Portugal está no Mundial2018. Os lusos bateram a Suíça por 2-0 na derradeira jornada do Grupo B do apuramento europeu. Os comandados de Fernando Santo terminaram com os mesmos pontos dos helvéticos, mas com vantagem na diferença de golos (28 contra 16).

O jogo: Djourou errou no passaporte, André Silva carimbou a passagem

Portugal parece ter tomado o gosto a finais. Depois de derrotar a França em 2016 em pleno Stade de France para se sagrar campeã da Europa, os lusos voltaram a dizer ´sim` ao chamamento do ´Engenheiro`. O jogo com a Suíça era um final e foi tratada como tal. A vitória que garantiu o último voo direto para a Rússia teve doses de magia, mas também de felicidade.

Numa Luz que costuma ser talismã para a seleção de Portugal, a formação de Fernando Santos não desiludiu os 61566 que disseram presente (desses, cinco mil eram suíços) e apurou-se pela quinta-vez seguida para uma grande prova de futebol.

No dia em que completou 63 anos, o Engenheiro foi pelo caminho mais óbvio e escolheu um onze sem supressas, com Cédric a ocupar o lugar de Nelson Semedo na direita, William no posto de Danilo e Ronaldo ao lado de André Silva, isso em relação a equipa que bateu Andorra no sábado. Os helvéticos, que só precisavam de um empate para continuar no primeiro, tinham no benfiquista Seferovic a grande aposta no que a golos diz respeito.

A verdade é que no primeiro tempo, Portugal sentiu inúmeras dificuldades para criar perigo. O jogo interior era travado pelos três médios da Suíça, que não deixavam a sua zona defensiva descoberto. Pelo exterior, os cruzamentos de Portugal não saíam. E quando saíam, eram mal direcionados. O primeiro sinal de perigo luso só apareceu aos 38 minutos, num remate de Bernardo Silva que Sommer defendeu com os punhos.

Mas, perto do intervalo, ´caiu` do céu a vantagem que Portugal tanto desejava, mas que quase nada tinha feito para a merecer. Um cruzamento de Eliseu, aos 42, encontrou Djourou embrulhado com João Mário e Sommer na pequena área. O desvio é do central suíço, a vantagem é lusa. Faltavam 45 minutos para o ´voo` direto para a Rússia.

Os comandados de Petrovic até nem tinham estado mal no primeiro tempo. Tinham conseguido estancar o jogo de Portugal e ainda tinham conseguido ir lá a frente, embora sem arriscar muito. Depois de uma primeira parte que até tinha corrido bem em termos defensivos, esperava-se uma Suíça mais atrevida, a apostar mais no ataque para entrar na discussão da vitória. As mudanças de Petrovic não surtiram efeito até porque Portugal passou a jogar mais junto, subindo um pouco a linha defensiva, que ficou mais perto do meio-campo, o que ajudou a estancar o jogo ofensivo dos suíços. Seferovic, a lutar entre Pepe e Fonte, e Xaqiri, ainda tentaram, mas estavam sós nessa luta.

E quando André Silva fez o 2-0 aos 57, marcando assim a única equipa que ainda não tinha sofrido golos do ex-FC Porto, os suíços parecem ter desistido. Fernando Santos aproveitou para povoar ainda mais a zona intermédia, com a entrada de André Gomes e mais tarde de Danilo, fechando assim todos os caminhos para a baliza de Patrício. E a Luz só não viu uma goleada porque Bernardo Silva e Ronaldo falharam dois golos cantados. Portugal vinga-se assim da única derrota que sofreu nesta fase de apuramento e fica em primeiro do grupo B, com os mesmos pontos da Suíça, mas com mais golos marcados.

Atenção Rússia, que aí vem o campeão europeu.

Momento-chave: Infelicidade de Djourou ´descansa` 10 milhões de portugueses

Portugal vinha sentindo dificuldades ao longo do primeiro tempo para criar situações de golo. E numa das poucas boas jogadas que conseguiu criar pelo lado esquerdo, Eliseu cruzou tenso, João Mário atrapalhou Sommer e Djourou, com o central suíço a ser infeliz e a desviar para a própria baliza.

