A judoca Patrícia Sampaio transformou, um ano depois, as más memórias e a dor sentida em Budapeste, no primeiro título europeu de sub-23, no mesmo palco em que tinha sofrido uma lesão grave.

Pouco mais de um ano após o desespero e as lágrimas no Grand Slam de Budapeste, a judoca voltou à cidade magiar para ser feliz, e, por isso mesmo, não conseguiu evitar o choro, desta vez de contentamento, com a vitória na final.

“[A emoção no final] Teve a ver com todo o processo, demonstrei interesse em ir a Budapeste, porque queria lembrar-me que era uma cidade ‘feliz’ e não ter a última memória de ter sido onde parti a perna”, disse à Lusa a judoca.

Patrícia Sampaio lembrava o incidente de outubro de 2020, quando, em competição na capital húngara, sofreu uma fratura com luxação na perna direita, que a deixou fora de competição durante vários meses.

“Foi um ano muito atribulado, muito complicado, e agora foi o ‘virar’ da chave”, explicou a judoca, acrescentando que a prova que lhe deu no domingo o título europeu de sub-23, em -78 kg, teve o bónus de lhe dar também boas sensações e confiança.

Após a lesão, Patrícia Sampaio esteve nos Europeus de Lisboa, em abril, de onde saiu também lesionada, com uma microrrotura muscular, e, já no final de julho, fez a estreia em Jogos Olímpicos, tendo sido eliminada na segunda ronda pela campeã mundial, a alemã Anna-Maria Wagner e medalha de bronze em Tóquio2020.

As dificuldades parecem agora ultrapassadas, com os Europeus de sub-23 a devolverem à judoca de Tomar, de 22 anos, a confiança que faz com que seja várias vezes apontada como um dos nomes fortes na nova geração da modalidade.

“Estava muito focada, confiante. Senti-me a pessoa que era antes, mais combativa”, justificou.

Nos Europeus, a judoca foi como um ‘foguete’ e, apesar de se lesionar na zona lombar na meia-final, que levou o treinador Marco Morais a questionar se estava bem para a final, quis lutar pelo ouro.

Nos dois primeiros combates, Patrícia Sampaio venceu a israelita Yuli Mishiner, em 30 segundos, e a austríaca Maria Hoellwart, em 31, enquanto na final precisou de um pouco mais, mas ainda assim sem chegar a meio dos quatro minutos.

A judoca garantiu o título, uma vez mais na luta no chão, desta vez ao projetar e imobilizar a croata Petrunjela Pavic, em 1.18 minutos.

Para a judoca da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, os próximos passos estão bem definidos: este ano, terminar com a participação no Grand Slam de Abu Dhabi (26 a 28 de novembro) e, depois, somar pontos para voltar a subir na categoria de -78 kg.

A judoca já esteve mais acima, mas a falta de competição e as lesões fizeram com que caísse até à 31.ª posição, algo que quer mudar, entrando em lugares mais confortáveis, com estatuto de cabeça de série, em novo ciclo olímpico, para Paris2024.

“Para o ano, é voltar a ter posição, quero subir e ser cabeça de série”, adiantou a judoca, que nos Europeus de sub-23 chegou ao terceiro título continental, depois de ter sido também bicampeã europeia de juniores (2018 e 2019).