O presidente do Comité Paralímpico de Portugal (CPP) disse hoje que o Governo não tem uma estratégia para apoiar o desporto, “um dos poucos setores que não tem qualquer tipo de apoio” no âmbito da pandemia de covid-19.
José Manuel Lourenço falou à agência Lusa após o anúncio da segunda Cimeira das Federações Desportivas, marcada para 12 de janeiro de 2021, e garantiu que o desporto português “não acha que está numa situação de privilégio” e exige apenas ser olhado com “a equidade e atenção que merece”, mas frisou desconhecer qualquer tipo de estratégia por parte dos responsáveis políticos.
“Qual é, por exemplo, a estratégia para a Presidência Portuguesa da União Europeia, relativamente ao desporto, no primeiro semestre do próximo ano? É esta a pergunta que deixo. Não a conhecemos e isso é algo que também nos preocupa. Dizer que está tudo bem não é uma estratégia”, criticou o presidente do CPP.
O dirigente manifestou ainda a esperança de que a segunda cimeira sirva “também para que as federações e os clubes, que são as entidades mais afetadas”, possam “sinalizar as suas preocupações e dar eco dos verdadeiros problemas” com que se confrontam.
“Acreditamos que a nossa posição é justa e atual. Queremos renovar a nossa preocupação e que haja uma alteração do que têm sido as respostas, quer da parte do Governo quer da Assembleia da República. Há uma ausência total de apoios direcionados ao desporto, apesar de estarem sinalizados pela Organização Mundial da Saúde e pela própria União Europeia, que ainda na semana passada fez sair recomendações no sentido de os governos nacionais apoiarem o desporto”, lembrou José Manuel Lourenço.
O Comité Olímpico de Portugal (COP), o Comité Paralímpico de Portugal (CPP) e a Confederação do Desporto de Portugal (CDP) vão realizar a segunda Cimeira das Federações Desportivas em 12 de janeiro de 2021, anunciaram hoje os organismos promotores da iniciativa.
"Face aos crescentes e cada vez maiores desafios colocados ao desporto português no contexto da pandemia de covid-19, esta iniciativa das três instituições ganha agora mais corpo com a adesão da Comissão de Atletas Olímpicos, da Comissão de Atletas Paralímpicos e da Confederação de Treinadores de Portugal", informam, em comunicado conjunto.
Da primeira Cimeira das Federações Desportivas, reunida em 15 de julho de 2020, as 52 entidades participantes "aprovaram, por unanimidade, uma moção entregue ao Governo e à Assembleia da República, com propostas que visavam a retoma do desporto em segurança e a criação de condições para a sustentabilidade do tecido associativo de base, seriamente posto em causa pela pandemia".
COP, CPP e CDP denunciam agora a "ausência de resposta política efetiva" por parte do Governo, face "aos problemas apresentados pelo Desporto, patente na aprovação do Orçamento do Estado para 2021, que não contemplou qualquer das propostas contidas na moção então aprovada" na cimeira.
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