O Tribunal da Relação de Lisboa confirmou esta quinta-feira a pena suspensa de quatro anos e meio de prisão aplicada ao antigo vice-presidente do Sporting Paulo Pereira Cristóvão, no âmbito do ‘caso Cardinal’, mas reduziu a indemnização para 25.000 euros.

Fonte da Relação de Lisboa explicou à agência Lusa que “foi confirmada toda a decisão” da primeira instância, com exceção da indemnização a pagar ao antigo árbitro assistente de futebol José Cardinal, que foi reduzida de 40.000 para 25.000 euros.

Em maio de 2016, o Tribunal Central de Lisboa condenou Paulo Pereira Cristóvão a quatro anos e seis meses de prisão, com pena suspensa e sujeito a regime de prova, e ao pagamento de 40.000 euros, por danos não patrimoniais, a José Cardinal, tendo a defesa do também ex-inspetor da Polícia Judiciária interposto recurso para o Tribunal da Relação de Lisboa.

Segundo a acusação do Ministério Público (MP), Paulo Pereira Cristóvão terá pedido ao seu colaborador Rui Martins para ir ao Funchal efetuar um depósito de 2.000 euros na conta de Cardinal, para posteriormente o acusar de ter sido subornado antes de um jogo entre o Sporting e o Marítimo.

Paulo Pereira Cristóvão era também acusado de ter criado uma lista com dados pessoais de árbitros, 35 dos quais reclamaram o pagamento de indemnizações cíveis, por se sentirem intimidados com a divulgação da mesma, tendo o antigo dirigente sido condenado então ao pagamento de 500 euros a cada um, num total de 17.500 euros.

O tribunal considerou como provados dois crimes de peculato, um de acesso ilegítimo e um de denúncia caluniosa.

O Sporting foi absolvido de qualquer envolvimento na tentativa de suborno ao antigo árbitro.

O outro arguido no processo, Vítor Viegas, um colaborador próximo de Paulo Pereira Cristóvão, foi absolvido de todos os crimes que estava acusado.

O Sporting, que foi testemunha no processo, garantiu ter dado imediato conhecimento à Federação Portuguesa de Futebol, da receção de uma carta que denunciava um alegado suborno ao árbitro assistente que deveria ter integrado a equipa de arbitragem de um jogo entre os ‘leões’ e o Marítimo.

Em tribunal, Godinho Lopes, à data presidente do clube, reconheceu que sabia que era feita vigilância aos jogadores, admitindo ter sido "demasiado 'naif'" em certos aspetos, nomeadamente na delegação de competências em Paulo Pereira Cristóvão.

Paulo Pereira Cristóvão está a ser julgado em Lisboa num outro processo de assaltos a residências.

O antigo vice-presidente do Sporting está ainda acusado, num terceiro processo, de corrupção ativa pelo MP, por ter obtido dados sigilosos de 196 árbitros de futebol.

No despacho de acusação, ao qual à agência Lusa teve acesso, existem ainda mais 12 arguidos, por alegadamente terem ajudado o antigo dirigente ‘leonino’ a elaborar a lista: três funcionários das Finanças, três advogados, um engenheiro, dois técnicos oficiais de contas, um comercial, um gráfico e uma colaboradora de um banco.