António Simões, que fez parte da magnífica geração da década de 60, que conquistou uma Taça dos Campeões pelo Benfica e o 3º lugar no Mundial de 1966 pela seleção portuguesa, comentou os dois primeiros jogos da equipa das quinas na Luz, referente à qualificação para o Euro2020, tendo resultado em dois empates, diante da Ucrânia e Sérvia.
“A exibição me pareceu tão má como andam por aí a comentar. A maior parte das pessoas não comentam o jogo, mas sim o resultado. Em Portugal temos cultura clubistíca, mas não nacionalista. A seleção não esteve nada mal, muito pelo contrário, criou mais oportunidades de golo no jogo com a Sérvia do que com a Ucrânia. Há algum condicionalismo com a presença do Cristiano, que carece, mas diminuiu alguma independência intelectual em alguns jogadores, como é o caso de André Silva, porque sentiu que tinha de tomar conta daquilo”, começou por dizer António Simões, em declarações exclusivas ao SAPO Desporto.
Quem também está debaixo de fogo das críticas por parte dos adeptos portugueses é o selecionador Fernando Santos, um ‘movimento’ ao qual António Simões não quer fazer parte.
“Não critico treinadores, opções ou rendimento, critico comportamentos. Percebo a ideia do Fernando ao por dois jogadores mais conservadores no meio-campo, para libertar todos os outros. Entendo que um excesso de zelo pode retirar alguma virtude. O quão diferente seria se tivéssemos ganho 2-1, com o mesmo jogo, os mesmos jogadores e um resultado diferente? Até se o árbitro tivesse seguido os seus instintos e assinalado grande penalidade a favor de Portugal, a história seria outra e ninguém estaria a criticar um homem que tem uma carreira brilhante. Acredito que as críticas que foram feitas deste empate, teriam desaparecido se tivéssemos ganhado, repito, fala-se do resultado e não do jogo. É um problema cultural e não futebolístico”.
Portugal somou apenas dois pontos, em seis possíveis, nos jogos disputados no Estádio da Luz, mas a antiga glória futebolística acredita que a seleção lusa irá qualificar-se para o Euro2020. O problema, diz ele, é os portugueses acharem que, devido ao estatuto de campeão europeu, Portugal têm de vencer sempre.
“Não é nada agradável ter dois jogos em casa e fazer dois pontos em vez de seis, mas também não precisamos de entrar em depressão. Temos todas as possibilidades e capacidades de seguir em frente para o Euro2020, não temos que, até lá, bater com a cabeça. O problema é que atingimos um estatuto de tal forma na Europa que as pessoas acham que temos de ganhar 3-0 a Ucrânia e 4-0 à Sérvia, que são as seleções mais fortes do nosso grupo”, afirmou, aproveitando para esclarecer que, atualmente, existe um conhecimento transversal por parte de outras seleções.
“O conhecimento do treino é igual para todos. Hoje em dia só não trabalha bem quem não quer ou quem é preguiçoso. As distâncias do conhecimento são cada vez mais encurtadas. Isto não elimina aquilo que é a grande influência decisória de que quem tem mais talento ganha mais vezes. Felizmente, temos talento”.
Depois dos dois primeiros encontros, a seleção portuguesa vai receber o Luxemburgo no Estádio José Alvalade, em Lisboa, em jogo do Grupo B de qualificação para o Euro2020, a disputar em 11 de outubro, depois das deslocações à Sérvia e à Lituânia, em 07 e 10 de setembro, respetivamente, também de qualificação.
Antes destes encontros, a equipa das quinas vai disputar a ‘final four’ da Liga das Nações, com a meia-final frente à Suíça, em 05 de junho, no Estádio do Dragão, no Porto, e a final ou o jogo de atribuição do terceiro lugar, igualmente no Porto ou no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães.
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