Leiria tem sido, por estes dias, a capital do futebol nacional. A cidade voltou a receber a Final Four da 16.ª edição da Taça da Liga. Quatro equipas procuravam o título de campeão de inverno, mas Arouca e Académico de Viseu já ficaram pelo caminho e nesta corrida estão agora o Sporting e FC Porto.
A Taça da Liga é disputada por todos os emblemas dos dois escalões profissionais, ou seja da I e II ligas e não há um formato fixo da prova, já que a mesma sofreu várias alterações ao longo dos 16 anos de competição. Nos últimos anos tem-se aplicado o esquema de distribuição de clubes por grupos e os primeiros classificados disputam a Final Four, como nome indica quatro equipas disputam as meias finais e depois a grande final.
Longe vão os tempos em que a Taça da Liga era menosprezada, agora os clubes ditos grandes passaram a olhar para ela de outra forma e hoje em dia todos querem vence-la.
Além do prestígio, o vencedor leva para casa 400 mil euros, mas, ao contrário de outros países, a Taça da Liga em Portugal não garante uma vaga nas provas europeias.
Com a chegada do novo formato da Liga dos Campeões para 2024, com mais equipas em prova, a Liga Portugal tem agora pouco mais de um ano para repensar a Taça da Liga e tudo indica que seja eliminada a fase de grupos, passando a disputar-se apenas a Final Four e num destino estrangeiro, de forma a promover o futebol português. É sobre o passado e o futuro da Taça da Liga que falamos neste Slow Talk.
Helena Pires, diretora executiva da Liga Portugal, está connosco na antecâmara de mais uma final da Taça da Liga, a 16.ª edição da prova, que será disputada pelo Sporting e FC Porto no próximo sábado, às 19h45, em Leiria.
Veja o episódio com Helena Pires, diretora executiva da Liga Portugal
Tudo o que precisa de saber sobre a Taça da Liga ao longo dos últimos 16 anos
O Benfica é o ‘rei’ da história da Taça da Liga em futebol, com sete títulos, em 16 edições, secundado pelo Sporting, vencedor de quatro das últimas cinco edições de uma competição que o FC Porto nunca ganhou.
Em vésperas da final da Taça da Liga, os leões procuram o quinto título e os dragões o primeiro, querendo inscrever o seu nome no historial da prova, onde o Benfica domina.
Os encarnados ganharam sete de oito finais disputadas, a primeira sob o comando do espanhol Quique Flores, em 2008/09, a última com Rui Vitória, em 2015/16, e, pelo meio, cinco com Jorge Jesus, em 2009/10, 2010/11, 2011/12, 2013/14 e 2014/15. Só não venceram a do ano passado, perdida para o Sporting.
Por seu lado, o Sporting ganhou em 2017/18, com o treinador holandês Marcel Keizer, em 2018/19, liderado por Jesus, que somou o sexto troféu, na época 2020/21 e 2021/22 com Rúben Amorim à frente da equipa.
Além dos dois ‘grandes’ de Lisboa, apenas o SC Braga conta mais do que um título, mais precisamente dois, conquistados em 2011/12, com José Peseiro, e em 2018/19, no curto período em que teve Rúben Amorim como técnico.
Num palmarés em que o FC Porto continua ausente, sendo recordista de finais perdidas, com quatro (2009/10, 2012/13, 2018/19 e 2019/20), arrebataram ainda a Taça da Liga o Vitória de Setúbal, de Carlos Carvalhal, na primeira edição (2007/08), e o Moreirense, de Augusto Inácio (2016/17).
Individualmente, Rúben Amorim é aquele que tem o melhor palmarés, com nove títulos, seis como jogador, cinco ao serviço do Benfica e um pelo Sporting de Braga, e três como técnico, um pelos arsenalistas e dois pelos Leões, contra sete do central Luisão, que esteve em todos os títulos encarnados. O treinador do Sporting pode, assim, somar em Leiria o seu 10.º caneco.
No coletivo, o Benfica, mesmo sem títulos nas últimas seis edições, é líder indiscutível, com os sete títulos e nem uma derrota para amostra na fase de grupos.
Os encarnados somam 42 vitórias, 17 empates e apenas cinco derrotas: uma na final da época passada diante do Sporting, outra na segunda mão dos quartos, com o Vitória de Setúbal (2007/2008) e três nas meias-finais, com Moreirense (1-3, em 2016/17), FC Porto (1-3, em 2018/19) e Sporting de Braga (1-2, em 2020/21), num total de 60 jogos.
