A fundista Susana Godinho Santos, que irá disputar, no domingo, a prova da maratona dos Jogos Olímpicos, partiu hoje para Paris, antevendo um percurso difícil, mas com fé na sua preparação e momento de forma.

A atleta, de 32 anos, única portuguesa qualificada para a prova, terá na capital francesa a sua estreia olímpica, numa distância em que apenas começou a competir em 2023, pelo que decidiu colocar cautela e não delinear objetivos concretos para a sua prestação.

"O meu objetivo para esta maratona é voltar com o melhor lugar possível. O percurso é bastante duro e tenho consciência de que vai ser difícil correr para marcas, mas sei o que treinei. Fiz a minha melhor preparação para esta maratona e estou no meu melhor momento de forma, por isso espero poder demonstrá-lo no domingo", afirmou, em declarações à agência Lusa, no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, assumindo-se feliz, mas mais "nervosa e ansiosa" com o aproximar do dia da corrida.

Com partida no Hôtel de Ville (Câmara Municipal de Paris) e meta em Les Invalides, o percurso de 42,195 quilómetros é marcado por diferenças acentuadas de altitude, dificuldades que deverão acrescer com as elevadas temperaturas esperadas para o dia de prova, e, como tal, a atleta do Recreio Desportivo de Águeda, e treinada por António Nogueira da Costa, não espera ser possível competir com o seu recorde pessoal, marcado nas 2:25.35 horas.

"Sinceramente, neste momento, tendo em conta as condições do percurso, sei que vai ser muito difícil, porque é muito duro. Já vi alguns vídeos e 17 dos 42 quilómetros são mesmo muito duros. Não vou pensar nisso, apenas penso em dar o meu melhor", sublinhou.

A transição de meio-fundo e pista para a maratona acabou por se revelar rápida e certeira para Susana Godinho Santos, que conseguiu a qualificação e o seu melhor melhor tempo pessoal à sua segunda prova na distância, em Valência, em dezembro de 2023, logo mais de um minuto abaixo dos mínimos olímpicos (2:26.50) e cerca de dois acima do recorde nacional absoluto (2.23.29), estabelecido por Rosa Mota, na Maratona de Chicago, em 1985.

"Quando fiz a minha primeira maratona, o objetivo era experimentar. Nunca pensei fazer a marca de qualificação para os Jogos Olímpicos. Eu queria experimentar, ter a sensação do que era acabar uma maratona. Depois do meu bom resultado, aí comecei a sonhar que seria possível conseguir ou ficar perto da marca de qualificação. Ao acabar a segunda prova, conseguir a marca foi muito bom", recordou.

Para a agora maratonista, a diferença residiu sobretudo na forma como se prepara, admitindo que a exigência física da disciplina a obrigou a adotar um outro tipo de dedicação e atitude que outrora lhe faltava.

"Eu acho que [a preparação] correu muito bem, até porque agora sinto que estou a trabalhar e a treinar melhor. A maratona é uma prova mais dura e obriga-me a isso. Às vezes, o que acabava por acontecer nas provas mais curtas era não ter tanto empenho, mas agora isso passou a ser diferente", assumiu à Lusa.

Com a particularidade de conciliar os treinos diários com o exercício da profissão de fisioterapeuta, a preparação para Paris2024 "nem sempre é fácil", mas a atleta acredita que também aí está um fator para o seu sucesso.

"Nem sempre é fácil conseguir conciliar, mas, com muito esforço e dedicação, consegui fazê-lo. Também acho que, por um lado, foi bom, porque não me foquei só na maratona e tinha outra coisa, o meu trabalho, para me distrair, estar sem pressão e tranquila", explicou.

A maratona feminina decorre no domingo, dia em que encerram os Jogos Olímpicos, e terá início pelas 08:00 locais (07:00 em Lisboa), com Susana Godinho Santos enquanto única representante portuguesa na prova.