Polémica: dois pedidos de penálti ignorados por Çakir

A equipa de arbitragem liderada pelo turco Küneyt Çakir não teve muito trabalho. Mesmo assim houve pedidos de penálti de parte a parte. Aos 21 minutos André Silva caiu na área num lance com Lichtsteiner, com o português a pedir penálti. O árbitro mandou seguir.

Aos 32, novamente uma queda, mas na outra área, entre dois conhecidos. Eliseu disputou a bola com Seferovic, o suíço caiu no relvado e ficou a pedir grande penalidade. Mais uma vez, Çakir nada assinalou.

Os melhores: Bernardo trouxe magia e o público gostou

Os lances de maior perigo de Portugal saíram dos pés ´mágicos` de Bernardo Silva. O jogador do Manchester City traz outra qualidade ao jogo, quer pela forma como conduz a bola, ganhando metros e levando Portugal para a frente, como pela inteligência com que lê o jogo. Serviu André Silva para dar a ´machadada final` no jogo e esteve perto de marcar: primeiro foi Sommer a travar um remate que levava selo de golo aos 32. Nos descontos foi Zakaria recuperar de um bailado do pequeno génio para negar-lhe o tento.

Ambiente fantástico no estádio da Luz, com quase 62 mil a puxarem por Portugal. O público disse ´presente` e ´empurrou` os lusos para Rússia. Tudo começou com uma coreografia fantástica, no decorrer do jogo houve a onda mexicana, que ´varreu` as bancadas por diversas vezes. E no final cantou-se ´A Portuguesa`, com os 61566 presentes a encherem os pulmões para cantarem o hino de Portugal.

Os piores: CR7 falhou um golo cantado. Mexidas de Petrovic só pioraram helvéticos

A Suíça em estava mal no jogo no primeiro tempo. Tinha conseguido manter Portugal longe da sua área, ao mesmo tempo que ia tendo bola para subir no terreno. Mas Petrovic mexeu ao intervalo, retirando o amarelado Remo Freuler e lançando Denis Zakaria. A partir daí a equipa perdeu o controle da zona central e nunca mais se encontrou.

Todos os olhos estavam postos em Cristiano Ronaldo. O capitão não quis dececionar e tentou o golo de todas as formas, mas sem sucesso. Nalgumas situações precipitou-se na decisão, rematando em vez de passar ou tentando o drible quando a jogada pedia uma outra ação. Aos 80 minutos teve o golo nos pés, mas, isolado por João Mário, perdeu-se em fintas com o guarda-redes em vez de rematar. Não era a noite de Ronaldo.

Reações:

José Fonte: "Sabe muito bem estar no Mundial"

João Moutinho: "Primeiro objetivo será passar a fase de grupos"

João Mário: "Portugal é candidato, mas não somos favoritos"

William Carvalho: "Esperamos fazer uma grande campanha no Mundial"

Fernando Santos. "Vou com esta equipa até ao fim do mundo"

Curiosidades

Portugal está numa fase final de um Mundial pela quinta vez consecutiva.

Esta foi a melhor fase de qualificação da história de Portugal, com nove vitórias e uma derrota.

Esta é a 10.ª presença consecutiva de Portugal na fase final de uma grande competição, um perfeito ’10 e 10’ que contrasta com apenas quatro participações nas primeiras 26 edições de Europeus e Mundiais.

Portugal faz o pleno de presenças em Europeus e Mundiais desde 2000, estatuto que comparte com quatro ‘gigantes’, três dos quais igualmente com lugar garantido na Mundial2018.

A formação das ‘quinas’ manteve o pleno de triunfos em jogos decisivos no estádio do Benfica, onde já havia assegurado lugar no Europeu de 2012, bem como, no anterior estádio, nos Europeus de 1984, 1996 e 2000 e no Mundial de 2002. A ‘casa’ do Sport Lisboa e Benfica reforçou o estatuto de palco privilegiado dos apuramentos, ao ostentar seis dos 13 conseguidos pela principal seleção portuguesa de futebol.

Ronaldo voltou a ser determinante na caminhada, apesar de ter ficado em branco frente a Suíça. Em nove jogos, CR7 apontou 15 golos, incluindo o seu primeiro ‘póquer' com a camisola das ‘quinas'.

Destaque também para André Silva que marcou a todos os adversários de Portugal nesta ronda de qualificação.