada a 15 de junho deste ano.