O Centro Olímpico de Ténis para os Jogos Olímpicos 2016 no Rio de Janeiro e a linha de metropolitano de acesso ao local do evento estão por finalizar a 40 dias do início da competição.
Dados da câmara municipal do Rio de Janeiro enviados à agência Lusa, revelam que 7% das obras para o Centro Olímpico de Ténis ainda estão por acabar, bem como 2% das obras de um hotel a cargo da autarquia.
O centro de ténis, que chegou a ser citado como um exemplo, foi a primeira obra a ser iniciada, em outubro de 2013, mas acabou, pelo menos, 35 milhões de reais (9,34 milhões de euros) mais cara, após alterações ao projeto original.
A obra chegou a ser parcialmente interditada por falta de segurança para os operários, e foi também interrompida durante protestos de trabalhadores provocados por atrasos nos pagamentos. Em janeiro, a autarquia substituiu o consórcio responsável pela obra.
Porém o Velódromo, considerada uma das construções mais difíceis devido à engenharia complexa que envolve, foi a obra que mais preocupações gerou, entre atrasos, protestos de trabalhadores e cancelamento de eventos-teste.
A obra foi finalizada esta semana - depois de a 17 de maio a autarquia ter rescindido o contrato com a empresa que a tinha a cargo e que enfrenta uma recuperação judicial - quando o ideal seria testar o local para as provas de ciclismo um ano antes da sua utilização, segundo especialistas.
Orçado em 118 milhões de reais (30,9 milhões de euros), o Velódromo tem agora um custo de 143 milhões de reais (37,5 milhões de euros).
Devido aos atrasos nos trabalhos, nos últimos meses, a autarquia também rescindiu outros contratos, como os da construção do Centro Olímpico de Hipismo e da reforma do Estádio de Remo da Lagoa.
Quando o dossiê da candidatura do Rio de Janeiro foi apresentado, em 2008, calculou-se que o total do evento custaria 28,8 mil milhões de reais (7,68 mil milhões de euros), mas o valor já chega aos 39,07 mil milhões de reais (10,2 mil milhões de euros), impulsionado sobretudo pela inflação.
Na terça-feira, a autarquia, a principal entidade governamental responsável pelos Jogos, informou que "apostou em parcerias público-privadas e concessões" e optou "por instalações simples e funcionais", para não "sobrecarregar os cofres públicos nem deixar 'elefantes brancos'".
Entre as obras "não olímpicas", está ainda por terminar a Linha 04 do metropolitano, composta por seis estações que ligam a Barra da Tijuca, bairro que será palco de grande parte das competições, a Ipanema, na zona sul.
A Secretaria dos Transportes do Estado do Rio de Janeiro disse à Lusa que a obra "chegou a 96% de conclusão e será inaugurada a 01 de agosto".
"A estação Jardim Oceânico será entregue no próximo dia 30 de junho. Ainda falta finalizar Jardim de Alah e Antero de Quental", segundo a mesma fonte.
Com poucos dias de teste, e após a queda de um trecho da ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer em abril, que matou duas pessoas, os receios da comunidade internacional com as obras multiplicam-se.
Também o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro mostrou-se recentemente preocupado com a redução dos prazos de testes e com "o ritmo acelerado imposto à fase final das obras".
Um relatório do mesmo tribunal relativo a 2015 mostrou que a construção da Linha 04 iria custar ao governo estadual 21 vezes mais que os 392 milhões de reais (104,5 milhões de euros) inicialmente previstos, quando a obra foi decidida, em 1998, um aumento justificado com o reequilíbrio do contrato e com as alterações necessárias à Rio2016.
Em situação de calamidade pública, o governo do Estado do Rio de Janeiro pediu esta semana um empréstimo de 989 milhões de reais (263 milhões de euros) para terminar a obra.
As obras para estes Jogos Olímpicos provocaram, desde 2013, pelo menos, 11 acidentes fatais de trabalhadores de construção civil.
São esperados 10.500 atletas de 206 países no Rio de Janeiro, de 05 a 21 de agosto, para os primeiros Jogos Olímpicos realizados na América do Sul.
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