O treinador português José Mourinho regressa a Itália na próxima época, para suceder a Paulo Fonseca o comando da equipa de futebol da Roma, mas encontrará uma realidade substancialmente diferente da passagem triunfante pelo Inter Milão.
Entre 2008/09 e 2009/10, Mourinho, no apogeu de uma carreira vitoriosa que tinha ganhado expressão no FC Porto e no Chelsea, levou os ‘nerazzurri’ à conquista de dois títulos italianos (2008/09 e 2009/10) e uma Liga dos Campeões, em 2010, que escapava ao clube de Milão há 45 anos.
Numa era de domínio incontestado do Inter, durante o qual a Juventus sarava as feridas do escândalo ‘Calciopoli’ (do qual resultou, inclusive, a despromoção à Série B da atual equipa de Cristiano Ronaldo), o treinador português ergueu ainda uma Taça de Itália (2009/10) e uma Supertaça transalpina (2008/09).
A saída de Mourinho para o Real Madrid, em 2010, coincidiu com o regresso da hegemonia do clube de Turim e o título de campeão italiano alcançado nesse ano, que culminou uma série de cinco consecutivos do Inter, foi mesmo o último dos milaneses, até ao conquistado no domingo.
Será um cenário bem diferente aquele que espera o treinador português na próxima temporada: em vez de uma equipa tricampeã, constituída por alguns dos melhores futebolistas do seu tempo, herdará de Paulo Fonseca um conjunto decadente, que procura agarrar-se a um lugar de qualificação para a Liga Conferência Europa em 2021/22.
Sétima classificada na Série A, com apenas dois pontos de vantagem sobre o Sassuolo, a Roma procura desesperadamente assegurar um lugar na nova prova europeia e o futuro técnico dos romanos, de 58 anos, corre o sério risco de disputar apenas as provas nacionais na próxima época.
O acesso à ‘Champions’ pela via da Liga Europa também parece definitivamente comprometido para os romanos, depois da goleada por 6-2 sofrida ante o Manchester United, na primeira mão das meias-finais, cabendo a Mourinho ‘colar os cacos’ deixados pelo compatriota.
Se Mourinho abandonou Itália de forma triunfal, regressará na fase mais negativa da carreira, após três despedimentos sucessivos - Chelsea, em 2015, Manchester United, em 2018, e Tottenham, há apenas duas semanas - e sem qualquer título conquistado desde 2017, a Liga Europa, na primeira época como treinador dos ‘red devils’.
Foi, precisamente, na segunda prova continental de clubes, que Mourinho se deu a conhecer à Europa do futebol, em 2003, quando venceu a Liga Europa no comando do FC Porto, proeza que superou no ano seguinte, perante o espanto generalizado, quando levou os ‘dragões’ à improvável conquista da Liga dos Campeões.
A mudança para o Chelsea trouxe novas conquistas, para o treinador e o clube londrino, mas apenas internas (o histórico título inglês em 2005, após 50 anos de ‘jejum’, e a revalidação em 2006), acabando mesmo por ser dispensado em 2007, e a glória europeia só chegou de novo no Inter, em 2010.
A mudança para o Real Madrid, numa altura de supremacia quase absoluta do FC Barcelona, traduziu-se, ainda assim, na conquista do título espanhol, em 2012, antes do regresso ao Chelsea, que proporcionou ao técnico o terceiro cetro de campeão inglês, em 2015.
Mourinho não chegou ao fim daquele ano nos ‘blues’, sendo despedido pela segunda vez do clube londrino em dezembro, destino idêntico ao que conheceu depois no Manchester United e no Tottenham. Apesar das aparências o contrariarem, o treinador português parece acreditar que a Roma é o veículo ideal para regressar à ribalta.
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