O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) lamentou, esta terça-feira, o clima "indiscriminado de suspeição sobre a conduta profissional dos futebolistas", na sequência das muitas denúncias levadas a cabo nas últimas semanas.

Recorde-se que jogadores como Fábio Pacheco (Marítimo), Tiago Silva (Feirense) e Vagner (Boavista) foram acusados de terem sido alegadamente aliciados, respetivamente, nos jogos contra Benfica (25.ª e 27.ª jornadas) e FC Porto (27.ª jornada).

A segunda parte do Estoril-FC Porto, do passado mês de fevereiro, também foi posta em causa.

No mesmo comunicado, o SJPF recorda que este clima "é alimentado, ora por acusações trocadas entre dirigentes ou trazidas pelos mesmos para o domínio público, sem que os visados sejam ouvidos ou possam defender-se, ora por outros agentes desportivos com responsabilidades no fenómeno."

Confira o comunicado do Sindicato dos Jogadores na íntegra:

Sindicato exige respeito pelos jogadores

Clima indiscriminado de suspeição sobre a conduta profissional dos futebolistas é inaceitável.

Ao longo da presente época, o Sindicato dos Jogadores tem tomado conhecimento de diversos casos de suspeição levantada sobre a conduta profissional de jogadores e diminuição das suas garantias laborais, nomeadamente através do afastamento do plantel e outras práticas que configuram assédio no trabalho.

Este clima é alimentado, ora por acusações trocadas entre dirigentes ou trazidas pelos mesmos para o domínio público, sem que os visados sejam ouvidos ou possam defender-se, ora por outros agentes desportivos com responsabilidades no fenómeno.

Apesar de existirem meios adequados para que os clubes e os seus dirigentes possam assacar responsabilidades aos jogadores, ou deixar a justiça funcionar regularmente, tem-se preferido mediatizar os casos, com as consequências negativas, em particular para o jogador e, em geral, para o futebol.

O Sindicato tem procurado tomar posição concertadora relativamente a cada caso, promover um clima de diálogo social e respeito, tendo em vista a salvaguarda da idoneidade dos profissionais de futebol e da atividade.

Sucede que, a cultura desportiva instalada e o comportamento de alguns dirigentes potenciam o aumento destes casos, influenciando o comportamento dos adeptos e gerando um clima de insegurança inaceitável. Coloca-se, inconscientemente, em perigo a integridade e bom nome dos jogadores.

Paralelamente, o Sindicato tem recebido contactos de inúmeros jogadores, que atuam em diferentes clubes e escalões competitivos, ponderando uma tomada de posição conjunta, caso se continuem a verificar episódios desta natureza.

Face ao exposto, tendo em vista criar condições de estabilidade à competição no que resta do campeonato, o Sindicato apela à responsabilidade dos dirigentes e agentes desportivos, a um verdadeiro diálogo social, ao maior respeito pelos protagonistas, disponibilizando-se para mediar qualquer conflito em que estejam envolvidos praticantes.

É absolutamente inadmissível que existam jogadores em Portugal a ser utilizados como "armas de arremesso" e julgados na praça pública, com exposição pessoal, familiar e profissional e ser indiferente a este comportamento, pelo que, se se mantiverem os ataques ao seu carácter, idoneidade e profissionalismo não hesitaremos em mobilizar a classe para uma tomada de posição conjunta.