A Comissão de Gestão do Sporting anunciou hoje que vai apresentar queixa em tribunal e ao presidente da Assembleia-Geral, depois de os seus elementos terem sido barrados à entrada no Estádio de Alvalade, para iniciarem funções no clube.
A Comissão de Gestão, nomeada pela Mesa da Assembleia-Geral demissionária, liderada por Jaime Marta Soares, foi hoje barrada de entrar a Alvalade, tendo sido “impedida pelo suspenso Conselho Diretivo, em mais uma violação das recentes decisões judiciais aplicáveis aos órgãos sociais legítima e legalmente reconhecidos”, aponta este órgão em comunicado.
No mesmo documento, o órgão descreve a atuação do Conselho Diretivo, liderado por Bruno de Carvalho, como um “ato prepotente e autoritário por parte de quem considera o Sporting como sua propriedade e não dos sócios”, e vai “apresentar de imediato a devida queixa ao presidente da Assembleia-Geral e ao tribunal competente”.
Por outro lado, a Comissão de Gestão manifestou “profunda preocupação com a degradação económica e financeira da SAD do Sporting, a qual resulta inequívoca na comunicação à CMVM dos respetivos auditores, PWC”.
O órgão refere-se a um comunicado da SAD de terça-feira, no qual revela que o auditor PWC considera existir uma ameaça à continuidade das operações da sociedade na sequência das rescisões de contratos de nove jogadores e uma impossibilidade de realização do valor de venda dos ativos no curto prazo.
A Comissão de Gestão pediu ainda uma “audição urgente ao presidente da AG e ao presidente do Conselho Fiscal da Sporting SAD” para trabalhar medidas que serão anunciadas “em breve”, tendo ainda comunicado aos bancos que trabalhem com os ‘leões’ “que se devem abster de quaisquer operações com o Conselho Diretivo suspenso de funções”, bem como a “todas as entidades empresariais ou desportivas” que mantenham relações com o emblema lisboeta.
“A Comissão de Gestão deliberou tomar as diligências apropriadas para concretizar com celeridade uma auditoria às contas do Sporting”, acrescenta.
A finalizar, a comissão deixou “uma palavra de apreço, de confiança e de estímulo relativamente ao futuro” do clube a todos os trabalhadores e colaboradores dos ‘verdes e brancos’.
A crise institucional no clube desencadeou-se após as agressões sofridas por vários elementos do plantel e da equipa técnica em 15 de maio, na Academia do Sporting, em Alcochete, levadas a cabo por cerca de 40 pessoas encapuzadas, dos quais 27 foram detidos e ficaram em prisão preventiva.
Na sequência das agressões, os futebolistas Rui Patrício, Daniel Podence, William Carvalho, Bruno Fernandes, Gelson Martins, Bas Dost, Ruben Ribeiro, Rodrigo Battaglia e Rafael Leão rescindiram os contratos de forma unilateral, alegando justa causa.
Depois destes acontecimentos, a maioria dos membros da Mesa da Assembleia Geral (MAG) e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da direção apresentaram a sua demissão, defendendo que Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.
Após duas reuniões dos órgãos sociais, o presidente demissionário da MAG, Jaime Marta Soares, marcou uma Assembleia Geral para votar a destituição do Conselho Diretivo (CD), para 23 de junho e criou uma comissão de fiscalização para evitar o vazio provocado pela demissão da maioria dos elementos do CFD.
O CD, que não reconhece legitimidade a esta decisão, criou uma comissão transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma AG ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, análise da situação do clube e para esclarecimento aos sócios, e marcou uma AG eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho.
Dando provimento a uma providência cautelar interposta pela MAG, o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa considerou ilegal a comissão transitória da MAG nomeada pela direção do Sporting, bem como as reuniões magnas por esta marcadas.
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