A resiliência de Auriol Dongmo, que recuperou a liderança perdida a meio do concurso do peso, para ganhar com grande marca, permite a Portugal liderar o quadro de medalhas no final do primeiro dia dos Mundiais de atletismo.

Em Belgrado, a lançadora lusa é já uma das figuras destes Campeonatos do Mundo de atletismo em pista coberta, a 'compensar' o segundo lugar de Pedro Pichardo no triplo salto, de manhã, e a deixar Portugal com uma medalha de ouro e uma de prata em seis finais disputadas, para uma absolutamente invulgar liderança no 'medalheiro'.

Pichardo, mesmo com recorde nacional 'indoor', perdeu para o cubano Lazaro Martinez, não concluindo a sua série de saltos por se ter lesionado.

Os outros campeões, no final do primeiro de três dias de provas na capital sérvia, foram a belga Noor Vidts, no pentatlo, o grego Miltiadis Tentouglou, no salto em comprimento, a etíope Lemlem Hailu, nos 3.000 metros, e a suíça Mujinga Kambunji, nos 60 metros.

Portugal fecha o dia com ouro e prata e a Etiópia com ouro e bronze. Com uma medalha de ouro estão Bélgica, Etiópia, Grécia e Suíça, enquanto os Estados Unidos seguem com três de prata e quatro de bronze.

A prova de Dongmo foi épica, já que entrou a liderar, numa confirmação do favoritismo apontado, mas acabou por cair para terceira, no decorrer da quinta série de lançamentos.

A neerlandesa Jesica Schilder e a norte-americana Chase Healey passaram-na. Com excelentes 20,21 metros, recorde americano em pista coberta, Healey parecia então inatingível.

Mas não foi assim e a resposta de Dongmo, imediata, superou as melhores expectativas, tanto mais que nunca ainda tinha passado os 20 metros. Com o seu novo recorde nacional absoluto a 20,43 foi indiscutível vencedora, com uma das melhores marcas a nível mundial da última década.

Para Dongmo, foi o melhor resultado da carreira - mas não para Pedro Pichardo, que chegava a Belgrado como campeão olímpico e europeu em pista coberta.

O jovem cubano Lazaro Martinez saltou logo a começar 17,64 metros e arrumou a questão da medalha de ouro. Aos 24 anos, confirma-se como um talento absoluto, ele que já fora campeão mundial juvenil e junior.

Os 17,46 de Pichardo, conseguidos antes de se magoar num pé e prescindir dos dois últimos saltos, passam a ser recorde de Portugal em pista coberta.

Dor num pé impediu Pichardo de lutar pelo ouro nos Mundiais de Atletismo: "Tentei correr e não conseguia"
Dor num pé impediu Pichardo de lutar pelo ouro nos Mundiais de Atletismo: "Tentei correr e não conseguia"
Ver artigo

Vitória belga no pentatlo, através de Noor Vidts, a quarta no heptatlo de Pequim2020. Chegou aos 4.929 pontos, novo recorde pessoal, bem distanciada da polaca Adrianna Sulek, recordista nacional com 4.851.

Em grande forma, Tentoglou festejou o seu 24.º aniversário com o título no comprimento. O também campeão olímpico chega agora a sexto mundial de sempre, com 8,55 metros, deixando o alemão Tobias Montler a quase 20 centímetros (8,38).

Alguma surpresa nos 3.000 metros - mas não em termos de país da vencedora, que é a Etiópia. Só que não foi aquela que mais se esperava, Ejgayehu Taye, somente terceira, mas sim Lemlem Hailu.

Com 8.41,82 minutos, triunfou numa corrida tática, em que a segunda foi a norte-americana Elinor Purrier St.Pierre (8.42,04).

A fechar o programa do primeiro dia, nos 60 metros femininos, as norte-americanas e a favorita, a polaca Ewa Swoboda, tiveram de saudar a força do 'sprint' de Mujinga Kambunji, desde hoje a quarta mundial de sempre.

A atleta suíça desce pela primeira vez dos sete segundos e ganhou em 6,96 uma corrida fabulosa, em que as seis primeiras ficaram abaixo dos 7,04.

A norte-americana Mikiah Brisco também passou a 'sub-7', com 6,99 segundos, à frente quatro atletas nos 7,04.