Comité Olímpico de Portugal (COP), Comité Paralímpico de Portugal (CPP) e Confederação do Desporto de Portugal (CDP) decidiram hoje pedir audiências ao Governo e ao parlamento, sobre o financiamento ao setor e a retoma da atividade devido à COVID-19.

José Manuel Constantino, José Manuel Lourenço e Carlos Paula Cardoso, presidentes de COP, CPP e CDP, respetivamente, reuniram-se hoje para analisar a situação desportiva nacional, segundo informaram as confederações, num comunicado conjunto.

“Desta reunião ressaltou o sentimento comum das três entidades quanto às diversas propostas e posições públicas relativas às condições da retoma da atividade desportiva em Portugal, bem como quanto à urgência da revisão da distribuição de verbas dos jogos sociais”, lê-se no comunicado.

Da reunião resultou ainda a concordância em “pedir audiências à Comissão de Educação, Ciência, Juventude e Desporto [da Assembleia da República] e ao secretário de Estado da Juventude e do Desporto [João Paulo Rebelo]”.

Em 09 de junho, o COP considerou que o Governo mostrou não reconhecer ao desporto suficiente importância política ao deixar o setor de fora do Programa de Estabilização Económica e Social (PEES), de resposta à crise provocada pela pandemia da covid-19.

“Além de se ignorar, de forma preocupante, qualquer referência ao desporto, constata-se ainda que algumas das medidas apresentadas são expressamente financiadas pelas receitas dos Jogos Sociais do Estado, cujo volume de negócio é também gerado por esse produto que, como setor, foi, novamente, ignorado: o Desporto”, acrescentou, então, o COP.

Esta contestação ocorreu pouco mais de um mês depois de a estrutura olímpica ter defendido que mais 4% da receita do Placard fosse alocada ao desporto, assim como os montantes não distribuídos, para a criação de um fundo especial de apoio ao setor.

“Há um jogo social que é exclusivamente desportivo e em que o retorno para o setor é de 3,5%, 2% são para a Santa Casa e restam cerca de 94% para dividir por nove entidades, das quais oito nada têm a ver com desporto. O que propomos é que, em vez dos 94%, sejam distribuídos apenas 90% e o desporto tenha o justo retorno do que criou”, explicou José Manuel Constantino, em declarações à Lusa.

Recorrendo aos valores de 2018, os últimos publicados, José Manuel Constantino calculava que esta alteração avocasse 20 milhões de euros (ME) ao desporto, atendendo a que nesse ano o Placard promoveu uma receita total de 526 ME e apenas 28,9 ME foram entregues às federações.