Em nova sessão do julgamento em que o presidente da SAD e os administradores são acusados pelo crime de abuso de confiança fiscal na forma continuada, Mário Cruz reafirmou as dificuldades de liquidez da sociedade.

«Temos dois meses de salários em atraso», assumiu o administrador, quando questionado pelo juiz sobre o património, receitas e situação financeira da União de Leiria, SAD.

Perante o tribunal, Mário Cruz sublinhou que as receitas da SAD provêm maioritariamente da venda dos direitos sobre as transmissões televisivas, de 1,8 milhões de euros por época. 

A este rendimento juntou-se, na última época, cerca de 100 mil euros de venda de bilhetes, e já nesta, um patrocínio nas camisolas equivalente a 100 mil euros, ainda por pagar.

Quanto ao património, segundo o administrador, a União de Leiria SAD não tem mais do que os passes dos jogadores. 

Na sessão de hoje, apenas Mário Cruz compareceu no Tribunal de Leiria. O presidente João Bartolomeu apresentou um atestado médico, justificando a ausência por «problemas ortopédicos». O outro arguido, António Bastos, ex-administrador da SAD, está em parte incerta desde 30 de novembro e também faltou à audiência.

O julgamento apura a responsabilidade da administração da SAD na retenção de um total de 356.644,41 euros, relativos ao IRS, dos salários de funcionários, jogadores e treinadores de março a outubro de 2009.

A União de Leiria SAD iniciou um processo extrajudicial de conciliação com as Finanças em setembro de 2010, para pagamento faseado da dívida ao Estado, que ronda, atualmente, os 70 mil euros.

Apesar de faltar ouvir uma testemunha, o juiz considerou estar feita a prova dos factos, iniciando a audição dos arguidos sobre as condições económicas e sociais dos mesmos.

O julgamento prossegue no Tribunal de Leiria a 17 de janeiro.