Pinto da Costa lançou hoje a sua recandidatura à presidência do FC Porto nas eleições do vice-campeão nacional de futebol para o quadriénio 2024-2028, que devem decorrer em abril, com duas condições por si fixadas ainda em curso.

Em 21 de novembro de 2023, numa entrevista ao canal televisivo SIC, o dirigente tinha nomeado “três preocupações grandes” como objetivos a alcançar a curto prazo no clube, antes de se pronunciar sobre se iria concorrer a um 16.º mandato consecutivo no cargo.

Imagens da apresentação da candidatura de Pinto da Costa

“Em primeiro lugar, que esse barulho das redes sociais não chegue à equipa e que esta esteja tranquila para atingir os objetivos, que são passar aos oitavos de final da Liga dos Campeões. A segunda preocupação é que em dezembro, dentro da estratégia traçada, possamos apresentar lucro e ter capitais próprios positivos. Se não forem positivos, que sejam perto de positivos. Em terceiro lugar, [construir] a nossa academia na Maia, cujos projetos já estão feitos. É pôr as máquinas no terreno, porque o resto está feito”, referiu.

O único pressuposto selado até à data foi o acesso à fase seguinte da ‘Champions’, que aconteceu três semanas depois da entrevista de Pinto da Costa, fruto de uma vitória na receção aos ucranianos do Shakhtar Donetsk (5-3), da sexta e última ronda do Grupo H.

Campeões europeus em 1986/87 e 2003/04, os ‘dragões’ consumaram 12,4 milhões de euros (ME) de ‘encaixe’ adicional pela 14.ª presença da sua história, e segunda seguida, nos oitavos de final, passando a totalizar 62,591 ME em receitas atribuídas pela UEFA.

O FC Porto foi a única equipa portuguesa a superar a fase de grupos da atual edição da principal competição europeia de clubes e defrontará os ingleses do Arsenal na próxima ronda, com duelos previstos para 21 de fevereiro, no Porto, e 12 de março, em Londres.

A progressão da equipa treinada por Sérgio Conceição na Liga dos Campeões deve ser fulcral para o equilíbrio financeiro da SAD, cujo relatório e contas do primeiro semestre desta temporada vai ser lançado em meados de fevereiro, anunciou hoje Pinto da Costa.

“Não poderei revelar por imposição da lei e da CMVM [Comissão do Mercado de Valores Mobiliários], mas, se estou aqui [a anunciar a recandidatura], é porque dentro de uma ou duas semanas iremos apresentar um saldo positivo de algumas dezenas de milhões de euros e capitais próprios positivos”, indicou o dirigente, ao discursar no Coliseu do Porto.

Em 13 de outubro, data da publicação do balanço financeiro do exercício findo em 30 de junho, os ‘azuis e brancos’ apresentaram um resultado líquido negativo de 47,627 ME, invertendo uma trajetória de lucro visível em 2020/21 (19,3 ME) e 2021/22 (20,765 ME).

O administrador da FC Porto SAD com o pelouro financeiro, Fernando Gomes, explicou esse prejuízo com um estratégico adiamento da saída de Otávio para lá de 15 de julho, momento em que a cláusula de rescisão do influente médio cresceu de 40 para 60 ME.

O internacional português viria a tornar-se a venda mais alta do clube em 22 de agosto, quando os sauditas do Al Nassr, orientados por Luís Castro e com Cristiano Ronaldo no plantel, pagaram 60 ME, montante que estará englobado no próximo relatório e contas.

Há precisamente dois meses, o FC Porto tinha transmitido à CMVM que previa alcançar resultados financeiros “francamente positivos”, além de “melhorar substancialmente” os capitais próprios negativos de 175,980 ME observados no final do exercício de 2022/23.

Mesmo sem ter garantido naquela fase que esse valor contabilístico “será já positivo” no próximo balanço, a SAD encetou algumas operações para o melhorar, entre as quais a assinatura de um acordo por 15 anos com a empresa norte-americana Legends para a exploração comercial do Estádio do Dragão, cujo montante envolvido não foi divulgado.

Habituada a trabalhar com competições internacionais de renome e alguns dos maiores clubes mundiais, a Legends comprometeu-se a procurar parcerias para o clube, além de patrocínios e ‘naming’ para o estádio, enquanto Fernando Gomes disse ao jornal O Jogo que há outro acordo celebrado com um “peso-pesado” do mesmo universo empresarial.

Pinto da Costa tem ainda no horizonte a construção de uma academia ‘azul e branca’ no futuro Parque Metropolitano da Maia, desígnio assumido em setembro, quando falava na gala Dragões de Ouro e frisou que o financiamento já estava integralmente assegurado.

O presidente do atual terceiro colocado da I Liga garantiu que esse “grande sonho ia ser uma realidade” a partir do primeiro trimestre de 2024, mas, há quase um mês, o autarca António Silva Tiago avisou que a hasta pública para venda dos 11 hectares da Câmara Municipal da Maia nos terrenos destinados à obra iria ser feita “nas próximas semanas”.

Localizada entre as freguesias de Nogueira e Silva Escura e de São Pedro Fins daquele município limítrofe do Porto, a nova academia do FC Porto vai ter, entre outras valências, um estádio com 2.500 lugares cobertos e nove campos relvados com dimensões oficiais.

A empreitada estende-se por cerca de 20 hectares e está a ser conduzida pelo arquiteto Manuel Salgado, autor dos projetos do Estádio do Dragão e do pavilhão Dragão Arena.