O judo português esteve representado nos Jogos do Mediterrâneo Oran2022 com uma seleção jovem que saiu hoje sem medalhas da Argélia, mas não sem experiência e aprendizagem para o "processo" de evolução até Paris2024.
Em Oran, segunda maior cidade da Argélia, participaram oito judocas, integrados nos 159 atletas portugueses em 20 disciplinas, todos eles jovens, entre os 19 anos de Raquel Brito, Bernardo Tralhão Fernandes e Ricardo Pires e os 24 de Wilsa Gomes.
Manuel Rodrigues discutiu o bronze nos-81 kg, chegando perto das medalhas, e também Joana Crisóstomo, -70 kg, foi um dos destaques, com os dois atletas a explicarem à Lusa a importância deste 'patamar' a caminho dos Jogos Olímpicos, o topo da carreira dos atletas e onde Portugal tem somado medalhas, com duas nas últimas duas edições, por Telma Monteiro (Rio2016) e Jorge Fonseca (Tóquio2020).
"Esta é uma experiência muito gratificante, uma comitiva grande, com pessoas novas, do nosso país, que não conhecemos mas que são parecidas connosco no sacrifício e empenho que dão às suas modalidades", explicou Joana Crisóstomo.
Como Manuel Rodrigues e muitos outros atletas aqui presentes, desta e outras modalidades, já tinha tido uma experiência similar, no Festival Olímpico da Juventude Europeia, mas onde são todos muito novos, enquanto aqui tiveram de se bater com atletas olímpicos e medalhados em grandes provas, aproximando-se do patamar competitivo dos mais experientes.
"O peso é um bocadinho diferente, é encarado com muito mais seriedade. É a grande diferença. Isso implica que desfrutemos deste momento e se torne uma prova tão especial", refere a jovem de 20 anos.
Manuel Rodrigues encara com naturalidade ter como objetivo "ir aos Jogos e ganhar nos Jogos", porque "em todos os desportos olímpicos é o objetivo", e viu em Oran2022 a continuidade da evolução do seu judo.
"Para muitos atletas aqui, é a primeira experiência numa missão. Equipara-se em ponto pequeno aos Jogos Olímpicos. É excelente, uma preparação para o que queremos. Nunca tinha lutado com tanta gente na bancada a gritar, especialmente contra o atleta da casa. Essas experiências contam, nos Jogos e em grandes competições é isso que vai acontecer", comenta.
Para o judoca de 21 anos, estas competições "ajudam bastante a evoluir", mas até Paris2024 há ainda "outros objetivos mais pequenos", como lhes chama Joana Crisóstomo, a começar pela Taça da Europa de Coimbra, este mês, e por ganhos pequenos ao longo do tempo.
Daqui, diz, já vai levar aprendizagem e ilações que vão "servir para melhorar nos aspetos físicos", porque sentiu o cansaço, e mentais.
"Não era o resultado que eu queria, mas é sempre bom competir, ganhar alguns combates, e ter este tipo de experiência, faz parte da nossa evolução e do processo. Apesar de estar triste e chateada pela forma como perdi, estou contente, porque acho que vi uma evolução desde as últimas provas, e gostei da forma como competi", reforça.
Num desporto como o judo, em que "tudo pode acontecer" e um combate se decide em 10 segundos ou só no 'golden score', em que um movimento pode elevar um atleta júnior sobre um medalhado olímpico e fechar ali o combate, Crisóstomo considera importante que esta nova geração sinta agora a sensação de "ganhar combates em cada prova e melhorar".
"É todo um processo que demora muito, é precisa uma grande transformação. Ganhar combates em cada prova, de grande importância, ou nos Open, mas estar sempre a ganhar combates, a melhorar, saber quais são os pequenos aspetos que tens de melhorar, voltar com isso para Portugal e ver a progressão. É muito importante, e vai transformar-se no grande objetivo que é ir aos Jogos", atira.
Portugal teve em prova em Oran2022 Manuel Rodrigues, Joana Crisóstomo, Wilsa Gomes, Raquel Brito, Ricardo Pires, Diogo Brites, Teresa Santos e Bernardo Tralhão Fernandes.
Ao todo, são já nove as medalhas portuguesas em Oran2022, com o ouro do ciclista Rafael Reis, as pratas de Jieni Shao, Lorène Bazolo, Liliana Cá e da equipa masculina de ténis de mesa, e os bronzes de Filipa Martins, Tiago Pereira, João Geraldo e a equipa feminina do ténis de mesa.
Os Jogos do Mediterrâneo Oran2022 arrancaram em 25 de junho e decorrem até 06 de julho, com mais de três mil atletas de 26 países diferentes, incluindo 159 portugueses em 20 disciplinas.
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