O presidente do Gil Vicente, António Fiúza, pediu hoje a demissão da Comissão de Auditoria da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), dizendo que é necessário “limpar o lixo tóxico” das inscrições nas competições profissionais.

“É preciso coragem para denunciar as irregularidades que ano após ano vêm acontecendo no futebol português”, disse Fiúza, em conferência de imprensa, acrescentando que esta é a oportunidade para “limpar todo o lixo tóxico que assola os processos dos pressupostos das candidaturas”.

O presidente gilistas deu o exemplo do Elche, que foi despromovido pelo Tribunal Arbitral do Desporto Espanhol devido a dívidas ao estado e a jogadores.

O presidente do Gil Vicente exigiu a demissão da Comissão Técnica de Estudos e Auditoria da Liga pois foi conivente com irregularidades, mostrando-se convencido de que “nada vai ficar como dantes” e apela ao poder político, “que tem ajudado alguns clubes e tem sido conivente com o sistema de incumprimento”, para “não se meter neste assunto para bem do futebol”.

“O Gil Vicente não está contra ninguém, apenas quer a verdade desportiva”, disse Fiúza, que admitiu a hipótese de “solicitar uma audiência à ministra das Finanças, pois o país está a ser lesado com estas irregularidades”.

Na conferência de imprensa estiveram presentes dois membros do departamento jurídico do clube, Pedro Macieirinha e Vítor Fernandes, com o primeiro a garantir que “o interesse do Gil Vicente neste assunto começou antes de ter terminado o campeonato da época passada”.

“O clube procurou indagar, junto das entidades competentes, nomeadamente na Segurança Social e nas Finanças, as situações de possível incumprimento de outras SAD que participavam na prova”, disse Macieirinha, afirmando estranhar que o governo “não responda às sociedades desportivas”.

“Interpelámos os diretores gerais em maio e até agora não recebemos resposta. (...) Perante esta situação, o Gil Vicente viu-se obrigado a visitar a Liga para verificar, uma a uma, todas as candidaturas e encontrámos algumas irregularidades. Ficámos surpreendidos quando verificámos que em algumas candidaturas eram assumidas dívidas que, à partida, determinariam a exclusão dessas candidaturas, e acabaram por ser aceites. Isso motivou o nosso recurso para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol”, referiu.

Pedro Macieirinha salientou que, no caso do Vitória de Setúbal, a dívida é de quatro milhões de euros, relativo ao IVA, e a parte retida no salário dos futebolistas vem mencionada no relatório e contas, manifestando perplexidade pelo facto de a Comissão Técnica de Estudos e Auditoria ter aceitado esta candidatura.

“Reparámos também que o Vitória de Setúbal, de ano para ano, tem aumentado em 20% a sua dívida. Em 2013 devia cinco milhões ao estado, em 2014 já estava em seis milhões, altura em que conseguiu fazer um acordo com as finanças para pagamento desse valor em prestações. Mas, perante o relatório e contas do ano seguinte, esse pagamento não terá sido feito”, referiu.

Macierinha diz que, em função disso, o clube enviou “cartas para o diretor de finanças da área de Setúbal” e considera que há “concorrência desleal”, pois o Gil Vicente, que em quatro anos pagou quatro milhões e meio de impostos”, “poderia perfeitamente ter investido esse dinheiro na sua equipa de futebol e evitado ter descido à II Liga”.

Relativamente ao Boavista, Pedro Macieirinha afirmou que também encontraram irregularidades e exibiu a cópia de uma certidão das finanças, passada ao Boavista, na qual se diz claramente que o clube não tem a sua situação contributiva regularizada.

“Não compreendemos como a Liga, perante uma certidão que, no seu texto, diz que a situação contributiva não está regularizada, aceita a candidatura sem qualquer tipo de interpelação às finanças. A dívida ascende a 18 milhões de euros. Diz também que a mesma entra no acordo estabelecido para pagamento faseado, mas para isso o Boavista teria que apresentar garantias de ter feito esse acordo de pagamento. Com efeito o clube apresentou, mas o estado não a aceitou”, disse.

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