Paulo Bernardo, vice-presidente nos últimos três mandatos na Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), apontou hoje Domingos Castro como principal opositor nas eleições para a sucessão de Jorge Vieira, considerando que os incidentes com esta candidatura demonstraram a sua impreparação.

"Quem estava com dúvidas quanto à candidatura mais forte opositora [encabeçada por Domingos Castro], estes incidentes serviram para esclarecer algumas dúvidas quanto ao grau de competência e preparação para liderar uma modalidade como o atletismo, porque o que aconteceu podia e devia ter sido evitado pela candidatura", afirmou Paulo Bernardo, em declarações à agência Lusa.

Sem alterações de monta no projeto e no discurso desde o adiamento das eleições inicialmente previstas para 12 de outubro, Paulo Bernardo, que lidera a Lista A, reiterou a vontade de "ir a eleições com as três candidaturas", com o 'reintegrado' Domingos Castro (Lista B), além do também vice-presidente da FPA Fernando Tavares (Lista C).

Caso seja eleito, Paulo Bernardo, de 50 anos, quer "iniciar o mais depressa possível os projetos que visam o desenvolvimento do atletismo juvenil e o apoio às seleções nacionais do atletismo adaptado e regular", tendo, para isso, que assegurar o "aumento do financiamento da modalidade, para que seja possível aumentar os apoios desses projetos".

"Temos de lançar, em simultâneo, o programa 'Portugal a Correr' - que multiplicará o número de filiados e consequentemente o financiamento - e angariar parcerias e patrocínios para os principais produtos da modalidade: seleção nacional, infanto-juvenil, quadro competitivo nacional e Portugal a Correr", explicou.

‘Vice’ de Jorge Vieira desde 2012, o antigo recordista nacional do lançamento do disco reiterou a confiança no triunfo: "O nosso trabalho está feito, o projeto está apresentado e, por isso, continuamos confiantes".

Paulo Bernardo concorre frente a Fernando Tavares, que também integrou todas as três direções lideradas por Jorge Vieira, neste último mandato igualmente como vice-presidente, depois de ter sido vogal nos dois anteriores, e Domingos Castro, que inicialmente ficou excluído por de não ter suprido as irregularidades da candidatura atempadamente.

"Estes episódios em nada ajudam a modalidade, nem tão pouco a nossa campanha. Talvez tivesse dado algum tempo para se pensar melhor o que querem para a modalidade e para decidirem qual a candidatura mais apta para liderar a FPA", salientou.

Antes, e apesar de rejeitar ser o 'delfim' de Jorge Vieira, Paulo Bernardo reconheceu a boa “parceria” com o presidente cessante: “Nós trabalhámos muito, eu e o Jorge Vieira, ao longo destes 12 anos. Estivemos sempre cá, na modalidade, e no nosso melhor […], estávamos todos a puxar para o mesmo lado, com objetivos concretos, de promover o crescimento. Tudo o que tenho feito em prol da modalidade é com aqueles que estão comigo, fazem parte da minha equipa”.

“Nós queremos continuar o crescimento e a mudança que introduzimos há 12 anos. Isso é, para nós, perentório. A modalidade não tem nada a ver agora com o período em que iniciámos funções, em 2013”, vincou, destacando as melhorias no quadro competitivo, a introdução das plataformas eletrónicas para as provas, assim como as transmissões das principais por ‘streaming’.

Para o antigo presidente da Associação de Atletas, entre 2005 e 2012, “o reflexo do trabalho efetuado é claro para quem está na modalidade”.

Com uma “perspetiva de continuidade, de continuar o crescimento e continuar a mudança”, Paulo Bernardo defende, contudo, “alterações profundas que têm de ser efetuadas no modelo organizativo da FPA”.

“Não é aceitável que uma federação como a nossa, que tem cinco campeões olímpicos, todos os anos ganha medalhas em Campeonatos da Europa ou do Mundo, que tem a história que tem, não tenha retorno nem reconhecimento por parte da sociedade ou das empresas para nos apoiarem”, reconheceu.

A melhoria da imagem e comunicação da FPA para potenciar a captação de patrocinadores é outro objetivo, mas também aumentar o número de federados – atualmente 24 mil –, aproveitando, segundo Paulo Bernardo, o milhão e meio de corredores regulares e o meio milhão de participantes em provas organizadas.

“Uma ínfima parte está filiada. Temos de dar valor à filiação. Para que possamos apoiar os projetos do atletismo. O nosso objetivo é chegar aos 100 mil praticantes”, sublinhou.