João Vieira, o português que vai estar nos 50 km marcha dos Mundiais de atletismo de Doha, considera que esta será provavelmente "a prova mais difícil de sempre" na sua carreira.
Aos 43 anos, um dos três atletas da delegação que já ganharam medalhas para Portugal em Campeonatos do Mundo, já passou por muito em provas internacionais de marcha - foi desclassificado, desistiu, mas também teve posições honrosas e lugares de pódio.
Mas, em mais de 20 anos de carreira, assegura que nunca passou por nada assim, em termos de calor e humidade, sobretudo porque serão "cerca de quatro horas" de prova, em que a vontade de parar vai "passar pela cabeça" de muitos.
Para João Viera, e mais de que “uma prova bastante dura, vai ser um 'inferno", com início às 23:30 de sábado, para acabar pelas 03:30 da madrugada de domingo.
"O traçado ainda não o vi e, em princípio, não o vou ver antes, mas estamos a treinar à hora da competição. Já em Portugal estava a fazer sessões noturnas, para me adaptar ao horário. Nunca fizemos provas noturnas e tivemos de nos adaptar bastante cedo", explica.
Não foi fácil, reconhece, porque são necessárias "adaptações". "Marchar à noite é como começar um início de época, o corpo não está habituado a essa carga de treino, e temos de fazer adaptações ao nosso corpo".
No sábado, vai ser "ir para a linha de partida e fazer o melhor possível", dentro das "capacidades físicas e mentais".
"Ao longo destes anos todos, nunca me viram a prometer lugares, não vai ser para este Campeonato do Mundo que eu vou prometer, vou lá para fazer o meu melhor", acrescenta.
O atleta de 43 anos admite que pode ser o seu “último campeonato do Mundo”, mas também pode não ser.
“Em 2021, vamos ver. Tinha definido que Tóquio (Jogos Olímpicos de 2020) seria o meu último ano, com a idade que já tenho, mas possivelmente ainda poderei ir até 2021, porque vai ser a última prova de 50 km marcha do calendário internacional", antevê o 'decano' da delegação lusa em Doha.
João Vieira compete a partir das 23:30 de sábado, no traçado da Corniche (frente ao mar), apresentando-se com a 13.ª melhor marca entre os que vão iniciar a prova.
É o recordista nacional, com 3:45,17 horas, e este ano já marchou perto desse registo, com 3:46.38.
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