Antes de iniciado o domínio das águias, foi o Vitória de Setúbal a ganhar a primeira edição, ao afastar Gondomar (3-0 fora), SC Braga (2-0 em casa) e Benfica (1-0 fora e 2-1 em casa), vencer a fase de grupo, perante Sporting, Penafiel e Beira-Mar, e superar os leões na final.
Os sadinos, que já haviam batido o Sporting por 1-0 na fase de grupo, impuseram-se na lotaria das grandes penalidades (3-2), com o guarda-redes Eduardo como herói.
O Benfica venceu pela primeira vez em 2008/09, impondo-se nos penáltis (3-2) ao Sporting. Pereirinha adiantou os leões (48 minutos), mas um penálti, inexistente, de Reyes (76) atirou a decisão para a lotaria, na qual Quim foi protagonista, ao parar Rochemback, Derlei e Hélder Postiga.
Na época seguinte, já com Jorge Jesus, a vitória foi categórica, pois incluiu um 4-1 em Alvalade, face ao Sporting, nas meias-finais, e um 3-0 frente ao FC Porto, na final, com tentos de Rúben Amorim, Carlos Martins e Cardozo.
Em 2010/11, o terceiro caneco também passou por um triunfo nas meias face ao Sporting, desta vez na Luz, e com um golo a acabar de Javi Garcia (2-1). Na final, a primeira em Coimbra, novo triunfo por 2-1, face ao Paços de Ferreira.
O quarto triunfo consecutivo também teve como ponto alto a meia-final, com o Benfica a receber e bater o FC Porto por 3-2, depois de estar a perder por 2-1, num embate decidido pelo suplente Cardozo, aos 77 minutos. Na final, Saviola apontou o 2-1 final face ao Gil Vicente, aos 84.
Em 2012/13, prevaleceu o SC Braga, que, depois de afastar o Benfica nas meias-finais, nos penáltis (3-2), com Quim como herói, bateu na final o FC Porto por 1-0, em Coimbra, graças a uma grande penalidade do brasileiro Alan.
Na época seguinte, o conjunto da Luz voltou a ganhar, ao eliminar nas meias-finais o FC Porto em pleno Dragão, na lotaria dos penáltis (4-3), depois de mais de uma hora com 10, para depois bater em Leiria o Rio Ave por 2-0, com tentos de Rodrigo e Luisão.
Em 2014/15, a formação da Luz chegou sem dificuldades à sexta final, com quatro triunfos e 10-0 em golos, para, em Coimbra, superar o Marítimo por 2-1, num embate resolvido, aos 80 minutos, pelo holandês Ola John.
Um ano volvido, com Rui Vitória ao leme, o Benfica também cumpriu um percurso 100% vitorioso, que incluiu um 6-1 no reduto do Moreirense e que foi rematado, em Coimbra, com nova goleada, agora sobre o Marítimo, batido por 6-2.
Em 2016/17, primeira com Final Four, o Moreirense foi a grande sensação, ao arrumar o FC Porto na fase de grupos, bater o Benfica por 3-1 nas meias-finais e superar na final o Sporting de Braga por 1-0, graças a um penálti de Cauê.
O Sporting prevaleceu nas duas épocas seguintes, em Braga, apesar de não ter vencido qualquer jogo nas duas presenças na 'final four': em 2017/18, superou FC Porto e Vitória de Setúbal e em 2018/19, bateu Sporting de Braga e novamente os portistas, sempre no desempate por grandes penalidades.
Os arsenalistas aproveitaram, finalmente, o fator casa em 2019/20, impondo-se por 1-0 na final, ao FC Porto, graças a um tento de Ricardo Horta, aos 90+5 minutos, depois de superarem o Sporting nas meias, por 2-1, num jogo decidido por Paulinho, aos 90.
Na época 2020/21, numa edição que começou nos quartos e só teve oito participantes, o Sporting somou o terceiro título, ao bater na final o SC Braga por 1-0, com um tento de Porro, depois de uma reviravolta com o ‘bis’ de Jovane Cabral, com o jogo a terminar, nas meias-finais com o FC Porto (2-1).
Na época passada o Sporting venceu o Santa Clara por 2-1 nas meias finais, antes de bater o Benfica por 2-1 na final, em Leiria e levantar o troféu pela 5.ª vez.
A prova tem sido dominada pelos dois grandes de Lisboa. Sporting e Benfica têm, em conjunto, 11 dos 15 títulos já disputados. Ou seja, só por quatro vezes a Taça da Liga não foi ganha pelo Benfica e Sporting. O Benfica disputou oito finais, ganhou sete.
Dos grandes, só o FC Porto nunca a ganhou. Depois dos principais clubes, o SC Braga com dois troféus e Moreirense e Vitória de Setúbal, com um cada, são os outros emblemas que figuram na lista de vencedores.
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